A atriz Blake Lively essa semana entrou com processo judicial contra o ator e diretor Justin Baldoni, com quem trabalhou no filme É Assim que Acaba. De acordo com o TMZ, a artista acusa o companheiro de cena de assédio sexual e de coordenar uma campanha contra a sua reputação na indústria durante as gravações do longa.
O veículo diz que representantes de Baldoni negam as acusações, dizendo que a atriz estaria tentando recuperar a sua imagem.
Ainda segundo o TMZ, o documento do processo relata uma reunião geral da equipe no set do filme para lidar com o assunto, que foi definido na época como um ambiente hostil de trabalho. Ryan Reynolds, ator e marido de Lively, esteve presente na ocasião.
Lively também acusa Baldoni de mostrar a ela vídeos de mulheres nuas, discutir com ela o seu vício antigo em pornografia e falar repetidas vezes sobre a morte do pai e do peso da atriz sem ser solicitado. Ele também teria tentado adicionar mais cenas de sexo em É Assim que Acaba, incluindo sequências de sexo oral e que mostravam o rosto de Lively enquanto chegava ao orgasmo.
O processo ainda acusa Baldoni e a Sony Pictures de tentarem destruir a imagem da artista, citando mensagens entre o agente do diretor e um publicista do estúdio em que um comenta ao outro que “gostaria de sentir que ela [Lively] pode ser enterrada”. A situação teria acontecido após choques criativos sobre o marketing do filme, com a atriz querendo um tom mais positivo e Baldoni querendo um foco na questão da violência doméstica.
A situação levou Lively e a autora do livro, Colleen Hoover, a se recusarem a fazer a turnê de divulgação do filme com Baldoni, que também foi isolado do elenco. A escritora ficou insatisfeita com o trabalho do diretor, mas a relação azedou de vez quando ele tentou denunciar à escritora sobre as acusações movidas pela atriz.
Já sobre as acusações de destruição de reputação, a equipe jurídica de Lively afirma que o problema começou na fase de criação do marketing do longa. Enquanto a atriz buscava vender o filme pela resiliência da protagonista, Baldoni queria focar o tema da violência doméstica da história.
O conflito entre atriz e diretor acabou entrando na pós-produção do longa, que ganhou dois cortes. Lively financiou uma segunda versão do filme, contratando montadores e um compositor à parte e garantindo a inclusão de uma canção original feita por Taylor Swift. A iniciativa teve apoio da Sony, que decidiu seguir com o corte da atriz e a tornou em produtora creditada da adaptação —Baldoni, vale citar, foi quem comprou os direitos do livro em 2019, via a produtora Wayfarer Studios.
Em resposta às acusações, a defesa de Justin Baldoni classifica o processo como “uma vergonha” e diz que as acusações feitas por Blake Lively são falsas. Ao NYT, os advogados do diretor afirmam que a atriz também plantou notícias negativas contra o seu cliente.
“Isso é mais uma tentativa desesperada de ‘consertar’ a sua reputação negativa, construída a partir de suas próprias declarações e ações”, dizem os advogados em comunicado à imprensa.
Segundo o New York Times, Baldoni e a produtora Wayfarer contrataram para a sua defesa a gerente de crise Melissa Nathan, que trabalhou para Johnny Depp no caso judicial do ator contra a ex-esposa e atriz Amber Heard. Ela também já representou os rappers Drake e Travis Scott.
Entenda o caso
Blake Lively acusa Justin e a produtora Wayfarer de manter um ambiente hostil durante as gravações do longa. Ela também alega que o ator e diretor fez um “esforço coordenado para destruir” sua reputação.
Todo o descontentamento da atriz se intensificaram após várias situações que estavam sendo lidadas no set de gravação do filme, em 2023, antes de toda a polêmica se tornar pública. A situação nos sets de gravação teria ficado tão ruim que foi necessário realizar uma reunião na qual o marido de Blake, o também ator Ryan Reynolds, estava presente.
Outro ponto levantado por Blake foi a contratação tardia de um coordenador de intimidade, que só ocorreu após essa reunião. O profissional tem a função de garantir que cenas íntimas sigam o roteiro ensaiado, evitando improvisos inadequados. Blake também relatou que Justin frequentemente saía do roteiro em cenas mais sensíveis e mencionou casos de invasão de seu camarim por Justin e Jamey Heath enquanto ela estava nua ou amamentando seu filho caçula.
Por fim, ficou determinado que não haveria retaliação contra Blake por expressar suas preocupações. Qualquer sinal de sarcasmo, marginalização ou mudanças negativas de atitude, inclusive durante eventos promocionais, seria considerado retaliação direta e resultaria em ações imediatas.
Durante a divulgação do filme, um dos temas mais comentados eram sobre as diferentes maneiras que os protagonistas falavam da história. Blake tratava a situação como uma história de superação e de força feminina e foi acusada, na época, de tentar “fazer a sua Barbie” (em referência ao filme de 2023). Já Justin assumiu um lado mais real da história contada, falando diretamente sobre a violência doméstica, conteúdo central da trama.
Segundo o processo, a ideia da divulgação do filme foi acordada por todos os envolvido em uma reunião com a Sony Pictures, distribuidora do longa, e deveria ser mais leve, com o foco na força da protagonista interpretada por Blake, como ocorreu nas primeiras entrevistas.
Conversas anexadas no documento mostram que pouco tempo após a divulgação do filme começar, com medo de retaliação na mídia, Justin teria ido até a equipe de relações públicas contratada por ele para pedir uma troca na narrativa de divulgação do filme, focando diretamente sobre a violência doméstica e falando de sobreviventes em suas entrevistas e nas redes sociais.
Documentos anexados ao caso incluem conversas entre representantes de Justin Baldoni e sua nova equipe de relações públicas. Em uma mensagem, um agente afirma que o ator queria “que Lively se sentisse enterrada” na imprensa.
Outros trechos mostram membros da equipe discutindo como o diretor não percebia sua sorte e mencionando rumores com conotação sexual. Uma funcionária comenta: “A maioria das redes é tão pró-Justin, e eu nem concordo com metade delas”, acrescentando que o apoio ao ator reflete um viés contra mulheres.
As mensagens também indicam que a equipe trabalhou para “derrubar” matérias negativas sobre Baldoni. Em uma conversa, uma funcionária celebra o impacto de uma reportagem no Daily Mail que atacava Blake Lively, recebendo elogios de outra colega: “É por isso que você me contratou, certo? Sou a melhor.”
Além disso, Justin Baldoni teria enviado diretamente para uma funcionária um print de uma thread no X (antigo Twitter) sobre Hailey Bieber ser acusada de bullying com outras celebridades, dizendo: “É disso que nós precisamos.”
Após a divulgação da notícia, a defesa de Justin Baldoni negou as acusações e afirmou que o texto foi criado como uma forma de “consertar reputação negativa” da atriz.
“É uma vergonha que a sra. Lively faça acusações tão sérias e que sejam categoricamente falsas… isso é mais uma tentativa desesperada de ‘consertar’ a sua reputação negativa, construída a partir de suas próprias declarações e ações”, afirmou.
De acordo com o portal Deadline, Justin Baldoni teve contrato cancelado pela agência WME, que cuidava da carreira do ator e diretor, ainda no sábado (21), após a divulgação do processo. A empresa também representa Blake e manteve o contrato com atriz.
A íntegra do processo pode ser conferida neste link.
O filme teve orçamento de US$ 25 milhões e fez mais de US$ 350 milhões nas bilheterias.