Explorar a importância da arte como forma de redenção, ou cura não é uma novidade no cinema, e na maioria das vezes são os queridinhos da academia para indicações no Oscar.
Sing Sing traz uma dessas genuínas histórias de forma comovente e com mais uma incrível atuação de Colmam Domingo que não por menos recebeu sua indicação a maior premiação da temporada.
O longa acompanha a história real de um homem preso por um crime que não cometeu, que encontra propósito ao atuar em um grupo de teatro ao lado de outros homens encarcerados, incluindo um novo e desconfiado integrante.
A produção dirigida por Greg Kwedar (Jockey) se inspirra no programa Rehabilitation Through the Arts (RTA), e acompanha o programa de reabilitação através da arte da prisão de segurança máxima que dá nome ao longa-metragem, e busca expressar as várias maneiras como a iniciativa ajuda esses homens a redescobrir a liberdade, mesmo que ainda estejam atrás das grades.
O roteiro explora uma análise nunca vista, sobre o sistema prisional americano e para isso cria personagens complexos, que são muito bem construídos, pois aqui a narrativa explora não apenas uma história real, mas aborda a relação entre pessoas reais e suas memórias. Os diálogos tem uma verdade singela que transmite com sensibilidade as dores, sonhos e medos dos homens que vemos em tela apresentando arcos interessantes.
Colmam Domingo é o dono do filme, com a melhor atuação de sua carreira. O ator não por menos recebeu sua segunda indicação seguida ao Oscar. A atuação de Domingo é sublime e transborda comoção. Ao lado dele brilha também o estreante Clarence Maclin. Um detalhe interessante de Sing Sing é que, com a exceção de Domingo, José e Raci, todos os outros atores estão interpretando a si mesmos. O peso visível no olhar de Maclin não é um acidente; ele realmente viveu aquilo. Ele foi preso por assalto à mão armada na Centro Correcional Sing Sing, onde participou do programa e aprendeu a atuar. O mesmo acontece com Sean “Dino” Jonhson, Mosi Eagle, Patrick “Preme” Griffin, David “Dap” Giraudy, James “Big E” Williams e outros nomes da trupe. Todos eles participaram do programa.
Sing Sing é uma história comovente de como a arte pode reabilitar pessoas e como elas encontraram nela o túnel de fuga de suas celas e agora atuam porque viveram.