Lançado em 1985 e dirigido por Steven Spielberg, A Cor Púrpura se tornou um clássico instantâneo do cinema. Com um elenco repleto de estrelas e atores em ascensão, assim como uma baita direção em um roteiro com fortes temas, a adaptação do livro de Alice Walker, vencedora de um prêmio Pulitzer veio a ser um marco.
Adaptado novamente agora em 2023, mas em um formato musical, o remake explora novamente a intrínseca relação entre duas irmãs sufocadas pelo poder masculino e pela desigualdade social no começo do século XX com uma visão mais esperançosa, mas menos emocionante da história.
A trama se passa no início do século XX, e as irmãs Celie (Phylicia Pearl Mpasi/Fantasia Barrino) e Nettie (Halle Bailey/Ciara) sobreviviam à brutalidade do Sul dos Estados Unidos com a única coisa que enchia seus corações de vida: a vontade de ser livre. A partir do olhar ingênuo e esperançoso de Celie, a trama percorre cerca de 40 anos na vida da jovem, uma mulher negra, pobre e traumatizada pelos abusos do padrasto sofridos dentro da própria casa.
Mas quando Celie é forçada a se casar com Albert (Colman Domingo), ou Mister, apelido pelo qual ele é conhecido nas redondezas, sua situação piora gradativamente. Violento, o homem enxerga Celie apenas como sua empregada, promovendo uma série de abusos, agressões e sofrimentos físicos e psicológicos à esposa diariamente. Tudo se deteriora ainda mais quando sua irmã Nettie é bruscamente tirada de sua vida, deixando-a sozinha e indefesa na cova dos leões.
Embora a obscura carga dramática de Steven Spielberg em seu clássico de 1985 não esteja presente na mesma proporção, o texto e o drama vivido pelas personagens ainda estão aqui, mesmo que em uma estrutura mais esperançosa e leve com a musicalidade do blues e soul music que embala as incríveis canções do longa.
Mantendo a essência que tornou o drama original um ícone cinematográfico atemporal, a nova versão de A Cor Púrpura é como estar diante de alguns dos mais belos musicais já feitos devido a suas composições e coreografias musicais que transmite uma epifania incrível nas suas mais de 2 horas de projeção e encanta e emociona o público.
A relação sufocada pela distância e pela injustiça, segue sendo o centro e fio condutor do enredo, algo que tanto o filme de Spielberg quanto o de Bazawule conseguem (re)adaptar para dentro de seus universos particulares.
O longa conta com performances impressionantes do trio de protagonistas – Fantasia Barrino, Taraji P. Henson e Danielle Brooks, esta última indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por sua interpretação de Sofia, papel que foi de Oprah Winfrey no filme de Spielberg.
Aliás, Brooks, faz valer a indicação, roubando qualquer atenção quando entra em cena, demonstrando um equilíbrio impressionante em sua performance.
Pra finalizar, o novo A Cor Púrpura reinventa o clássico sem deixar de respeitar o seu material original, trazendo um musical contagiante, esperançoso e uma história não menos emocionante de se assistir.