Napoleão | Ridley Scott traz um épico megalomaníaco, autoral mas incompleto para a figura histórica

Danilo de Oliveira
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Crítica - Napoleão

Napoleão Bonaparte é uma figura altamente conhecida na história. Inúmeras obras tanto literárias quanto documentários e filmes já abordarão o imperador francês que foi um dos maiores estrategista militar do seu tempo.

Com produção pomposa da Apple TV+, o diretor Ridley Scott, conhecido por obras memoráveis como Alien: O Oitavo Passageiro, Gladiador, Blade Runner entre outros traz sua visão para essa figura histórica protagonizada por Joaquin Phoenix em um filme que traz cenários e batalhas grandiosas no melhor jeito de fazer do realizador, mas que parece incompleto.

 

Sony Pictures/Reprodução

O filme narra sobre as origens de Napoleão Bonaparte (Joaquin Phoenix) e sua rápida e implacável ascensão a imperador, visto através do prisma de seu relacionamento visceral e muitas vezes volátil com sua primeira esposa e verdadeiro amor, Josephine (Vanessa Kirby). Era no calor da batalha que a mente talentosa de Napoleão como estrategista militar brilhava mais e ao mesmo tempo ele travava uma outra guerra: uma cruzada romântica com sua esposa adúltera.

Vindo do nada, como um oficial de artilharia do exército francês, o longa retrata sua jornada, até ser derrotado e exilado na ilha de Santa Helena. Conquistando o mundo para tentar conquistar o amor dela, suas táticas lhe renderam uma forte reputação e foi preciso sete coalizões de potências diferentes para derrotá-lo. No entanto, quando não consegue conquistar seu amor, ele tenta destruí-la – e destrói a si mesmo no processo.

Sony Pictures/Reprodução

O roteiro escrito por David Scarpa explora com muita megalomania desde a decapitação de Maria Antonieta na guilhotina no final da Revolução Francesa, mostrando a ascensão de Bonaparte de general a imperador, passando pela estrutura política fragilizada da época, as batalhas enfrentadas vencidas e perdidas, assim como sua derrota em Waterloo e seu exílio, tudo isso com foco na relação conturbada de Napoleão e sua amada Josefina.

Por querer abordar tantas coisas, o ritmo e muitas passagens de tempo acaba sendo meio apressadas e perdem certo impacto ou carecem de desenvolvimento para o público. Em outros pontos, também existe a liberdade poética por do realizador pra explorar fatos da história que não estão no auto da história e fica na faixa da dúvida para com o público mais adentrado com a história do protagonista.

Por haver um corte de 4 horas que será lançado na Apple TV+ em 2024, fica a dúvida se esse corte feito para os cinemas foi algo mais abrupto para se adequar aos padrões comerciais,visto que muitas passagens parecem haver algo a mais ali mas que acabou sendo retirado pra diminuir tempo de projeção.

Sony Pictures/Reprodução

Se no quesito roteiro e montagem o longa sofre essas inconstâncias, na sua parte técnica se sobressair. A fotografia cinzenta de Dariusz Wolski passa bem o momento conturbado da época, assim como o tom brutal aos combates, que aqui traz bastante momentos viscerais e violência. Os cenários, figurinos e design de produção são impecáveis.

No elenco Joaquin Phoenix está no seu habitual e entrega um sólido protagonista, apesar de muitos momentos lembrar seu imperador romano em Gladiador também de Scott. Já Vanessa Kirby confere o maior destaque da dupla aqui. Com um olhar marcante, sua Josefina consegue em poucas feições preencher um vazio e mostrar sua personagem em uma figura fascinante.

Pra finalizar, Napoleão, é uma obra que apesar de épico, parece incompleta em abordar na sua totalidade a figura megalomaniaca e emblematica que foi o imperador francês. Ao menos agora é esperar a versão do diretor que será lançada em breve no streaming da Apple para saber teremos a obra em sua complexidade que merece. Pra cinema o que temos é um picote de algo que foi projetado para ser maior.

Crítica - Napoleão
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Nota Cinesia 3 de 5
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