O cinema nacional adora uma comédia, isso já não é novidade! É um gênero que atrai um grande publico para as salas devido aos atores e comediantes tanto da TV como da internet e isso se torna um ótimo investimento.
O cinema de gênero as vezes tende a aparecer no mainstream e quando isso aparece é bem louvável de se ver. A comédia de ação Me Tira da Mira, o primeiro longa produzido por Cleo, apesar de beber bastante da comédia mainstream brazuka, tem suas ambições em trazer uma aventura nos moldes hollywoodiano repleta de referencias e trazendo a atriz para contracenar com pai (Fabio Jr.) e irmão (Fiuk) em cena.
Na historia, conhecemos a policial civil Roberta (Cleo), uma mulher corajosa que está insatisfeita com seu chefe, tem conflitos com o pai, Jorge (Fábio Jr.), que é delegado da polícia Federal e tem um relacionamento pouco resolvido com o policial Rodrigo (Sergio Guizé). Ela acaba se envolvendo na investigação sobre a morte da atriz Antuérpia Fox (Vera Fischer), o que a faz conhecer uma suspeita clínica de realinhamento energético. Caminhando por muitos mistérios, vários personagens vão cruzar seu caminho, como a psicóloga cheia de problemas emocionais Isabela (Bruna Ciocca), entre outros em uma trama repleta de ação, comédia.
Realmente Me Tira da Mira é corajoso em seu segmento de história. O roteiro escrito por cinco pessoas apesar de parecer ser uma trama policial em vários momento entrega uma confusão sem tamanho devido aos vários gênero embutidos. Felizmente, sua proposta galhofa e entrega do elenco ao proposto, acaba tornando esses inúmeros momentos em cenas hilárias. Há até um texto feminista rascunhado superficial, mas nada demais.
O grande destaque que eu posso dizer do filme é sua lista de coadjuvantes que fazem toda a comédia funcionar incrivelmente. Júlia Rabello, que interpreta a atriz cancelada Natasha, rouba o longa e seus momentos. A comediante, sem dúvida alguma, protagoniza as melhores cenas do filme, principalmente quando tenta encarnar Ruth e Raquel, as gêmeas mais famosas da teledramaturgia brasileira, interpretadas originalmente em Mulheres de Areia por Glória Pires em , mãe de Cleo (que, portanto, também está presente no longa, pelo menos de forma referencial). No entanto, o trabalho de Bruna Ciocca, Viih Tube e Gkay também merecem menção, todas muito bem no que fizeram.
Como eu disse o roteiro é simples, repleto de referencias e que abusa da galhofa sem medo e com isso, o timming cômico sempre se sai bem. O portunhol bizarro do bandido interpretado pelo ator Silvero Pereira (que até brinca em um momento com o sotaque rsrsrs!), o jeitão vilanesco dos capangas do mesmo, as referencias a Sr. e Sra Smith dos personagens de Cleo e Guizé entre outros pontos que provam como é despretensiosa a produção. Até Fabio Jr. usa vários trocadilhos com suas musicas em seus diálogos e a Gkay parece uma versão da Edna Moda dos Incríveis.
Com Cleo comprometida em seu primeiro projeto como produtora, Me Tira da Mira é um verdadeiro pot-pourri cinematográfico. É um daqueles projetos que não tem medo de ser uma salada mista em seu roteiro, sendo o mais puro entretenimento escapista que cinema nacional pode entregar.