Não Se Preocupe, Querida | Suspense de Olivia Wilde é cheio de boas ideias, mas escorrega em suas próprias pretensões

Danilo de Oliveira
6 Min de Leitura
Warner Bros./Reprodução

Não Se Preocupe, Querida com certeza será um filme mais lembrado por seus bastidores do que por seus méritos. Longe de ser ruim, o filme de suspense dirigido por Olivia Wilde é intrigante, traz boas ideias, mas desliza assim como longas do diretor M. Night Shaymalan, na pretensão de seu plot twist.

Mas a polêmica de bastidores é um dos fatos mais marcante do longa! Seja por fofocas nos bastidores envolvendo Olivia Wilde e Florence Pugh ou pelo comportamento errático de Harry Styles na divulgação, o novo longa da Warner Bros. Discovery tem muitas histórias que com certeza não caíram bem para sua recepção, principalmente no Festival de Veneza desse ano.

O filme tem como protagonista Alice (Florence Pugh), na figura de uma esposa perfeita para Jack (Harry Styles), com quem vive em uma casa de catálogo de revista em um bairro da década de 1950, dividido com vizinhos igualmente impecáveis. A sinopse já é o bastante para deixar claro que, obviamente, há algo de errado escondido nessa perfeição e o filme nos mostra as falhas desse sistema através da perspectiva de Alice, que começa a experienciar espécies de flashes com memórias confusas.

Warner Bros./Reprodução

A partir daí, o longa vai e vem pelo dia a dia das esposas do bairro, que se ocupam com atividades simples – mas quase mandatórias – enquanto os maridos estão “fazendo algo muito importante”. Nenhuma delas parece saber exatamente onde eles estão durante o dia, mas são pressionadas a nunca perguntar sobre detalhes. Tudo isso sob a liderança de outro casal, ainda mais enigmático, formado por Shelley (Gemma Chan) e Frank (Chris Pine), chefe do projeto que está sendo desenvolvido no local.

Escrito por Katie Silberman (também de Fora de Série, primeiro longa de Wilde) com base em um rascunho de Carey Shane Van Dyke, o texto privilegia a tensão paranoica do velha ideia do “algo de errado não está certo” o problema é que juntamente da longa duração, o filme tenta mas não consegue sustentar sua estrutura por muito tempo, já que as pistas sobre o segredo mantido ali não são pontuadas de forma mais gradual, e que em vez disso, a cineasta pula muito diretamente do “despertar” de Alice para sua revelação e a jornada não importa tanto. Nada é muito explorado, a protagonista questiona sua realidade, mas não há explora juntamente do espectador, logo depois as informações são ditas e aí fica um certo gosto amargo por algo que poderia ser muito melhor, mas não entrega.

Eu não quero dar spoiler, mas a conjuntura apresentada aqui é uma junção de O Shown de Thruman com Wandavision, onde seu plot é meio na pegada dos longas do Shaymalan, que pode ser 8 ou 80 para o público que está assistindo. A história e o contexto apresentados na resolução do mistério fazem sentido e os poucos detalhes explorados são interessantes. Porém como eu falei acima, isso tudo poderia ser muito mais impactante e inesperado se os detalhes fossem mais bem explorados. As ideias são boas, as temáticas sobre à idolatria do patriarcado cinquentista pelos homens é interessante, mas nem tudo é bem condensado na sua estrutura.

Warner Bros./Reprodução

Se seu roteiro tem seus deslizes, é na parte técnica e nas atuações os grandes destaques de Não se Preocupe, Querida. O visual dos anos 50 já é muito característico por si só, mas as escolhas visuais tornam a vizinhança de Alice e Jack tão encantadora quanto aterrorizante em uma perfeição que sufoca. A obsessão pela ordem faz parte da trama do filme e esse aspecto fica evidente no visual da escolha e, mais do que isso, se torna uma parte “viva” do que está sendo contado e das sensações pelas quais a protagonista passa.

Florence Pugh mostra novamente porque é uma das melhores atrizes da atualidade. Ela consegue carregar o filme e seus deslizes com um talento magnético. Sua versatilidade é impressionante e até quando os diálogos não ajudam a atriz faz parecer ter uma intensidade e suas facetas de paranoia e desespero são palpáveis. Outro destaque é Chris Pine, cuja presença magnética se torna um grande chamariz sempre que entra em cena. Harry Styles aqui talvez seja o ponto fora da curva, e não entrega nenhum carisma em suas cenas. Perto de Pugh o cantor perde feio e comprova que qualquer um ator poderia fazer seu papel no automático.

Não Se Preocupe, Querida está longe de ser um filme ruim. Ele ainda é um bom suspense, boas ideias, que vai entreter, mas aquém daquilo que poderia ser e que será marcado mais pelo burburinho de bastidores do que por seu roteiro.

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