A franquia Kung Fu Panda passou por uma ótima jornada de aprendizados e descobertas por parte do seu protagonista. Através de três filmes sólidos, a série com Po, o tirou de um lugar em que ele não se sentia pertencente e mostrou sua evolução na arte marcial aos poucos até ele encontrar sua vocação e entender quem é pessoalmente e dentro da sociedade.
Mesmo aparentemente, finalizado o arco de seu protagonista, Kung Fu Panda 4 foi lançado e aqui apesar de uma nova jornada para Po, temos uma aventura que apesar de divertida e gostosa de se assistir, traz poucas novidades a sua franquia.
Depois de três aventuras arriscando a vida para derrotar os mais poderosos vilões com sua coragem incomparável e incríveis habilidades em artes marciais, Po agora recebe uma nova missão que o assusta: ele deve escolher o novo Dragão Guerreiro e tornar o Líder Espiritual do Vale da Paz.
Totalmente desnorteado e sem a ajuda dos Cinco Furiosos, Po terá que unir forças com a astuta ladra Zhen (Awkwafina/Danni Suzuki)., uma raposa-das-estepes que tem habilidades inestimáveis, para enfrentar a feiticeira perversa e poderosa Camaleoa (Viola Davis/Taís Araújo), que consegue se transformar em todos os inimigos passados do panda.
O roteiro escrito por Jonathan Aibel e Glenn Berger, responsáveis por todos os anteriores, em parceria com Darren Lemke (Shazam!), propõe uma mudança de ares em quase todos os sentidos. Desde dos locais visitados pelo protagonista, o tirando do Vale da Paz e indo a outro local. Até o elenco de apoio, tudo serve ao propósito de expandir o universo do personagem e trazer um novo leque de possibilidades.
Aliás, o quarto longa funciona realmente quando foca nessa expansão, e a principal força motriz está na inclusão de Zhen. A raposa é uma coadjuvante super carismática, seu arco e suas motivações são muito bem exploradas e com isso traz Po pra descobrir novos locais e situações que nunca imaginava e claro acrescenta bastante no quesito humor.
Apesar de simplicidade da aventura, é interessante como o novo aprendizado a o protagonista é relevante pra a franquia. Durante os 3 filmes os questionamentos dele era sobre seu lugar, sobre seu passado, ou sua família. Aqui os questionamentos estão sobre seu futuro e como saber aprender e lidar com essas mudanças que no início parecem assustadoras.
Toda essa construção parece boa, mas a simplicidade do roteiro tende a ter alguns momentos pouco imspirado e isso fica mais evidente em sua vilã. A Cameleoa apesar de ter poderes bem interessantes, acaba não sendo a grande ameaça que o filme tenta passar. Seus poderes como falei, apesar de interessantes até pra gerar bons momentos de ação com Po e seus amigos, são uma forma de brincar com a nostalgia barata e resgatar figuras antagônicas da franquia, o que consequentemente a enfraquecem ainda mais a vilã.
Mesmo com esses contras, a animação segue o estilo estabelecido pelos longas anteriores, mas dá um salto de qualidade graças a uma direção de arte ligeiramente mais estilizada. Não há uma grande ruptura com o que foi feito antes, mas um aperfeiçoamento que torna o retorno a esse universo um colírio para os olhos.
Esse aperfeiçoamento fica claro na textura de personagens e objetos, além da coesão entre os diferentes tipos de cenários mostrados no filme. Há unidade entre as paradisíacas paisagens do Vale da Paz, a caótica Cidade do Zimbro, os sombrios palácios da Camaleoa e mais, fazendo com que o filme salte aos olhos em comparação aos anteriores.
No fim, Kung Fu Panda 4 é leve, divertido ainda que sem a áurea primorosa que foi seus anteriores, entrega um saldo positivo a nova aventura. Um filme que busca abrir portas para um novo rumo a franquia, mesmo que sem a mesma show de bolice de antes.