A 2ª Guerra Mundial foi um evento bárbaro da nossa história, não só por causa de disputas territoriais, mas pelo genocídio causado pelo nazismo com judeus e outros povos não considerado “a raça ariana” como ecoava os seguidores de Hitler.
O cinema sempre trouxe história não só das batalhas , mas histórias de pessoas que tentaram fazer algo pra salvar muitas vidas desse momento horroroso.
Uma dessas figuras foram Nicholas Winton, humanitário que durante o início da invasão nazista na Tchecoslováquia conseguiu salvar várias crianças embarcando-as em trens para Inglaterra. Sua história ficou desconhecida até ser revelada e transmitida em um programa de televisão da Inglaterra que fez uma homenagem emocionante.
A cinebiografia aqui traz Anthony Hopkins nos 80 e Johnny Flynn nos anos 30 alternando em mostrar a operação que conseguiu ajudar inúmeras crianças a fugir da guerra e dos campos de concentração com os eventos que sua história é descoberta e revelada de forma emocionante. E tudo isso com o talento ímpar de Hopkins em seus 86 anos, fazendo mais um belo trabalho.
No filme, Winton é um corretor da bolsa aposentado que, depois de algumas críticas de sua esposa Grete (Lena Olin), resolve limpar seu escritório abarrotado de pastas e papelada antiga. A bagunça era enorme por um motivo: ele temia reviver momentos do passado, principalmente ao rever uma pasta com detalhes das crianças que salvou no início da Segunda Guerra Mundial.
Por flashbacks, ficamos sabendo que, em 1938, Winton visitou Praga e se deparou com famílias vivendo em condições extremamente precárias e sob a constante ameaça de uma invasão nazista. Isso o sensibilizou. Então, com a ajuda de seus colegas humanitários Doreen Warriner (Romola Garai), Marta Diamontova (Antonie Formanová), Trevor Chadwick (Alex Sharp) e de sua mãe, a sensata Babette (Helena Bonham Carter), ele montou uma enorme operação que consistia em arrecadar dinheiro, atormentar os departamentos governamentais para obter vistos, conseguir trens e famílias adotivas para levar o máximo de crianças para a Inglaterra.
O longa sabe equilibrar bem as alternâncias entre os períodos de forma consistente e nunca ficamos perdidos para assim mostrar a intricada e engenhosa operação que Winton e seus colegas humanitários (juntamente com sua mãe) para embarcar as crianças, assim como mostrar o personagem relembrando o passado e trazendo sua história a tona.
Adaptado do livro homônimo escrito pela filha de Nicholas Winton, Bárbara Winton, lançado no Brasil neste mês, o roteiro de Lucinda Coxon e Nick Drake, o longa foca nas ações do protagonista que descrevi acima e no sua lembrança ao passado de forma intuitiva e emocionante principalmente em seu terceiro ato e tudo isso se justifica pela bela atuação de Anthony Hopkins.
O ator tem uma carisma e presença e mesmo aos 86 anos, atua de forma impressionante. Uma cena em particular próximo a uma piscina é de uma emoção genuína do ator! Johnny Flynn também faz um ótimo trabalho como o jovem Winton cheio de determinação e paixão.
É interessante que a história de Nicholas Winton em muitos pontos é bem parecida com a de Oskar Schindler, que também ajudou e refugiou muitos judeus em suas fábricas os tirando de um fim trágico e quando eu estava assistindo me veio a cabeça A Lista de Schindler ( que curiosamente comemora 30 anos de seu lançamento) devido as semelhanças. Apesar dessas comparações é evidente que histórias como essas sejam vistas e conhecidas pelo grande público por conta do impacto positivo e de como mesmo no “pouco”, as nossas ações podem ser muito significantes.
Uma Vida: A História de Nicholas Winton é um filme emocionante e retrata uma história pouca conhecida mas necessária de se conhecer.