David Leitch revitalizou o cinema de ação nos últimos anos. Juntamente com Chad Stahelski, o ex-duble e coordenador de dublês criou na franquia John Wick sua porta de entrada para essa guinada.
Seus projetos seguintes como Atômica, Deadpool 2,Velozes e Furiosos: Hobbs e Shaw e Trem Bala só o consolidaram no cinema de ação em trazer projetos audaciosos que trazem o melhor com sua equipe de dublês ( ele junto de Stahelski criaram a 87 North, sua própria produtora especializada em coreógrafos e dublês de cenas de ação) para fazer uma ação vibrante!
O Dublê, talvez seja seu projeto que une o melhor do seus dois mundos: a comédia e a ação de forma simples, mas eficaz e a transforma de uma sensacional e metalinguística homenagem aos profissionais que se arriscam nas mirabolantes cenas, como também o cinema em um dos blockbusters mais divertido da temporada.
Baseado na série Duro na Queda, lançada em 1981, o filme de 2024 acompanha a história de Colt Seavers (Ryan Gosling), que trabalha como dublê de um grande astro do cinema, Tom Ryder (Aaron Taylor-Johnson). A história começa quando Colt sofre um acidente grave durante uma filmagem e decide se aposentar da carreira, cortando completamente o contato com todos que conhecia – incluindo, em especial, a operadora de câmera Jody (Emily Blunt), com quem havia vivido um romance e por quem continuou sendo profundamente apaixonado.
Quando finalmente decide retornar ao trabalho para reencontrar Jody, que realizou o antigo sonho de se tornar diretora de cinema, o protagonista acaba se envolvendo em uma grande conspiração que envolve o desaparecimento repentino de Tom Ryder, uma tragédia misteriosa e um mundo implacável de aparências e da grana alta movimentada pela indústria cinematográfica. Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.
O roteiro de Drew Pearce (Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw), é simples, mas sabiamente brinca com os vários clichês do gênero, meio querendo ser metalinguístico e sagaz na homenagem ao cinema de ação. A estrutura lembra muitas produções do gênero feitas nos anos 80, onde não tínhamos nada tão elaborado em questão de histórias para convencer, ao mesmo tempo que ele adentra no parque de diversões que é uma produção cinematográfica e explora esse universo “invisível” que são dos dublês.
São ótimas as cenas em que o filme nos mostra os equipamentos, figurinos, drones, trailers, câmeras usadas para gravar as cenas – para quem não está muito familiarizado com esse lado da produção, os trechos de “como se faz” certamente são pontos de curiosidade interessantes. Ao mesmo tempo o filme também faz uma crítica irônica sobre o que a indústria faz com esses profissionais, muitas vezes por parte de suas estrelas.
Além dessa metalinguagem cinematográfica, O Dublê não erra nas proporções e consegue dosar perfeitamente romance, comédia e ação. Isso faz com que o filme siga uma fórmula bastante simples, mas entregue tudo o que o público quer ver em cena.
Leitch é feliz na condução para criar cenas incríveis de ação com comédia com uma trilha que varia de Kiss, passa por Taylor Swift, segue por Phill Collins e até passa por AC/DC e sem perder o vigor!
O elenco também ajuda pra essa descontração aconteça. Ryan Gosling prova que é um ator de multifacetado. Depois de ser o Ken em Barbie, aqui o astro une o tino cômico afinado à dedicação física e uma presença carismática difícil de resistir e sem se levar a sério demais.
Além de Gosling, completam o time Stephanie Hsu (Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo) como a assistente pessoal de Ryder e Hannah Waddingham (Ted Lasso) como a sua produtora. Ambas acertam o timing da comédia sem muitas dificuldades.
Emily Blunt apesar da ótima química com Gosling tem o trabalho mais engrato aqui. Não é bem que a atriz não tenha seu próprio destaque, mas a sensação é de que a personagem tinha mais potencial para marcar seu papel como uma nova cineasta aflita que está lidando com a iminência de um fracasso que pode ser colossal e decisivo em sua carreira.
Pra finalizar, O Dublê entrega uma atração mais do que sólida, autêntica e bem-sucedida no tipo de entretenimento que oferece. David Leitch faz sua carta de amor ao cinema de ação e aos profissionais que fazem isso acontecer da forma que ele melhor sabe fazer: com diversão e muita ação!
Obs: Há uma cena no meio dos créditos (além das cenas de bastidores do filme com as peripécias dos dublês passando durante os créditos).