O gênero do terror de tempos em tempos adora utilizar de tendências e inovações para suas narrativas. Lembrando um pouco o thriller Hush: A Morte Ouve, o novo Veja Por Mim, se utiliza de uma protagonista PCD, para sobreviver de uma situação que se pra uma pessoa sem deficiência seria aterrorizante, imagina para uma sem visão?
Na trama, Sophie (Skyler Davenport),uma jovem atleta de alta performance no esqui, mas, após um acidente fatal, ela perde completamente a visão, enxergando apenas vultos de luz. Desde então, tenta ao máximo ser independente e se virar sozinha fazendo as coisas, porém sua mãe (Natalie Brown) tenta protegê-la, forçando um capacitismo que a irrita. Quando Sophie consegue um trabalho de cuidadora de gatos para uma mulher rica que sairá de viagem, ela se muda para a casa desta, de modo a cuidar do animalzinho e também da casa, mas num piscar de olhos este trabalho tranquilo transforma-se num pesadelo quando três ladrões invadem a casa à procura de um esconderijo. A sua única forma de defesa é a aplicação Veja Por Mim que se conecta a um voluntário do outro lado do país que a ajuda a sobreviver ao ver por si. Com a ajuda de Kelly, uma veterana do exército, que passa o dia a jogar jogos de tiros, Sophie tenta sobreviver na escuridão. Sophie vai precisar de toda a ajuda possível – mas no final o que parecia ser uma adolescente cega indefesa, poderá revelar-se muito mais do que isso.
Tudo bem que em Veja Por Mim, não há tanto assim uma novidade, vendo que já vimos no caso o ótimo O Homem nas Trevas, ou se falando de outra deficiência no caso a auditiva com o já mencionado Hush, a diferença, claro, está em trazer uma personagem mais jovem contra os ladrões e ser uma atriz realmente com deficiência visual, o que traz nesse quesito uma maior imersão para as ações aqui tomadas.
Outro ponto a destacar do roteiro é que ele não abusa tanto daquele clichê chato da personagem que toma ações “burras” e também não suaviza ou traz uma protagonista coitadinha ou da vitima indefesa. Sophie tem um bom desenvolvimento e rapidamente sabemos sobre seus dilemas e seu comportamento um tanto áspero, sendo mal educada e até tendo ações bem mal intencionadas. É interessante nos importar por uma protagonista que não nada gente boa, mesmo sendo uma deficiente.
O aplicativo que dá nome ao filme, funciona como ferramenta para a personagem, ajudada desde seu início por Kelly, que trabalha como atendente do app, e nas horas vagas busca diversão em jogos de tiro, aqui, ela funciona literalmente como os olhos da protagonista, entre muitas brigas e aproximação, a dinâmica de cooperação das duas é feita. O celular é ferramenta essencial, mais ainda do que uma simples arma de fogo, por meio dele ela chama a polícia, baixa o app, e até usa-o para enganar os ladrões.
Apesar de um bom uso do cenário que é uma mansão que a direção traz uma pequena sensação labiríntica. O problema é que a boa ideia vai aos poucos perdendo força e principalmente pela ação pouco inventiva que o roteiro e a direção toma. E isso acaba oferecendo em um terceiro ato que joga no seguro e traz o que parecia um plot twist interessante para um encerramento previsível.
No mais, Veja Por Mim, é um interessante thriller de suspense para os amantes desse segmento. Poderia ser melhor abordado sua interessante ideia e criado um suspense tenso e claustrofóbico, mas ao menos ele faz o seu feijão com arroz