Wes Anderson é um diretor excêntrico no seu jeito de fazer cinema. Realizador de obras como O Grande Hotel Budapeste, Ilha dos Cachorros, A Vida Marinha de Steven Zseou, o cineasta criou uma filmografia ao mesmo tempo elogiada pelo seus fãs, assim como se fez em uma Hollywood bem burocrática atualmente.
Asteroid City é seu novo projeto e mais uma vez ele traz sua excentricidade para nos questionar porque de contamos histórias e utiliza o teatro como fio condutor.
A trama fala sobre o peculiar cotidiano de uma pequena cidade no interior dos Estados Unidos é, na verdade, uma peça de teatro desenvolvida por um incansável autor. A peça por sinal gira em torno de Augie (Jason Schwartzman) e seus filhos. Emocionalmente distante, ele leva o garoto Woodrow (Jake Ryan) e suas três irmãs pequenas até Asteroid City, para o jovem participar de um concurso de astrônomos mirins na cidade interiorana no meio do nada, cuja maior atração é uma antiga cratera da colisão de um meteorito.
Augie está escondendo dos filhos o fato de que a mãe da família morreu há três semanas, e que planeja deixar as crianças com o avô ricaço, Stanley Zak (Tom Hanks). Antes que pudesse propriamente se explicar, a cidade é visitada por um alienígena e a família se vê presa em Asteroid City, junto com uma famosa atriz de cinema, uma professora com sua turma de alunos em excursão, um grupo de cowboys e outras figuras do tipo.
De cara já podemos presenciar uma característica muito importante das obras do diretor: os inúmeros e excêntricos personagens que movimentam a trama.
Aqui assim como em A Crônica Francesa, Anderson reproduz o conceito de histórias dentro de histórias pelo qual vem se apaixonando mais e mais, novamente usando o conceito da obra para informar a estrutura. Se na obra anterior, o cineasta usava o formato a lá matérias de jornais, aqui tudo é construído como um teatro com 3 atos e um intervalo, além de um epílogo.
Por ser ambientado em 1955, quando a ameaça comunista se fez metáfora nos filmes B americanos com histórias de invasões alienígenas, logo não faltam tensões e emoções paranóica a serem vividas até na cidade pequena, e o roteiro de Anderson e Roman Coppola é muito sagaz em brincar com isso.
E dentro de toda essa excentridade que os personagens carregam, há o desejo de entender e se encontrar em um mundo em constante mudança, seja as mais pessoais com Augie, ou em uma escala maior como Wodrow, Midge e outros.
Claro que tudo isso não seria possível se seu elenco não fosse deveras incrível. E olhe que o número de astros é de encher os olhos!
De veteranos com o diretor temos Jason Schwartzmann, Tilda Swinton, Edward Norton, Adrien Brody, Jeffrey Wright, Willem Dafoe, Liev Schreiber, Jeff Goldblum, junto a novatos badalados como Tom Hanks, Scarlett Johansson, Bryan Cranston e Margot Robbie que fazem sua estréia no meio excêntrico de Anderson, todos tem seu momento.
Anderson adora combinar e contrastar a exatidão de sua abordagem como diretor — indo da direção de arte caprichosa até os sets minimamente detalhados, passando pelo blocking cauteloso e chegando até as inserções lúdicas — com o caos interior de seus personagens.
Pra finalizar, posso dizer que Asteroid City é mais um filme excêntrico de Wes Anderson. O diretor se utiliza de sua casinha de brinquedo para nos mostrar uma história que nos questiona porque de contamos histórias e como as experiências vividas na tela carregam tanto peso quanto as da realidade. Como fala um personagem durante o filme: “Você não pode acordar se não pegar no sono” Wes Anderson sendo Wes Anderson!