Os Rejeitados | Alexander Payne traz uma afetuosa comédia dramática natalina

Danilo de Oliveira
4 Min de Leitura
4.5 Ótimo
Crítica - Os Rejeitados

Alexander Payne é um diretor que adora utilizar suas histórias de humor repleto sarcástico e inserir críticas sociais bem interessante e fazer obras que parecem simples no esboço, mas genuína na execução.

O realizador já 3 vezes indicado ao Oscar ( e vencedor 2 vezes por Roteiro Adaptado) retorna a parceria com Paul Giamatti em seu novo projeto Os Rejeitados, uma aparente comédia dramática simples, mas que esconde uma afetuosa e genuína história sobre pais e filhos, além de lição de vivência, bem ao estilo de Payne.

Universal Pictures/Reprodução

No filme acompanhamos Paul Hunham (Paul Giamatti) um professor mal-humorado de uma prestigiada escola nos Estados Unidos. Forçado a permanecer no campus para cuidar do grupo de alunos que não tem para onde ir durante as férias de Natal, ele acaba criando um vínculo improvável com um deles – um encrenqueiro magoado e muito inteligente, Angus Tully (Dominic Sessa) – e com a cozinheira-chefe da escola, Mary Lamb (Da’Vine Joy Randolph), que acaba de perder um filho no Vietnã.

O roteiro feito por David Hemingson utiliza a velha fórmula da relação professor e aluno que não se dão bem, mas que durante o longa acabam se entendendo e vendo que tem muito em comum, mas apesar de jogar no seguro e entregar algo de qualquer jeito, o texto juntamente do diretor foca em três personagens completamente diferentes que, cada um por seu motivo particular, precisou ficar na escola durante o período de recesso no fim do ano. O cenário escolhido é perfeito pra a dinâmica que Payne idealiza se tornar perfeita.

O realizador sabe aproveitar muito bem comicamente o conflito entre as diferentes personalidades dos protagonistas, assim como a situação inusitada de convivência que eles estão inseridos, ao mesmo tempo que nunca deixa de abordar as dores de cada um e suas relações humanas.

Universal Pictures/Reprodução

Paul Giamatti entrega um homem cético, verborrágico e pedante, que apesar de insuportável, é difícil não rir das piadas sobre Grécia e Roma. O ator aqui mostra sua versatilidade e traz um personagem cheio de camadas sociais bem crível. Da’Vine Joy Randolph e sua invariável tristeza agregam a dramaticidade necessária ao filme. Ela é quase como um elo poderoso pra a relação entre Paul e Angus se construir. Já Dominic Sessa entrega de forma sublime um revoltado aluno com síndrome de abandono, deixado no Natal e no Ano Novo por uma mãe distraída e egocêntrica.

Ainda que o sentimento de desolação e frustração é marcante em determinados momentos, Os Rejeitados carrega um fio de otimismo em seu final em relação ao seu desenvolvimento de seus personagens, acreditando que nossas relações com as pessoas podem mudar ou acrescentar algo positivo em nossa vida, por mais diferentes que elas sejam.

O filme de Alexander Payne é um daqueles longas que carrega a simplicidade de uma boa e afetuosa (as vezes amarga) história que se torna em algo extraordinário ao final da sessão. Um filme que é uma lição de vida para quem for acompanhar nas telas.

 

Crítica - Os Rejeitados
Ótimo 4.5
Nota Cinesia 4.5 de 5
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