Depois de mais de 10 anos após anunciado no papel, Dwaywe “The Rock” Johnson e seu imponente Adão Negro chega as telonas para seu tão esperado longa. O astro se utilizou do seu enorme carisma e persona na indústria de Hollywood para trazer o personagem pouco conhecido do grande público a ganhar seu filme solo no problemático universo DC, só mostra a dedicação e paixão para um projeto.
Adão Negro é o que se pode chamar de autêntico e honesto filme de super-herói com estilo e carisma de The Rock. O filme tem uma história básica de origem como tantas outras no gênero, mas sabiamente se utiliza de todos os clichês para criar um longa energético, divertido e que cumpre com o que se espera de uma produção desse segmento.
O filme conta a história de Teth-Adam (Dwaywe Johnson), que retorna após milênios desaparecido. Escravo que ganhou poderes mágicos na era antiga do fictício país Kahndaq, seu potencial de destruição chama a atenção da Sociedade da Justiça, um grupo de heróis que assume a missão de impedir que o vigilante se torne uma ameaça.
O texto de Adão Negro, escrito pelo trio Adam Sztykiel (trabalhou com The Rock em Rampage: Destruição Total lá de 2018), Rory Haines e Sohrab Noshirvani (trabalharam juntos em O Mauritano), consegue se utilizar de todos os clichês do gênero para traçar a mitologia que cerca a figura de Adão Negro, assim como conecta-lo ao universo e personagens da DC nos cinemas, e fazer um paralelo interessante (ainda que superficial) sobre o conceito de bem e mal e um pouco de crítica geopolítica , tudo isso em 2 horas interruptas de ação e pancadaria.
Outro ponto a destacar da produção é como ela tenta conciliar diferentes elementos do Universo DC dos cinemas. É como se tentasse agradar, de uma só vez, quem se encantou com a história de época de Mulher-Maravilha (2017), os apreciadores dos heróis moralmente ambíguos e a estética e estilo de filmagem de Zack Snyder e até quem se agradou com a reflexão sobre a postura dos EUA – e seus super-heróis – mediante a conflitos externos, mostrada em O Esquadrão Suicida (2021). Claro que tudo isso adicionado ao rotulo “filme do The Rock” já que o carisma do astro é tão grande quanto o poder do seu personagem e é utilizada como camuflagem para se destoar do que já é feito no gênero hoje, mesmo que ainda seja algo já visto várias e várias vezes! É o caso de como um astro da sua magnitude consegue fazer um produto ser um grandioso projeto de entretenimento.
Outro destaque é a ação e pancadaria! Se você está esperando por muita porrada, aqui não é exagero dizer que o longa quase não para no seu ritmo incessante e porradaria desenfreada. Esse frenesi pode ser um problema para alguns já que muitas coisas poderiam ser melhor desenvolvidas com um ritmo mais candeciado, mas aqui não é o caso e quem espera isso é um prato cheio. A direção de Jaume Collet-Serra (aqui um pouco fora do seu estilo, mas fazendo um bom trabalho) propõe combates e cenas de ação grandiosas que realmente parecem saídos das páginas dos quadrinhos. Juntamente com a fotografia de Lawrence Sher (Coringa), o cineasta acerta ao tornar os conflitos plasticamente belos e empolgantes, e incrivelmente bem situadas, mesmo com o uso de muito CGi e a câmera lenta, tudo se encaixa bem para o filme se manter no 220v. A trilha sonora assinada por Lorne Balfer carrega bem a energia do filme e dita seu ritmo intenso.
Eu falei da questão geopolítica no texto do filme né? De jeito até mais superficial que o apresentado em O Esquadrão Suicida, o longa aqui traz mais uma vez uma crítica às políticas intervencionistas dos EUA, dessa vez usando o paralelo entre o fictício Kandahq e o Iraque do mundo real com participação da Sociedade da Justiça na história. A questão é bem interessante de se analisar, mas como não é o foco do texto explorar esses pontos de forma maior e abrangente, tudo aqui é bem raso.
Nem preciso dizer que Dwaywe Johnson é o Adão Negro que ele concebeu durante anos! O astro tem o carisma para compensar qualquer papel e só fazendo cara de mau e dando porrada ele está perfeito. E outro destaque aqui é que a dedicação do astro ao personagem é tamanha que Johnson está no auge da sua forma física!
A Sociedade da Justiça da América tem sua apresentação apesar de não ter um desenvolvimento maior, consegue ser bem estabelecida na trama. Aldis Hodge se destaca pela entrega ao Gavião Negro, como um líder em ascensão; Pierce Brosnan está à vontade como o mais experiente Sr. Destino e que chega a roubar a cena em alguns momentos; Quintessa Swindell chama a atenção e é bem provável que o mundo a enxergue muito mais a partir de agora com a sua doce e sorridente Ciclone; e Noah Centineo agarra seu Esmaga Atomos com o ótimo timing cômico que tem.
O núcleo “humano” temos o bom carisma do ator Mohammed Amer, como Karim, um personagem que está intrinsecamente conectado com a personagem Adrianna (Sarah Shahi, muito bem também) e seu filho Amon (Bodhi Sabongui) que lutam para tirar a Kahndaq moderna da mão de mercenários.
Talvez o ponto fraco que quero destacar aqui, seja o vilão do filme que é mais um para roll dos vilões bleh da DC quase que parecendo um personagem de vídeo game.
Adão Negro é a prova que filmes de super-heróis não precisam ser sempre um Vingadores: Ultimato ou um Batman Vs. Superman para serem bons e divertidos. O longa traz uma aventura cheia de ação, divertida e que consegue entreter do início ao fim como deve ser uma produção desse estilo. Agora é esperar que os rumos do DCEU sejam tão agradáveis como foi essa produção, porque se depender de The Rock o futuro promete coisas ainda mais poderosas!
OBS: O longa tem uma cena pós-crédito que com certeza fará os fãs vibrarem na sala de cinema!