Análise – Uncharted 4: A Thief’s End

Emile Campos
8 Min de Leitura

Uncharted chegou em 2007 ao Playstation 3 e se tornou de cara um dos games mais celebrado do console.A produtora Naughty Dog criou uma obra ousada e emocionante, que fugiu dos padrões de jogos de ação e aventura para criar uma história absolutamente envolvente e emocionante.

Depois de 2 continuações de sucesso, eis que a serie chega ao Playstation 4 com status de ser o carro chefe do console em 2016,e depois de inúmeros atrasos será que o título é uma despedida digna e faz jus ao legado construído nos últimos 10 anos pela série mais ambiciosa e prestigiada dos consoles da Sony?

A Thief’s End de fato encerra a jornada de Nathan da maneira que ele e os fãs merecem, mas algumas mudanças são ousadas o suficiente para distanciar o game de seus antecessores de maneira positiva. Uma delas é o cuidado e atenção extra com a história do jogo, sendo esta a mais bem elaborada da franquia.

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Em Uncharted 4, Nate precisa deixar sua “vida normal” com Elena para atender um pedido de ajuda de seu irmão mais velho, Sam Drake — personagem inédito na série e que, por sinal, não havia sido mencionado em nenhum momento pelo protagonista. O game aproveita de flashbacks para explicar a relação e o passado dos irmãos, resultando em um ciclo narrativo extremamente satisfatório para aqueles que estão curiosos em descobrir as origens de Nathan Drake.

Com a ajuda do carismático Victor Sullivan (Sully, para os íntimos), os irmãos partem em busca do tesouro há muito tempo perdido do capitão pirata Henry Avery. Aqui, a Naughty Dog acertou em construir um contexto histórico fácil de entender e mais interessante do que dos outros games da franquia. Para incrementar a história que a dupla está investigando, o jogador pode encontrar bilhetes, cartas ou símbolos espalhados pelos ambientes — se encontrados, Nate toma nota no bloco de anotações e eles poderão ser úteis para a solução de quebra-cabeças.

A relação entre os irmãos é uma boa novidade para a interação entre os personagens de Uncharted — ela não só é o ponto principal da trama, como também influencia a amizade de Nathan com Sully e seu casamento com Elena. Sam é o típico irmão mais velho: não tem medo do perigo e faz piadas quando pode.

Como qualquer outra narrativa da Naughty Dog, o jogo é certeiro em balancear momentos de história com exploração, resolução de puzzles e tiroteios em terceira pessoa. Em “Uncharted 4: A Thief’s End”, essas qualidades são levadas a outro nível de transição entre todas essas seções. Existe todo um cuidado para nunca deixar uma parte se sobressair sobre a outra, ao passo que cada uma delas confere um peso ideal de importância e impacto dentro da construção geral de como os eventos, que agora estão mais sérios e igualmente épicos, são mostrados ao longo da aventura. Alguns capítulos a mais adentro e o jogador já está completamente envolvido com as personalidades dos novos personagens e sedento para saber como tudo vai ser concluído.

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A jogabilidade do game  retoma os clássicos tiroteios em terceira pessoa à base de muita cobertura. Elementos de plataforma permitem ao protagonista se pendurar, escalar e percorrer os cenários na busca pelos caminhos certos para seguir ou para buscar segredos ocultos. Os controles são absurdamente precisos, responsivos e rapidamente adaptáveis, nada de diferente do que já se espera de um jogo da franquia.

Os cenarios são bem mais amplos, passando uma sensação maior de aventura e exploração do que qualquer outro game da serie. Ainda existem trechos lineares em que o personagem apenas interage com objetos ou fala com personagens secundários, mas boa parte das suas principais ações e cenas de combate acontecem em áreas livres de limites de exploração e de movimentação.

Outras duas camadas de inovações incorporadas à jogabilidade da franquia são a inclusão de um gancho de apoio e de elementos de infiltração. O primeiro serve não apenas para função de deslocamento do personagem, mas também como recurso de ataque surpresa das alturas, usando galhos de árvores ou estrutura de madeira como suporte central. Já o segundo elemento permite ao herói se esconder em matagais mais densos para elaborar formas de incursão silenciosas e certeiras, eliminando inimigos desaviados e acumulando mortes despercebidas.

O bacana de todas essas novidades trazidas pelo game é poder utilizá-las simultaneamente. É a na hora do desespero e da correria dos combates em terceira pessoa que o jogo mostra o seu verdadeiro potencial como uma experiência cinematográfica recheada de momentos marcantes e com gameplay bem casado com a proposta.

No quesito graficos, sem dúvidas, o game não apenas é o mais bonito do Playstation 4, mas também entre todos os consoles desta geração. E não é exagero afirmar que não existe produção mais impecável tecnicamente, em termos de polimento e esmero no desenvolvimento de um jogo eletrônico, em qualquer plataforma do mercado, inclusive no PC. Simplesmente não existem concorrentes por aqui.(nem venha com xbox mil grau falando mal!).

Os cenários mais abertos são absurdamente deslumbrantes e têm um senso de escala colossal, do tipo que desviam a atenção do jogador só para ficar admirando o capricho da produção. Em locais mais fechados, o foco passa para o preenchimento detalhado e minucioso de objetos e estruturas que compõem cada terreno, edificação, tumba, floresta e até mesmo no fundo do mar, com características pertinentes de cada área e sempre bem contextualizadas com a história.

As animações dos personagens também têm grande destaque na produção. A tecnologia de captura de movimentos, incluindo a reprodução das expressões faciais, definitivamente superam a de qualquer outro jogo. As texturas estão extremamente realistas, precisas e consistentes, vigor que também se repete nos efeitos gráficos complementares de iluminação, fumaça, reflexos em água, explosões e de partículas flutuantes, agindo conjuntamente como elementos adicionais na imersão absoluta do jogador.

A trilha sonora também não deixa a desejar, sendo um instrumento a mais para a narrativa, realçando a importância,dramaticidade e apelo emocional na jogatina.

Uncharted 4: A Thief’s End supera todas as expectativas ao entregar um pacote completo para o que se espera de um grande game. Jogabilidade prazerosa, gráficos impressionantes, narrativa envolvente e vigor sonoro se completam numa experiência sem precedentes que vai ser lembrada para sempre como exemplo de despedida triunfal de uma franquia consagrada. É, definitivamente, o melhor jogo disponível no Playstation 4. Mais do que isso: é candidato fortíssimo – e provável vencedor – a qualquer prêmio de melhor game do ano em 2016.

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