Caça-Fantasma é uma franquia que marcou uma geração. Dirigida nos anos 80 por Ivan Reitman, a franquia que mistura comédia e ficção científica com monstros sobrenaturais fez um sucesso estrondoso no passado, liderada por Bill Murray, Dan Aykroyd, Harold Ramis e Ernie Hudson.
Após dois bem sucedidos filmes, a franquia tentou se reimaginar em um ousado, porém bem divisivo derivado feminino. Não considero ruim, mas a tentativa de reutilizar de certas formulas do original talvez não deu tão bem, o que fez a Sony repensar como apresentar a série para uma nova geração.
Trazendo o filho do diretor do original Jason Reitman, Ghostbusters: Mais Além traz os ingredientes certo de uma divertida aventura que apresenta uma nova geração aos Caça-Fantasmas, assim como presentear os fãs antigos com um filme coração.
A trama acompanha a desestruturada família Spengler, que em uma cidade do interior de Oklahoma, Callie (Carrie Coon) – precisa assumir as contas e a herança de seu pai (Egon), e levar a reboque os filhos Phoebe (McKenna Grace, que rouba o filme) e Trevor (Finn Wolfhard, figurinha carimbada de Stranger Things). O que eles não sabem é que essa herança vai muito além do que uma fazenda improdutiva. Agora a família acaba envolvida em uma trama milenar para reviver uma deusa suméria determinada a destruir o mundo.
Escrito por Gil Kenan, Jason Reitman e Dan Aykroyd, o roteiro do longa acerta em apresentar os novos personagens para a mitologia da franquia e passar bem ser uma continuidade dela desde do primeiro momento, mesmo que o filme esteja determinado a assumir um tom bem diferente. Segundo, por conta do texto afiado e cheio de boas piadas e acenos interessantes, os atores que interpretam essas linhas precisavam ter um bom ritmo para comédia e é o que acontece aqui.
Flertando bastante com o sucesso de obras recentes que bebem da nostalgia dos anos 80 como Stranger Things, Reitman vai aos poucos desenvolvendo os mistérios que os personagens vão decifrando. Se por um lado isto torna o primeiro ato muito arrastado, quando a história engata é como uma montanha-russa que nunca desce.
É nítido que a repercussão do longa de 2016 no fator fanservice despertou nos produtores uma consciência maior de como trabalhar uma franquia mergulhada em nostalgia, pois apesar de ter aqui ela serve de forma orgânica para a trama e não só empurrada pra tentar satisfazer os fãs de outrora.
Alias o jeito que o filme olha para o passado, inclusive, é de um coração gigantesco que decisões técnicas que seriam arriscadas em outros títulos, como recriar atores que já morreram usando efeitos especiais, acabam funcionando como uma emocionante homenagem e abrindo uma nova porta para os futuros fãs serem conquistados pela franquia.
A jovem e trabalhadora McKenna Grace (Capitã Marvel, Eu, Tonya, a série The Handmaid’s Tale), coloca sua personagem Phoebe no centro de tudo e a faz ser o novo rosto dos Caça-Fantasmas. Além disso, a atriz faz uma ótima dobradinha com Logan Kim que o garoto Podcast. Finn Wolfhard, o queridinho por causa de Stranger Things que faz o Trevor, o irmão mais velho da Phoebe de Grace,parece está em seu habitual que já vimos na série famosa da Netflix, sendo um tanto ofuscado pela a dupla anterior.
Do lado adulto temos dois coadjuvante de luxo, tendo a ótima Carrie Coon e o divertido Paul Rudd que estão bastante carismáticos e tem bons momentos juntos. Os diálogos, as piadinhas de duplo sentido, e tudo que envolve a dupla é aterrorizante de bom.
Com ótimos efeitos especiais e uma divertida e emocionante aventura, Ghostbusters: Mais Além é um longa que sabe se utilizar do seu legado sem precisar repetir ou se render a nostalgia barata, tendo identidade própria e guiando a franquia para um novo e promissor futuro.
*Não saiam da sala antes de terminar os créditos pois há duas cenas