Varias produções homenageia o cinema resgatando o brilho da experiência cinematográfica sendo um magnifico espetáculo! O diretor Damien Chazelle que despontou com excelente Whiplash seguido do adorável La La Land (que lhe deu seu primeiro Oscar), além do intimo O Primeiro Homem vêm para prestar sua homenagem trazendo uma Hollywood caótica, barulhenta, problemática e imortal em seu novo e ousado projeto: Babilônia.
Babilônia é situado no final da década de 1920, quando Hollywood passa por um período de grande mudança, com a transição do cinema mudo para os filmes falados. Desta forma, acompanhamos a ascensão e queda de vários personagens durante uma era de decadência desenfreada e depravação. Entre eles, temos uma grande estrela da indústria, cheia de sucessos de bilheteria, Nellie LaRoy (Margot Robbie), que ascende em sua carreira, migrando com sucesso de um modelo cinematográfico para o outro.
Detonado pela crítica lá fora, eu consigo compreender o porque dessa revolta após sair da sessão de Babilônia. Chazelle sempre se mostrou um grande conhecedor e admirador da história do cinema, e ao contrario de outros realizadores que mostram a magia da experiência do cinema, o realizador aqui está menos interessado em um olhar romantizado e mais em contar uma história crua sobre as mudanças na sociedade que impactaram os primórdios da indústria de Hollywood, onde muitos artistas não conseguiram sobreviver à transição do cinema mudo para o falado, mas também ao mesmo tempo fala dessa magia que é a sétima arte assim como critica a industria. O mais surpreendente é que consegue acertar a mão no equilíbrio, ainda que sua duração excessiva desperdiça o potencial completo da obra.
Para inserir o espectador na obra, Chazelle, juntamente com um impressionante design de produção cria uma obra frenética e sem pudores que une o podre e glamouroso de forma absurda. Quando se concentra na jornada artística de seus principais personagens, Babilônia é primoroso, mostrando diferentes perspectivas. Entre eles, estão a aspirante a atriz Nellie LaRoy (Margot Robbie), o mexicano-americano Manny Torres (Diego Calva) que deseja entrar para a indústria cinematográfica e também a estrela do cinema mudo Jack Conrad (Brad Pitt). Com eles, o espectador consegue observar dois lados de mesma moeda, a busca e persistência pela arte, assim como também a destruição de sonhos numa indústria em transição, repleta de tragédias, egos e competitividade.
O grande problema é que por tentar ser tão babilônico, por conta dos próprios excessos que apresenta na narrativa, fica complicado para o próprio cineasta de conter o caos instaurado. A duração excessiva acaba se tornando algumas cansativos, já que necessitava de algumas passagens e arcos de personagens a serem expandidos.
O enorme charme de Margot Robbie é muito bem utilizado como Nellie LaRoy, que se vê transitando entre amada e odiada pelo público no espaço de poucos anos. O Jack Conrad do Brad Pitt parece até fazer uma reflexão para o ator sobre a carreira artística. Em seu primeiro grande longa-metragem, Diego Calva é uma ótima surpresa da produção – principalmente por sua trajetória ser a que melhor conversa com o público, nesse olhar mais verdadeiro sobre a busca pelos sonhos e persistência artística.
Justin Hurwitz, colaborador de longa data do cineasta e vencedor de dois Oscars por La La Land, apresenta novamente um trabalho notável na trilha sonora grandiosa do filme, sendo a força motriz pulsante e frenética por trás dessas quase 3 horas de duração, mesclando diferentes ritmos, instrumentos e melodias conforme a necessidade. A parte tecnica é esplendida como mencionei da direção de arte, que juntamente do trabalho e controle de direção do cineasta somos emergidos para aquele frenesi.
Babilônia é uma obra frenética, que sim tem paixão pelo cinema, mas não da forma mais branda e magica, mas por retratar uma época glamourosa mas cheia de excessos e caos. Damien Chazelle nos traz seu projeto mais ambicioso que mesmo pecando em alguns momentos mostra o porque é um dos grandes realizadores da sua geração.