Pecadores | Ryan Cooger entrega um terror sexy e ousado

Danilo de Oliveira
5 Min de Leitura
5 Perfeito
Critica - Pecadores

Dono de obras impactantes como Frutive Station: A Última Parada, Creed e Pantera Negra, Ryan Coogler é um diretor que costuma furar a bola do nicho e tratar segmentos raciais para um público amplo.

Se com Pantera Negra o diretor furou a bolha dos longas de super herói ao trabalhar a primeira grande produção do gênero com um personagem negro protagonista, seu novo projeto apesar do impacto autoral pode não fazer esse furo, mas com certeza será uma das grandes produção do ano.

Em Pecadores, Coogler adentra no terror utilizando os horrores da segregação racial da década de 30 nos EUA e explorando com a musicalidade do blues, os pecados de cada um de nós, além de claro vampiros em um longa é impactante, sexy e nunca apenas mais um filme de terror qualquer.

Warner Bros/Reprodução

Situada nos EUA da década de 1930, a trama traz Michael B.Jordan como os gêmeos Fumaça e Fuligem. De volta ao Mississippi rural (e racista) após alguns anos de bandidagem na cidade grande, os irmãos decidem abrir um bar de blues para os colegas negros. O problema é que a empreitada também chama a atenção de um grupo mortal de vampiros, decididos a dar uma noite infernal à pequena comunidade.

O roteiro aqui é um show a parte! Coogler consegue fazer do seu filme se dividir em dois mas que nunca perde sua essência ao explorar seus personagens e seu meio repleto de tensão.

A primeira metade, o diretor em conjunto de sua equipe técnica passea pelo Mississipi através das lentes IMAX para nos mostrar as tensões daquela época e construir seus núcleos, como os músicos Sammie (Miles Caton), uma jovem promessa do blues, e o divertido e veterano Slim (Delroy Lindo). Além das marcantes presenças femininas do filme, com Wunmi Mosaku (Loki) como a mística Annie, e a sempre talentosa Hailee Steinfeld (Gavião Arqueiro) como a jovem Mary, antigo interesse amoroso de Fuligem, que volta em busca do amado.

Warner Bros/Reprodução

Pecadores mergulha o espectador num universo particular com sua construção lenta, mas nunca enfadonha. O longa toma o tempo necessário para nos envolver com cada personagem e, criar um constante clima de perigo à espreita, preparando o terreno para a desvairada segunda metade.

Aliás a musicalidade é um outro grande personagem. Pecadores é um drama histórico que apresenta o blues como a música do diabo, tal como o gênero era rotulado na época pela preconceituosa alta-sociedade estadunidense do início do século XX, antes de lutar para reformulá-lo à sua própria maneira, amarrando suas origens à mitologia presente em religiões de matriz africana enraizadas nas crenças dos descendentes de escravos.

Isso é colocado no filme em uma sequência energética e vibrante que o compositor Ludwig Gorasson (mais uma parceria com Coogler) e o trabalho maravilhoso de edição e fotografia combinadas geram uma das cenas mais incríveis do ano! Além disso a trilha embala e conversa com a gente e os personagens de forma espetacular.

Warner Bros/Reprodução

Pecadores é também um filme de vampiros como foi revelado pelo os trailers. E aproveita as convenções mais clássicas do gênero para elevar a loucura à enésima potência, num giro de 180 graus tão divertido quanto brutal.

Tenho que dizer que se você vier sem saber nada sobre o filme essa virada fica ainda mais sensacional. O impactante e dramático primeiro ato vai se transformando em algo soturno e ameaçador a partir que os seres surgem e colocam seus planos em foco.

Warner Bros/Reprodução

O ato final definitivamente se torna em uma nova versão de Um Drink no inferno onde o banho de sangue toma forma da maneira mais brutal possível, onde a luta pela sobrevivência é o cerne.

Com um elenco primoroso e uma narrativa tão sedutora e intrigante quanto os sanguessugas do filme, Pecadores é um ousado exercício narrativo de Coogler que assim como Jordan Peele dá asas à própria criatividade, sem vergonha alguma de passear da crítica social importante até a bagaceira brutal de um autêntico terror quase que trash. Mais um grande acerto na carreira do diretor.

 

*E não saiam da sala até os créditos encerrar,.pois há duas cenas neles.

Critica - Pecadores
Perfeito 5
Nota Cinesia 5 de 5
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