Alegórico e tocante, Tuesday: O Ultimo Abraço reflete sobre entender o adeus

Danilo de Oliveira
4 Min de Leitura
Paris Filmes/Reprodução
4 Ótimo
Crítica - Tuesday: O Ultimo Abraço

O luto é uma temática extremamente delicada de lidar na nossa realidade. Nos despedir de entes queridos e seguir em frente é sempre difícil, e o cinema já abordou de varias formas essa situação.

O uso de alegorismos para representar e lidar com o luto e entender o adeus já foi explorado de formas bem inusitadas. Sete Minutos Depois da Meia-Noite, utiliza  criaturas magicas para fazer uma criança lidar com um câncer terminal de sua mãe. Já Babadook, utiliza uma criatura horrenda que ajuda uma mulher viúva a se reconectar com o seu filho pequeno. Há varias outras obras que explora o tema utiliza metáfora ou a fantasia para expressar e passar a mensagem e Tuesday: O Ultimo Abraço é a nova produção a utilizar uma alegoria fantasiosa para tratar um tema bem delicado.

Escrito pela diretora Daina Oniunas-Pusic, o drama aposta no realismo mágico para dialogar com a temática a partir do retrato de uma mãe, Zora (Julia Louis-Dreyfus), em completa negação com a morte iminente da filha, Tuesday (Lola Petticrew), que recebe cuidados diários de uma enfermeira (a oitava, de acordo com o identificador de chamadas no celular) enquanto a mulher trata de passar o máximo de horas possível longe de casa e, assim, evitar o confronto com a realidade. Mas quando Tuesday recebe a visita de um pássaro moribundo, paira uma chance de sobrevida… ou, pelo menos, de aproximar mãe e filha antes do fim.

Paris Filmes/Reprodução

O roteiro se utiliza de um certo humor sarcástico, que no primeiro momento parece meio deslocado da sua temática, mas aos poucos a trama vai tomando uma forma que todo elemento surrealista da trama é equilibrado pela escolha de abordar a realidade da situação das protagonistas sem muitos rodeios, com uma franqueza emocional refrescante.  Tuesday é um filme sobre a morte e sobre o luto, que por um acaso resolve personificar essas duas coisas em um pássaro mágico gigante, mas que mesmo com estrutura metafórica e surreal, nada é muito explorado da forma previsível.

A diretora croata (que faz sua estreia em longas) não parece muito interessada em jogar no seguro. O inicio que parece lembrar um longa de terror (que há algumas pitadas do gênero em outros momentos do longa) logo se utiliza de uma dose de um humor peculiar, mas aos poucos se propõem ao drama, mostrando o domínio da realizadora em nunca ser totalmente metafórico e alternando nas diferentes variações de gêneros, mas sempre mantendo o publico curioso com o andamento da produção.

Paris Filmes/Reprodução

As performances de Petticrew e Louis-Dreyfus como mãe e filha no centro dessa história de convivência, despedida e superação são a cereja do bolo. Louis-Dreyfus ainda tem um destaque por mesmo sendo uma das grandes comediantes americanas em atividade, não cai no esteriótipo da “comediante fazendo drama” sabendo explorar bem a fragilidade e uma resiliência extremamente autenticas para sua personagem.

Tuesday: O Ultimo Abraço é um drama fantástico que te faz rir, emocionar e refletir sobre o luto e entender o adeus.

 

Crítica - Tuesday: O Ultimo Abraço
Ótimo 4
Nota Cinesia 4 de 5
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