Falei até a pouco tempo de Cinebiografia que o cinema, principalmente o americano adoram trazer para as telas e que estão na moda.
O Brasil recentemente trouxe Nosso Sonho, sobre a dupla Claudinho e Buchecha, essa semana traz aos cinemas uma nova produção retratando a figura icônica que foi a cantora baiana Gal Costa.
Interpretada por Sophie Charlotte e que se iniciou antes mesmo da repetina morte da artista em novembro do ano passado, o longa celebra a artista, trazendo sua importância para o movimento da Tropicália,no momento do estopim da Ditadura, onde seus amigos Caetano Veloso e Gilberto Gil tiveram que sair do país.
O longa dirigido por Dandara Ferreira ( que dirigiu um documentário sobre a artista em 2017 e foi a escolha da própria para realizar esse longa) juntamente com Lu Polit, acompanha a vida da artista entre 1966 e 1971, quando ela deixa a Bahia aos 20 anos como Maria da Graça e vai para o Rio de Janeiro para tentar a sorte na música.
A escolha da produções em se focar em um recorte específico da época, sem abordar na infância e ascensão como muitos projetos do gênero faz tem um objetivo: mostrar como Maria das Graças se tornou Gal Costa, uma das maiores vozes do país e como ela se tornou um dos nomes mais influentes para o movimento da Tropicália, principalmente após o exílio de artistas como Caetano Veloso e Gilberto Gil.
Se a idéia é interessante na proposta, nem tudo se mostra bem executado, devido a como o roteiro por muitas vezes deduz que o público já tem conhecimento na história da cantora e não se preocupa em explicar momentos que podem parecer óbvios para fãs, mas talvez não sejam para todos. A confusão fica mais óbvia com a montagem que muitas vezes está em um local e logo depois está em outro, não fazendo o público se situar nessa mudança. A parte final também é meio abrupta, um momento que estamos esperando a conclusão de uma situação e logo somos interrompidos. No meu ver, aquele ato final tenha sido uma mudança da direção em vista o falecimento da artista antes do projeto ter sido finalizado.
Na parte de atuação, Sophie Charlotte se mostra incrível diante de ser a musa da Tropicália e a Maior Voz do país, assumindo a responsabilidade com firmeza. Além da caracterização cuidadosa, ela está no papel até quando não tem falas e precisa mostrar, através do corpo e da postura, o jeito mais retraído de Maria da Graça aos 20 anos e sua confiança ousada já em 1971. A atriz em muitos momentos canta as músicas da cantora e se sai muito bem, o problema é que a produção em alguns momentos decide utlizar a voz de Gal originalmente e fica perceptível a dublagem por causa que há uma falta de sicronia terrível entre o áudio e os lábios da atriz, sendo melhor tê-la deixado fazer todas as músicas.
Outro destaque está em Rodrigo Lelis como Caetano Veloso e Dan Ferreira com Gilberto Gil, que estão muito idêntico as suas contraparte caracterização e trejeitos que impressiona. Luis Lobianco traz uma carisma impecável para o empresário Guilherme Araújo e Camila Márdila como Dedé Gardelha, namorada de Caetano na época consegue passar bem a relação extremamente importante que sua personagem teve com a cantora.
Meu Nome é Gal é uma obra bonita, que retrata um momento da cantora em uma época e sua importância para com um movimento musical, mas que poderia ir muito mais, sendo mais uma obra talvez voltada para os fãs de Gal, do que aquelas que poderiam conhecer um pouco mais da vida dessa artista fascinante.