Clube dos Vândalos traz um retrato de um grupo de motoqueiros e suas transformações

Danilo de Oliveira
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Crítica - Clube dos Vândalos

Adaptado do livro  fotográfico realizado por Danny Lyon, intitulado The Bikeriders, o longa dirigido por Jeff Nichols , Clube dos Vândalos, retrata a empreitada do fotografo que viajou pelo centro-oeste americano durante os anos 60, em meio a uma explosão de novas ideias que impulsionaram o movimento da contracultura nos EUA e no mundo, com um objetivo em mente: retratar, por meio de fotografias e entrevistas, o estilo de vida de um clube de motoqueiros, o Chicago Outlaws Motorcycle Club.

O longa estrelado por Austin Butler, Jodie Comer e Tom Hardy, adapta e narra a história, os integrantes e as transformações do grupo quase que como uma obra documental, onde os maiores destaques estão nessa essência a lá produções como de Juventude Transviada (1955) ou O Selvagem (1953).

Universal Pictures/Reprodução

Era início da década de 1960, e o fotojornalista Danny Lyon (Mike Faist) encarava as estradas de Chicago, cidade do estado de Illinois (EUA), para documentar a rotina dos Vândalos, uma gangue de motoqueiros cujos integrantes preferiam estar em cima de uma motocicleta, sentindo o vento cortando o rosto com a velocidade do motor, do que seguir qualquer tipo de regra pré-estabelecida pelo sistema. Esses foram os anos iniciais da contracultura, onde a juventude anti-establishment dos Estados Unidos propagou para o mundo ideias revolucionárias que abalaram a farsa do “sonho americano” ao abraçar um novo estilo de vida que prezava pelas experimentações e pelo desejo de uma sociedade mais igualitária.

Em meio a esse contexto social e cultural, o fotógrafo conta com a ajuda de Kathy (Jodie Comer), uma integrante dos Vândalos – graças ao seu casamento com o inconsequente e quieto Benny (Austin Butler) – que narra para ele a trajetória do clube de motociclistas ao longo de 10 anos, usando seu olhar e suas próprias percepções para tentar montar um complicado quebra-cabeça da história do clube, assim como das relações conflitantes entre cada um deles.

Se em um ano muita coisa pode acontecer, imagine então o que um período de 10 anos consegue criar. Com os Vândalos, não foi diferente: do começo do clube criado por Johnny (Tom Hardy) até a ameaça enfrentada pela chegada de novos integrantes, que parecem ficar cada vez mais imprudentes e sádicos, o grupo passa por uma transformação radical que mexe com a cabeça dos membros originais, danificando o senso de autenticidade do clube e aquela sensação de pertencimento que todo mundo quer sentir ao se juntar aos seus iguais.

Universal Pictures/Reprodução

O roteiro escrito por Nichols, segue um padrão bem documental, com Comer fazendo a narração em off e contando os acontecimentos ocorridos durante os 10 anos que o longa explora. O problema aqui, é por essa pegada mais documental, o ritmo é lento e sem acelerar, o que pode afastar alguns, mas engana que isso seja algo de problema, já que os personagens são o fio condutor e auxiliados por uma trilha sonora de qualidade, ficamos embarcados nessa jornada de amizade, propósito, liberdade, traições e poder.

É aqui que o filme conversa com produções como o filme Sem Destino (1969), clássico que mostra seus protagonistas vividos por Peter Fonda e Dennis Hopper em uma jornada psicodélica pelas estradas estadunidenses em cima de uma moto, e, claro, a série Sons of Anarchy, que dialoga em grande parte com a transformação dos Vândalos em uma gangue criminosa.

Universal Pictures/Reprodução

O triângulo obsessivo formado por Hardy, Butler e Comer é o principal destaque do longa e claro que os interpretes entregam o que se propõem. Butler como um Benny quieto, briguento e bonitão é o ponto da competição de Kathy, esposa e Johnny, líder do grupo e mais próximo amigo de Benny. Essa dinâmica move o filme e junto com a vivência do grupo e as transformações é o grande atrativo da trama.

O problema do longa está em por se manter na estrutura documental e sem ousar ou simplesmente jogar no seguro, a trama fica engessada e parece não querer mais nada que aquilo. Não que isso seja algo negativo, mas em alguns momentos, o filme parece não ter animo para explorar sua história e seus personagens, e aí a narração de Comer parece dá um certo gás para se manter atrativo.

Pra finalizar, Clube dos Vândalos, retrata de forma bem documental uma história bem desajustadas de um grupo de motoqueiros que enxergavam em suas motos a chance de serem livres, nem que seja por alguns minutos.

Crítica - Clube dos Vândalos
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Nota Cinesia 3 de 5
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