O Crime é Meu se passa na década de 1930, quando Madeleine (Nadia Tereszkiewicz), uma atriz jovem, pobre e sem talento, é acusada de assassinar um famoso produtor. Sua melhor amiga, Pauline (Rebecca Marder), uma advogada desempregada, a defende, e a jovem é absolvida por legítima defesa. Então uma nova vida de fama e sucesso começa para Madeleine, mas os dias de glória rapidamente chegam ao fim. Quando a verdade por trás do crime é finalmente revelada, Madeleine pode perder toda a notoriedade que alcançou.
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Com sua livre adaptação da peça francesa de 1934, Mon crime, de Georges Berr e Louis Verneuil, O Crime é Meu mistura um tom carregado de inspirações em filmes da década de 1950 com a própria linguagem teatral da obra original, e entrega um longa rápido e permeado de metalinguagem. Entre o mistério e a comédia, o roteiro fecha ciclos e abre outros numa profusão de cenas que dificilmente um espectador distraído irá conseguir acompanhar.
Um homem morreu e a principal suspeita, que a princípio nega ser a culpada, confessa o crime ao pesar as vantagens e desvantagens daquela situação. O mistério em torno da história fica claro desde o início, assim como a motivação de todos os personagem segue uma linha linear e evoluem de forma consistente. “Meu crime deixou as mulheres loucas”, afirma Madeline em certo momento, e é bem isso que acontece, mas não só as mulheres parecem ter entrado nesse frenesi duvidoso e sim toda a cidade. Quiçá, toda a França.
O filme, inesperadamente – ao menos para mim, que assisti a produção apenas sabendo seu título e com uma sinopse de três linhas na mão -, é quase um manifesto feminista, mas que faz deliciosas piadas consigo mesmo. As atuações de Rebecca e Nadia são a força motriz que nos prende as telas, pois é quase tangível a cumplicidade que ambas têm na tela e isso reflete muito bem na cumplicidade das melhores amigas que interpretam. Elas são rápidas e parecem ler não só os pensamentos, mas as necessidades uma da outra, dando ao roteiro dinamismo, e um sentido muito próprio e peculiar.
Porém, esse ritmo acelerado da história pode desnortear em alguns momentos. Entre intrincados diálogos, com tons de comédia e manipulação quase sempre presentes, não é difícil se sentir tonto ou mesmo perdido em meio aos jogos de palavras e ironias. É um filme que possui um ritmo próprio e que diverte, mas que também exige atenção de quem assiste. A sensação, em algumas sequências de cena, é que não há tempo ou espaço para um respiro: o ritmo é aquele, ou você acompanha ou ficará boiando em vinho francês.
Isso, claro, torna O Crime é Meu o que ele nasceu para ser, porque muitas vezes ele debocha de si mesmo: seu roteiro, enredo e personagens. Até mesmo da arte do cinema em si. É um filme que pode se tornar memorável para alguns justamente por causa desse ritmo peculiar em meio a tantas produções que, mesmo sendo interessantes, possuem características básicas que as deixam em nichos próximos. A verdade é que O Crime é Meu parece entregar mais do que promete em seu trailer, pois as chances de ser surpreendido enquanto assiste é grande, seja positiva ou negativamente.