Will Smith é um dos atores mais carismáticos e talentoso de sua geração e sua filmografia fala muito bem por si só. Desde de blockbuster como MIB – Homens de Preto a drama como Ali e A Procura da Felicidade, o ator sempre mostrou sua versatilidade e aqui em King Richard: Criando Campeãs, drama esportivo baseado na vida do pai das irmãs tenistas Venus e Serena Williams, Smith mostra mais uma vez seu talento e se coloca novamente com chances de fazer bem na temporada de premiações do cinema.
O longa segue a história de Richard Williams (Will Smith) um homem determinado, batalhador e honesto, que vê em suas filhas a possibilidade de, quem sabe um dia, sair da vida difícil que leva. Para isso, utiliza métodos intensos de treinamento com duas de suas cinco meninas – prodígios do esporte – fielmente confiante de que está diante das maiores estrelas do tênis. E, de fato, estava certo.
Sem querer ser apenas uma transposição em tela de datas e acontecimentos isolados que poderiam ser vistos na Wikipédia, o roteiro explora a relação de afeto, confiança e amor paterno, ao mesmo tempo que mostra a batalha densa e a responsabilidade que paira sobre os ombros de alguém que está destinado à algo grandioso. Will Smith convence do início ao fim de que este papel está sendo um abraço em seu coração e se entrega com todo seu carisma. Seus momentos ora dramáticos, ora divertido que o personagem passa com sua família fazem suas 2 horas e 20 minutos passarem de forma agradável, pois apesar de ser um filme biográfico, alguns pontos do roteiro tem boas subversões ao o que o gênero entrega e acaba proporcionando um bom engajamento diante um publico mais amplo.
Outra grande relevância do roteiro está na capacidade de provocar reflexão sobre o racismo estruturado e o preconceito (principalmente em um esporte quase aristocrático como o tênis), uma vez que mostra que aquela família negra precisa se esforçar duas vezes mais para ter seu devido sucesso.
A direção de Reinaldo Marcus Green não tem nada de incrível ou revolucionária, e nem precisa, já tem boa condução e bem polida e com ajuda da edição nos imerge nos varios sentimentos que a trama nos traz.
Assim como falei na crítica de Casa Gucci, a estrela de destaque aqui é o Will Smith. Sempre que seu Richard aparece ele ganha o centro das atenções, o ator consegue transmitir com maestria os aspectos físicos do personagem como a barba, os trejeitos na maneira de se comunicar e o sotaque de Richard Williams. Mas o que mais chama atenção na atuação de Smith é a forma como ele mostra a dor, a convicção, como ele conseguiu superar o seu passado e como ele vai fazer de tudo para que suas filhas não passem pelas mesmas situações que ele.
Seu elenco de apoio também não faz feio, Aunjanue Ellis (Se a Rua Beale Falasse) que interpreta a matriarca Oracene Price, uma figura forte e ao mesmo tempo delicada que, na maioria das vezes, era a única a se impor diante das decisões de Richard. As carismáticas atrizes mirins Saniyya Sidney como Venus e Demi Singleton como Serena também não fazem feio e tem uma química ótima com o ator.
King Richard: Criando Campeãs é poderoso e inspirador em sua história. Se utilizando da comoção com uma dose açucarada de diversão, o longa traz um olhar íntimo e extremamente pessoal de uma família que desafiou as probabilidades e o racismo para alcançar uma grandeza genuína e honesta. Richard cria suas campeãs e Will Smith estar criando sua nova e possível chance de ter seu Oscar.