Alçado a níveis de novo fenômeno cultural dos últimos anos, o live-action da boneca mais famosa do mundo finalmente chega as telas dos cinemas.
Durante muitos anos, o projeto passou por inúmeros estúdios e diretores, mas parecia que ninguém sabia como adaptar a personagem para um longa de carne e osso. Eis que Greta Grewing juntamente com Margot Robbie chamaram a responsabilidade de fazer muito mais que um filme de uma marca de brinquedo, mas um filme evento que trabalha sem medo assuntos espinhosos, ao mesmo tempo que diverte quem conhece e brincava com a boneca em sua infância.
A trama mostra que no mundo mágico da Barbielândia, todo dia é perfeito. Cada Barbie, seja ela uma médica, uma veterinária, uma sereia ou até mesmo a presidente, encara um novo amanhecer com uma chuva de otimismo. Afinal, quem não estaria feliz vivendo na Casa dos Sonhos, onde a água do chuveiro está sempre quentinha e você sempre flutua majestosamente para dentro de seu conversível rosa?
É essa rotina que Barbie (Margot Robbie) quer viver pelo resto de sua vida. No entanto, as coisas começam a ficar esquisitas quando questionamentos existenciais – e até dúvidas sobre a morte – surgem na cabeça da boneca. Barbie, então, parte em uma jornada desafiadora pelo Mundo Real para tentar (re)descobrir a verdadeira fonte da felicidade. Mas o que ela encontra no caminho pode ser ainda mais valioso do que conseguir andar na ponta dos pés, basta que a boneca se permita querer.
O roteiro de Gerwig e Noah Baumbach é afiadíssimo em conduzir a história contrapondo o peso e a leveza necessários em cada momento. Barbie olha para a própria história e mistura a jornada de sua protagonista com vários problemas extremamente reais.
E ao se apropriar da imagem estereotipada da Barbie, a diretora reverte tudo aquilo que o nosso imaginário associa à boneca, construindo uma narrativa encantadora e, de certa maneira, melancólica sobre o que é ser mulher no século XXI, enquanto esbanja comentários ácidos sobre masculinidade tóxica e críticas ao sujo sistema patriarcal.
Já mostrando seu olhar afiado de outros projetos como Lady Bird e Adoráveis Mulheres, Grewing conduz um projeto que em outras mãos soaria como um típico filme de marca, em um projeto que mesmo com a proporção de um blockbuster tem o cuidado e estilo de uma produção independente. O design de produção é deslumbrante e traduz a Barbielandia, assim como o mundo real com distinção precisa! O rosa vívido dos momentos das bonecas, assim como o azul dos Kens são brega, e com isso perfeitos na sua proposta, assim como o tom mais padrão do mundo real, Barbie é um projeto magistral que a diretora e sua equipe fizeram aqui.
Claro que o elenco dá um show a parte e se jogam de cabeça no projeto. A Margot Robbie traduz a imagem e trajetos da famosa boneca e seus dilemas e descobertas ganham camadas bem amplas que a atriz definitivamente soube explorar. Outro grande destaque está em Ryan Gosling que entrega em seu Ken, o personagem que muitos podem achar uma piada, mas que entrega muito mais que isso, e em muitas vezes é um reflexo atual de alguns machões. Para aqueles que entenderem a proposta, com certeza verão que Gosling fez um trabalho incrivelmente perfeito e foi a escolha certa para o Ken. Outros destaques estão para Kate McKinnon com sua Barbie Esquisita e a America Ferreira como uma personagem do mundo real que traz com certeza um dos melhores monólogos do longa.
Pra finalizar, Barbie não tem medo de tocar em assuntos espinhosos, e faz tudo isso com um toque cor de rosa. É divertido, nostálgico e emocionante de muitas maneiras. Sem dúvidas o evento do ano!!!