Papai É Pop | Uma divertida e emocionante lição sobre paternidade

Danilo de Oliveira
4 Min de Leitura
Galeria Distribuidora/Reprodução

O que é ser pai? Essa pergunta e um conjunto de temas bem interessantes de se explorar sobre a importância da paternidade  é o grande triunfo de Papai é Pop, nova comédia estrelada por Lazaro Ramos e Paola de Oliveira que estreia na semana do Dia dos Pais e se torna um excelente programa para o publico amante do cinema.

Tom (Lázaro Ramos) e Elisa (Paolla Oliveira) são casados e estão esperando a primeira filha. A expectativa é grande para o casal apaixonado, mas, depois que a pequena Laura (Malu Aloise, na fase já crescidinha) nasce, parece que tudo muda na dinâmica dos dois. De início, Tom se mostra presente e atencioso, porém, à medida que a bebê começa a demandar mais atenção e cuidados, e Elisa começa a solicitar mais participação de Tom, ele passa a se afastar, ficando cada vez mais fora de casa e justificando que sua vida não poderia mudar só por causa da filha deles. A partir daí, um ruído grave se instala na vida do casal, e os dois precisarão muito da ajuda da sogra Gladys (Elisa Lucinda) e do amigão Júlio (Leandro Ramos) para voltar a encontrar a harmonia de se viver em família.

Galeria Distribuidora/Reprodução

Adaptado do best seller de mesmo nome do escritor Marcos Piangers (que inclusive faz uma ponta no filme) o roteiro é extremamente sagaz em submergir de forma carregada de reflexões sobre empatia, afeto, responsabilidade e abandono, ainda que tenha um toque gostosamente divertido em muitas situações, é o drama que nos fisga mostrando, sem medo, a vida como ela é. O ritmo é bem cadenciado e todo desenvolvimento da transformação do homem Tom em um pai é sensível e ao mesmo tempo profunda.

Se quando nasce um filho, nasce um pai e uma mãe, por que pra mulher é mais fácil de ser mãe do que homem? Em que momento esses indivíduos assumem a paternidade para além do papel e das contas? Essa e outros questionamentos enraizados em nossa cultura são trazidos a tona, mas de maneira leve , ainda que entenda completamente sua complexidade.

Além do tema principal, o longa de Caito Ortiz não deixa de mostrar a sobrecarga que recai às mães enquanto elas devem pacientemente esperar que o homem amadureça no tempo deles, enquanto elas, como diz o protagonista, já vêm prontas. Outro ponto a destacar do enredo é  a personagem de Elisa Lucinda, uma sogra/mãe diferente do que comumente é apresentado estereotipadamente em produções de gênero: aqui a atriz dá vida a uma Gladys justa, amorosa, fortaleza, que percebe os erros do filho e não tem medo de apontá-los, em vez de super protegê-lo tão somente por ser seu filho; ao contrário, como mãe, ela o educa a ser um pai melhor, um pai em todos os momentos. Afinal, tudo começa na educação dos filhos.

Galeria Distribuidora/Reprodução

Lázaro Ramos entrega um Tom perfeito. De um completo imaturo ao desenvolto e amadurecido pai e pessoa, Ramos mostra sua versatilidade e porque é um dos melhores atores de sua geração. Já Paolla Oliveira consegue ser ainda mais incrível e rouba a cena com uma performance intensa e muito natural. A química da dupla é visível e funciona, algo que torna toda a história muito mais magnética.

Papai é Pop é uma daquelas comédias que você não dá nada, e acaba tomando uma rasteira, tamanho o quanto surpreendente é o seu texto sensível e reflexivo. Ainda que traga um humor leve, o intuito aqui é ir mais fundo e além da sala de cinema!

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