Deadpool chegou ao MCU! O mercenário tagarela apos 2 bem sucedidos filmes na era Fox, agora com a fusão da empresa por parte da Disney, chega ao universo cinematográfico Marvel.
É verdade que o momento da Marvel não é dos melhores nos últimos anos com filmes e séries bem aquém da qualidade do que foi visto na Saga do Infinito. Contudo Ryan Reynolds e seu personagem, chega a franquia trazendo o melhor dos dois mundos: o humor sagaz e caótico do seu personagem,combinados a violência exagerada e a nostalgia de filmes eventos vide Ultimato e Sem Volta Para Casa para entregar um projeto descompromissado, que homenagear a Era Fox do melhor jeito que seu protagonista é capaz de realizar, além de resgatar a empresa para com seu publico.
O filme segue os acontecimentos dos dois outros, com todos os personagens do universo do personagem voltando. Você viu o trailer, certo? Então é basicamente isso: o universo de Deadpool desaparecerá por conta de alguns eventos e cabe a Wade Wilson fazer com que isso mude. Só que dessa vez para o ajudar nessa empreitada, ele precisará do Wolverine do Hugh Jackman.
Um dos maiores medos dos fãs de Deadpool quando o terceiro longa foi anunciado com produção da Disney era que o projeto “deixasse de ser Deadpool”, sem piadas sujas e dignas de quinta série. Porém, tudo está lá de forma impressionante, visto a liberdade que a empresa do ratinho deu para Reynolds e sua equipe de roteirista.
Para quem já assistiu os filmes do Deadpool e vem acompanhando os longas com super-heróis há décadas, não há absolutamente nenhuma novidade. É uma metralhadora de referências deliciosas a diversas franquias da Cultura Pop, sejam elas de propriedade da Disney ou não, o Deadpool descendo tiro e espadada nos adversários enquanto zomba de tudo e todos, com um Wolverine rabugento e boca suja mas se rendendo aos desencantos encantadores da situação bizarra em que se enfiou e um caminhão de participações especiais que vão suprir toda a carência da galera que se decepcionou com Doutor Estranho no Multiverso da Loucura (2022).
O grande charme do roteiro do filme está em ser simples e até bobo, mas que ainda assim consegue ser ridiculamente eficaz em te prender com os olhos vidrados na tela. Além disso, ele é meticuloso em usar a metalinguagem para sai de um ponto conhecido, te leva por uma aventura de rachar de tanto rir, repleto de piadas de quinta série e termina em um ponto promissor para o futuro do MCU, mas que mesmo assim, não cai na armadilha que acontece com os últimos projetos da empresa: vender algo para o futuro, que não sabemos onde e como acontecerá. Apesar do Multiverso existir, nada é expandido para além da sua trama aqui. Deadpool & Wolverine não tem qualquer pretensão de salvar o multiverso, mas apenas de dar ao fã uma obra que gere boas gargalhadas e emoção na medida certa, como o deveria ser a maioria das aventuras de quadrinhos.
Fazer isso tudo funcionar de forma orgânica não é tarefa fácil, mas, por sorte, Reynolds tem outro grande parceiro: Shawn Levy. O diretor que faz sua terceira parceria consecutiva com o astro(já pode pedir musica no Fantástico), se prova o cara certo em entender a proposta idealizada aqui. Entendendo bem o conceito de referencias e multiverso vide Free Guy, assim como sabe explorar a viagem no tempo com Projeto Adam, adicionando a nostalgia e sentimentalismo de Stranger Things, o realizador se mostra competente em conduzir esse insano mundo que é o do Deadpool e mesmo ainda haja alguns problemas em montar certas cenas de ação, esse entendimento com Reynolds só gera coisas positivas(a cena inicial é insana!).
A dinâmica tagarela/rabugento dos dois personagens, somados à química de Reynolds e Jackman — que vem desde o fatídico X-Men Origens: Wolverine — funciona bastante. O humor e o carisma do filme escondem o que são os pontos fracos, como uma vilã extremamente caricata, com pouco tempo de tela e completamente… unidimensional.
Alias, Hugh Jackman rouba a cena com a melhor versão já feita do carcaju. O ator já manjado no papel tem a oportunidade de trazer facetas do personagem que por incrível que pareça, ainda não tinham sido vista nos cinemas, aqui trazendo um Logan mais rabugento, cheio amargura e feridas do passado, que parece ganhar uma nova chance de ser o cara certo. Mesmo a violência estabelecida em Logan (2017) já ser um ponto referente ao personagem, aqui esse nível ganha contornos ainda maiores e existe uma variação para as possibilidade do cara das garra de adamantium.
Por fim, mas não menos importante, a trilha musical desse filme é outra coisa magistral. Misturando o melhor do Pop dos anos 80, 90 e 2000, a ‘playlist’ parece escolhida a dedo, elevando o nível musical – já altíssimo – da franquia Deadpool. Madonna (inserida de forma sensacional!), Avril Lavigne, N’Sync… Entre outras, estão perfeitas no filme!
Pra encerrar, Deadpool & Wolverine é mais que uma celebração do universo Fox, mas uma aventura maravilhosa, boba e carregada nostalgia nerd por cada poro que se preocupa mais em se resolver do que levar para novos caminhos, que é o que a Marvel precisa fazer mais vezes.
*Não saiam da sala durante os créditos, pois há uma cena no final dele!