MaXXXine | Encerramento da “trilogia” cai na famosa “maldição do terceiro filme”

Danilo de Oliveira
6 Min de Leitura
2.5 Mediano
Crítica - MaXXXine

Lançado em 2022, X- A Marca da Morte, deu um frescor aos filmes slasher, trazendo uma trama ambientada nos anos 70, cheio de erotismo, gore e claro, ascensão de um novo icone do terror: a atriz Mia Goth (a neta da atriz brasileira Maria Gladys).

Lançado poucos meses depois, Pearl (2022), trouxe uma prequel, que trazia as origens da personagem titulo e vilão do filme anterior em mais um show de Goth.

Com isso a expectativa em MaXXXine, era grande, já que seus longas anteriores dirigidos e roterizados por Ti West fizeram uma grande leva de fãs do terror. Porém o longa apesar de boas referencias aos anos 80 e a clássicos de terror, acaba na conhecida “maldição do terceiro filme” e traz um longa aquém dos seus anteriores que fica perdido no que realmente quer propor.

A24/Reprodução

A trama de MaXXXine começa pouco tempo depois dos acontecimentos de X e nos traz uma protagonista implacável: o trauma do massacre na fazenda não impede Maxine de tentar, a todo custo, firmar sua carreira de estrela de cinema. O cenário agora é uma Hollywood caótica em meio aos anos 80, em que o glamour da indústria cinematográfica convive com um submundo artístico bem menos favorecido, com a ameaça de um serial killer conhecido como Night Stalker e com um clima social tenso marcado pelo chamado “pânico satânico”, a paranoia de que supostos ocultistas e ritualistas estariam conspirando para cometer crimes contra a população.

Enquanto X e Pearl foram filmados praticamente juntos antes do lançamento do primeiro filme – uma aposta do estúdio A24 que se pagou na bilheteria e na crítica –, MaXXXine por não ter sido projetado dessa maneira, parece não ter uma estrutura bem definida.

A24/Reprodução

O roteiro começa com a protagonista seguindo seu mantra em busca de seu estrelato “Eu não aceitarei uma vida que eu não mereça” e o longa faz um paralelo interessante entre sua obsessão e os acontecimentos que vão acontecendo, ela enxerga como uma escada para essa busca. Goth insere uma certa dose de raiva na maneira como apresenta essa nova Maxine, mais madura e segura de si, mas ainda com os mesmos sonhos e desejos de uma garota cujo maior objetivo é viver dentro dos filmes que tanto amava, o que até emula os passos de Pearl.

Em dado momento, Maxine até mesmo se transforma na Ms. 45 (1981) de Abel Ferrara ao confrontar um homem que a perseguia em seu caminho para casa, puxando uma arma para aterrorizá-lo num local sem saída (referenciando o Giallo, que o longa homenageia na forma do serial killer que ameaça a protagonista e na estética neon explorada). Com sua raiva reprimida transparecendo como uma explosão, Maxine mata a virilidade do perseguidor fornecendo uma sensação de satisfação para o espectador voyeur que a vê se livrando daquela situação como uma femme fatale.

A24/Reprodução

O problema é que apesar de elevar a obsessão da personagem e seu enfrentamento dos obstáculos e o passado, o longa se preocupa muito mais em construir uma estética oitentista vívida e palpável do que criar uma narrativa consistente que dialogue com tudo aquilo que ele quer dizer. Se em X, West busca criticar as hipocrisias de uma sociedade puritana, que olha para o sexo como um “mal que deve ser cortado pela raíz”, assim como fazem os psicopatas desses filmes de terror, cujas vítimas sempre são jovens que transam e são tidos como “desvirtuados” por caprichos sociais moralistas, brincando com estética que Tobe Hopper criou em O Massacre da Serra Eletrica, e Pearl busca tratar de como a repressão de sonhos e vontades pode provocar consequências devastadoras numa estetica a la Magico de Oz as avessas, em MaXXXine, o diretor parece não sabe o que fazer ao certo no que deseja propor e o longa se segue de forma truncada durante seus 90 minutos  ficando aquém dos seus anteriores.

A24/Reprodução

Talvez os acenos ao universo cinematográfico de Hollywood são os elementos mais instigantes de MaXXXine, juntamente com a estética oitentista que, apesar de camuflar as problemáticas do filme, ainda assim possui seu mérito. Elizabeth Debicki, Giancarlo Esposito e o novato Moses Sumney entram no universo de Maxine como algumas das figuras interessantes que representam ideias no mundo do cinema hollywoodiano. A diretora durona, o agente inescrupuloso e o cinéfilo profissional são como a personalização da indústria que a protagonista deseja tanto entrar e a atingem de formas distintas.

MaXXXine fecha a trilogia (que, embora tenha sido promovida como uma série de três filmes, ainda pode ganhar uma nova produção no futuro) em meio a uma vibrante e conturbada Hollywood nos anos 80, perdido no que quer entregar para encerrar a jornada ambiciosa de sua protagonista. Uma pena visto o que foi apresentado em X e Pearl.

 

Crítica - MaXXXine
Mediano 2.5
Nota Cinesia 2.5 de 5
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