Casa Gucci | Lady Gaga brilha em trama repleta de intriga e extravagância

Danilo de Oliveira
6 Min de Leitura
Universal Pictures/Reprodução

Há 15 anos, o cineasta Ridley Scott (que esse ano já realizou o ótimo O Ultimo Duelo) desejava realizar um filme sobre a queda da família dona da renomada grife italiana Gucci. Baseado no livro da autora Sara Gay Forden, Casa Gucci finalmente chega as telonas com um elenco estelar composto por Adam Driver (mais uma vez esse ano trabalhando com Scott), Al Pacino, Jeremy Irons, Jared Leto e claro Lady Gaga.

Certamente a cantora que despontou brilhantemente em Nasce Uma Estrela, toma os holofotes aqui com uma presença marcante de sua personagem Patrizia Reggiani. Em uma trama repleta de ambição, corrupção, ganância, traição e vingança em um dos impérios de moda mais renomados da história, Gaga alça seu nome para uma indicação no careca dourado, provando que não é sorte de principiante, e que sabe habilmente escolher seus projetos. Casa Gucci está longe de ser uma obra-prima, mas traz na força de seu elenco e na excentridade e extravagância de sua história seu chamariz.

A trama acompanha Patrizia (Lady Gaga) de seu encontro fortuito com Maurizio Gucci (Adam Driver) em uma festa até o momento em que foi condenada como mandante do assassinato dele, quase 30 anos depois. Neste meio tempo, os dois se casam e, conforme os outros membros da família Gucci morrem, são expostos por suas próprias falcatruas ou jogados para escanteio pela própria Patrizia, assumem uma posição de liderança na empresa – ou melhor, ele assume.

Adam Driver e Lady Gaga no filme e Maurizio Gucci e Patrizia Reggiani na vida real (Reprodução)

Passeando em vários momentos dessa controversa história o roteiro  Becky Johnston e Roberto Bentivegna explora o romance e casamento dos sonhos de Maurizio e Patrizia, sua desavenças com o pai (Jeremy Irons) e convivências com seu tio Aldo (Al Pacino) e seu primo Paolo (Jared Leto), o divorcio tumultuado e a venda das ações da empresa para uma corporação, tudo isso é colocado nas quase 2 horas e 40 minutos de filme.

A duração longa não incide em problema nenhum, o problema está em sua edição. Ao misturar tantos gêneros e tantos temas sendo quase que se considerando de “O Poderoso Chefão da moda” a montagem traz saltos temporais inexplicáveis, e arcos importantes — são deixados de fora do roteiro. Alguns desses momentos são tão abruptamente interrompidos que as vezes algo que poderia ser mais explorado não tem tanto foco assim. Apesar de ser autoconsciente em toda a sua irreverência, tentar apresentar vários tons narrativos e não enxugar melhor o que apresentar de sua excêntrica história acaba não conseguindo explorar o máximo dela.

Se por tentar na maioria das vezes o lado mais cinzento ao em vez de ser alegórico e até cafona como Ryan Murphy, tira o que poderia ter tornado Casa Gucci no clássico escapista, ao menos Scott tem como trunfo seu elenco competente e disposto a se jogar na proposta.

Adam Driver traz aqui uma performance contida e tímida, que contrata perfeitamente com a ferocidade da Patrizia Reggiani de Lady Gaga. Os dois possuem uma química inegável em tela e toda ascensão e queda nesse relacionamento é muito bem desenvolvida.  Al Pacino como Aldo Gucci traz estilos de seus icônicos papéis em clássicos da máfia como O Poderoso Chefão e Scarface, mas com uma dose cavalar de carisma e extravagância desde de seu primeiro momento. Sua cena em um telefonema em plena uma massagem é hilaria! Pegando embalo temos o irreconhecível Jared Leto numa maquiagem incrível de seu Paolo Gucci. Se utilizando de sua veia cômica, Leto aqui traz a cafonice de seu personagem pode parecer destoa do resto do elenco, mas ela fortalece a alegoria ridícula no bom sentido do longa. Jeremy Irons é o lado mais sombrio e solitário, mas ainda sim ótimo.

Universal Pictures/Reprodução

Mas claro que todos aqui tem sua luz ofuscada por Lady Gaga, a grande estrela aqui da obra. A Mother Monster some no papel da Patrizia Reggiani, em uma performance tão poderosa, que a cada momento seu em cena é um destaque. Mesmo sendo interesseira, ambiciosa e capaz de tudo para ter uma vida melhor, além de planejar um crime hediondo, a “viúva negra” de Gaga é tão bem construída que graças a sua atuação, até simpatizamos e entendemos as motivações de uma criminosa. A temporada de premiações pode ter a atriz entre as indicadas e promete uma boa disputa!

Casa Gucci é um filme que tem no seu chamariz um elenco forte e que abraça a proposta extravagante de sua história. Infelizmente, a obra não abraça completamente essa sua ridicularidade, sendo um tanto apressado em sua trama. Mas mesmo com esses defeitos o longa de Ridley Scott é um prato cheio para os amantes de uma trama cheia de intrigas e claro Lady Gaga!

 

Share This Article
Leave a comment

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *