Filmes com animais assassinos sempre foi um fascínio do cinema. Quem nunca se viu assistindo longas onde tem cobras, crocodilos, aranhas entre outros animais querendo trucidar uma galera desavisada na tv ou no cinema ein?
Infestação é a nova aposta do gênero, trazendo os aracnídeos para serem os animais mortíferos dessa vez, sendo a melhor produção a usar esses bichos desde o saudoso Aracnofobia (1990).
A trama se passa em um conjunto habitacionais de Paris, os populares “cités” que reside Kaleb – um jovem que sobrevive como pode. Atualmente ele vende produtos a outros moradores, em uma espécie de mercado informal onde o principal artigo oferecido são calçados de marcas e modelos famosos, populares entre os jovens. Kaleb anda aborrecido, pois nunca se sentiu tão sozinho, sobretudo por ter se afastado de seu melhor amigo e pelos conflitos constantes com a irmã, iniciados após a morte da mãe. Ele ainda tem um hobby incomum: colecionar animais exóticos de pequeno porte. Sua última aquisição é uma aranha miúda e venenosa, de espécie desconhecida, a qual ele dá o nome carinhoso de Rihanna. O problema é que o aracnídeo, que possui as incríveis habilidades de se multiplicar em uma velocidade alucinante e de adaptar o seu tamanho conforme o nível do perigo que enfrenta (algo que certamente deixaria Darwin apavorado), acaba escapando. Em pouco tempo, o conjunto habitacional está infestado por enormes e mortais aranhas. Quando o prédio é isolado pela polícia e a saída dos moradores, proibida, Kaleb inicia uma luta desesperada para se proteger e salvar a irmã, seus antigos amigos e vizinhos.
Dirigido pelo cineasta estreante Sébastien Vanicek, Infestação (Vermines no original) tem semelhantes bem peculiares com o classico Aracnofobia sendo na utilização de uma aranha extremamente venenosa e que se reproduz rapidamente, além do clima angustiante que se faz a cada momento onde os seres estão em cena. Porém, as semelhanças param ai! O longa de Vanicek além de pautar uma crítica social ao colocar os moradores de um condomínio sucateado a mercê de suas vidas, utiliza um pouco do conceito do Darwinismo( a presa vai se adaptando de acordo com o caçador) de uma forma um tanto de exagerada e é preciso uma certa suspensão da descrença para poder embarcar no desenrolar disso tudo.
Contudo, se esse exagero ocorre, o roteiro segue a fórmula clássica de filmes de sobrevivência: personagens com diferentes personalidades são forçados a trabalhar juntos para escapar da ameaça. No entanto, Infestação tem em seu realizador seu triunfo, para conduzir suas ameaças tanto para os personagens como para nós plateia. Se utilizando de ângulos incomuns, o diretor nos tira da zona de conforto e é eficiente em criar um clima angustiante e claustrofóbico que gera calafrios (vide uma cena de corredor de roer as unhas) em quem está acompanhando. Unindo a fotografia repleta de luzes neons e os cenários sombrios de um prédio em ruínas, o combo perfeito.
É interessante ressaltar que o roteiro ao mesmo tempo que é despretensioso, é ao mesmo tempo competente ao explorar duas fobias clássicas do ser humano: o medo de aranha (aracnofobia) e a claustrofobia (o pavor de espaços fechados) se destaca na criação dos personagens, sejam os protagonistas ou coadjuvantes. São personagens verossímeis, com passado e que transbordam imperfeições e limitações, além de demonstrarem anseios por mudanças e resoluções de conflitos internos. Ainda em relação ao roteiro, talvez seja questionável a histeria (literalmente gritaria) excessiva no momento em que o prédio está totalmente tomado pelos aracnídeos. Porém o ritmo frenético, e as decisões ilógicas dos personagens, fazem de Infestação, um longa que entrega o que se espera de uma produção do gênero.
Em relação aos efeitos digitais, o resultado para quando as aranhas atingem um tamanho que não é natural para sua espécie, se não é inteiramente realista, é aceitável considerando as limitações para uma produção cujo orçamento, embora tenha sido em torno de 5 milhões de euros, é inferior à média dos blockbusters americanos.
Contudo, apesar de todos os pontos positivos, não é possível ignorar que o ato final, propositalmente anticlimático, esteja um aquém do que prometia o desenrolar frenético da trama, após a infestação completa do conjunto habitacional. Não é algo que estrague a experiencia geral do filme, mas deixa aquele gostinho de “poderia ser melhor”.
Pra finalizar, Infestação é um filme que entrega de forma eficiente a experiência angustiante e claustrofóbica de um filme do gênero. Pra os amantes do terror será um prato cheio, já para quem tem medo de aranha é melhor passar longe!
