Lançado em 1981, Indiana Jones definiu um padrão do gênero caça ao tesouro nos cinemas e porque não na cultura pop como um todo.
O destemido aventureiro protagonizado por Harrison Ford ganhou mais 3 sequências, sendo sua última lançada em 2008 a mais divisiva.
Bom, quinze anos após O Reino da Caveira de Cristal, o personagem vêm vestir seu chapéu e seu chicote para talvez sua aventura final, afinal o tempo chega para todos e incluindo nosso Indy. Indiana Jones e a Relíquia do Destino aposta em aventura clássica do personagem sem muitos riscos, mas extramamente honrosa e emocional com essa figura que ao longo de 40 anos nos proporcionou ótimas aventuras.
O longa é situado no início dos anos 1970, época de diversas mudanças culturais nos EUA e no mundo. Indy (Ford) é um professor universitário prestes a se aposentar e sente na pele as transformações que estão acontecendo. É como se o mundo não tivesse mais lugar para um homem vivido como ele, e para seus conhecimentos. Nesse contexto, surge Helena (Phoebe Waller-Bridge), afilhada do protagonista, que o coloca em uma nova aventura em busca de um artefato poderoso.
É indo nessa premissa, que o longa do diretor James Mangold (que substitui Spielberg pela primeira vez na franquia) se utiliza para brincar com o velho e o novo, passado e futuro, tradição e mordenidade.
Em um primeiro vislumbre, sentado em uma poltrona, o aventureiro esbanja fragilidade e um certo ar destoante do mundo ao seu redor, algo completamente diferente daquela figura heroica que conhecemos em Os Caçadores da Arca Perdida (1981), em que apenas uma sombra era capaz de demonstrar toda a sua imponência.
É dessa forma que o filme decide resgatar a imagem de Harrison Ford e nos mostrar que todos somos vítimas do tempos, mas ainda sim sem deixar que isso diminuia sua força e presença em tela.
O roteiro mesmo com essa proposta, procura se colocar em um lugar seguro e explorar várias coisas já vistas em muitas das aventuras do personagem. Para os fãs, muito dessas passagens e momentos certamente farão a emoção e o carinho pela franquia ser um passeio gostoso, para os não acostumado com ela irá soar como uma boa e divertida aventura do gênero.
Apesar de jogar no seguro e trazer muitos elementos de outros filmes da franquia, Mangold não abusa da nostalgia forçada que algumas produções recentes entregam e foca mais no já citado conflito geracional, às vezes até de forma visual. Por exemplo, em uma determinada cena, por exemplo, Indiana usa um cavalo para fugir, enquanto seu algoz usa uma moto para tentar superar sua velocidade.
Não é que a trama de agora seja perfeita (longe disso), mas não se pode negar que a insistência de Mangold por efeitos especiais/práticos, e não visuais, proporciona entretenimento de ótima qualidade, em especial os momentos embaixo d’água. Uma cena de perseguição é tão bem conduzida e caótica ao mesmo tempo, que merece aplausos pela forma como é projetada.
Em termos de atuação, Harrison Ford entrega o que se espera de um Indiana Jones neste momento da vida: uma certa amargura diante de alguns momentos de sua vida, mas ao mesmo tempo o esplendor de uma vivenciar uma nova jornada.
Phoebe Waller-Bridge também merece destaque pela construção dúbia de sua Helena, uma personagem que gera uma interação incrivelmente divertida e intrépida com Indy.
Pra finalizar, mesmo apostando na clássica estrutura da franquia, Indiana Jones e a Relíquia do Destino é reencontro nostálgico e um desfecho honroso que faz jus ao nosso querido Indiana Jones e que com certeza ao final da sessão o fã se sentirá de coração quente por poder vivenciar e se despedir de um personagem tão querido na cultura pop.