Amy Winehouse, uma das maiores vozes do Jazz e R&B dos últimos anos, acima de tudo foi uma figura que assim como seu talento teve sua vida conturbada.
Problemas com álcool e drogas, escândalo com a imprensa e um conturbado relacionamento foram alguns desses que a cinebiografia Back to Black, que chega nessa quinta-feira (16) nos cinemas tentam retratar e trazer a tona. Ao menos tenta, porque tudo aqui é tão conturbado, perdido e sem inspiração que não faz jus a figura que foi a cantora.
Back to Black explora a história de sua protagonista a partir de sua ascensão musical até os eventos que antecederam sua morte trágica e precoce em 2011, com apenas 27 anos de idade. Na trama, passamos pelos primeiros contratos profissionais da artista, consolidação de sua persona, expansão internacional de sua carreira e, em especial, o conturbado relacionamento com o ex-marido, Blake Fielder-Civil.
O roteiro do longa primeiramente já tem seu ponto negativo por um ponto principal: o pai de Amy, Mitchell Winehouse é um dos envolvidos na produção e só por isso, o longa que joga no seguro com a forma de bolo pronta de muitas obras do gênero, retrata sua figura como angélicas e positivas do que realmente eram de fato, assim como o ex marido Blake e fazem da protagonista a ingrata personificação da desequilibrada e vilã de sua própria história, sendo que não é nada bem assim.
Amy sempre foi uma pessoa com bastantes problemas e muitas coisas foram agravadas por suas relações e abusos e isso aqui nada é explorado de fato ou se é, é feita da forma mais rasa possível. Seua problemas com álcool, bulimia e drogas, ou são mencionados com uma linha de diálogo ou mostrado na forma mais qualquer coisa e nunca apresentados com seriedade. Se quiserem ver realmente a história da Amy, sugiro conferir Amy (2015) documentário produzido pela A24 que retrata muito da artista.
Tendo em mente que se trata de uma ficção baseada em uma história real muito recente, é difícil engolir personagens simples demais. Embora contem com performances carismáticas de Jack O’Connell (O Amante de Lady Chatterley) e Eddie Marsan (Magnatas do Crime), as representações de Blake e Mitchell parecem ter medo de explorar qualquer controvérsia e Back to Black nada em águas rasas: um pai que fez o que podia e um marido enfrentando problemas tão severos quanto os de Amy.
Outro grave problema do longa, está na sua montagem para estabelecer uma linha temporal no mínimo entendível. O longa começa com ela com 18 anos e iniciando a carreira, depois pula pra ela gravando o primeiro disco e sendo um sucesso na Inglaterra, mas os cortes de tempo são tão bruscos que não tem como saber em quando estamos ou quanto tempo se passa para as mudanças, e o longa nem tenta ao menos utilizar o recurso de data na tela pra cada passagem que fica confuso de acompanhar a história.
Pra não dizer que tudo é completo caos, a atriz Marisa Abella escolhida para o papel, acerta mais do que erra. Apesar de não ter a carisma que a Amy tinha, a atriz consegue incorporar as fisicalidade e trajetos de forma bem convincente que vemos uma dedicação dela, mesmo quando o texto não ajuda.
A musicalidade também é um outro ponto importante que ao menos nos consola diante da falta de inspiração que o roteiro e a direção de Sam Taylor-Johnson trazem ao longa.
Bom, pra para de bater em cachorro morto, Back to Black é mais Marisa Abella tentando fazer algo em um produto sem um pingo de inspiração, confuso e perdido. É um filme que não agrada aos fãs da cantora, ao mesmo tempo que ela sua confusa estrutura não traz os não fãs sobre quem foi Amy Winehouse.