Lançado em 2018, Venom era um filme que como eu disse em minha crítica(leia aqui) um longa de heróis no melhor estilo anos 90. Lançado pós Guerra Infinita o longa do anti-herói surgido nas paginas do teioso tinha uma diversão escrachada e escapista em um roteiro de soluções fáceis que pedia total suspensão da descrença por parte do espectador.
Acho que por isso a bilheteria incrível com mais de US$ 850 milhões se fez um acerto inesperado para o estúdio. O publico mais casual abraçou a ideia e se entreteu na diversão escapista do longa. A cena pós créditos já revelava que Venom 2 era questão de tempo e aqui estamos.
Na trama Eddie Brock (Tom Hardy) que ainda convive com o simbionte Venom em seu corpo tem a chance de entrevistar o grande serial killer Cletus Kasady (Woody Harrelson)e isso acaba alavancando a sua carreira. No entanto, a situação acaba induzindo ainda mais o assassino ao corredor da morte.
Depois que um fragmento do simbionte se conecta justamente em Cletus, surge o Carnificina uma nêmeses do Venom que quer destrui-lo e usar a vingança de Cassidy por Eddie como força motriz.
Fazendo jus a ideia de que time que está ganhando não se mexe, aqui tudo isso é levado a decima potência, ainda mais que estamos falando de uma sequência. A comédia super escrachada de relacionamentos, as soluções fáceis de roteiro, tudo está marcado como uma lista de obrigatoriedade. O roteiro de Kelly Marcel e Tom Hardy (que recebe créditos de roteirista pela primeira vez além de produtor) se faz dos elementos de comédia romântica para pontuar o principal acerto e ao mesmo tempo calcanhar de Aquiles da produção: a relação Eddie Brock e Venom. Isso sem falar que tudo é meio que apressado e meio caótico devido as soluções fáceis que o script estabelece, o que acaba prejudicando a principal novidade do filme: o vilão Carnificina.
Assim como foi apresentada no filme anterior, a relação tumultuada traz novas crises de como os dois vão se comportar com esse mesmo corpo. A melhor forma que eu posso descrever Venom: Tempo de Carnificina é como uma estranha e bizarra comédia romântica, sério não tem melhor definição, as DR, a separação e até os pedidos de desculpa são do mesmo jeito dos muitos bromances que vimos ai. É divertido em vários momentos, mas se estendem tempo demais e acaba perdendo o timming, tipo aquela piada que nem todos riem e que quando se tenta explicar menos se torna engraçada. Até o vilão Carnificina tem um arco focado no romance visto que o Cletus vai atrás de sua amada Frances Barrison, a Shriek (Naomi Harris) que está presa em Ravencroft, tendo todo o estilos dos casais fugitivos do cinema. A uma interessante abordagem sobre incompatibilidades, mas o filme não está aqui para nada filosófico ou pra se fazer pensar e ser reflexivo demais, tudo aqui é puro entretenimento escapista e se é isso que você procura ok, se não, nem precisar entrar na sala.
No clima mais sombrio, Carnificina eleva a contagem de corpos depois que o simbionte entra em contato com o corpo de Kasady, mas a classificação indicativa atrapalha um pouco o personagem, pois não temos o sangue necessário escorrendo pela tela.
Se a zona está uma bagunça ao menos Tom Hardy continua sendo a melhor coisa do longa. Ele entende a galhofa de seu personagem e entrega de forma competente e dentro do que o roteiro lhe oferece desempenhar seu Eddie. Woody Harrelson parece está meio deslocado em alguns momentos sem saber o que desempenhar ao personagem, se um tom mais cômico ou mais assustador e como seu personagem não tem uma abordagem bem apresentada acaba sendo um pouco decepcionante o vilão e suas motivações. A Naomi Harris e sua personagem é bem subaproveitada e apesar de seus poderes serem bem importantes para com os personagens títulos (o som é a fraqueza do simbionte) ela é mal explicada na trama. A Michelle Williams é outra que é bem desperdiçada no roteiro quase sem nenhuma relevância a ele.
A direção de Andy Serkis é bem feijão com arroz, executando conseguindo equilibrar melhor os elementos cômicos (relação de Venom e Eddie Brock) com os elementos de terror (arco do Carnificina) do que o original, mesmo com diversos problemas ao estabelecer Cletus Kasady e sua versão de ameaça simbionte.
Já as cenas de ação assim como seu antecessor, não há nada memorável e o embate dos simbiontes é meio truncada e cheia de picotes que muitas vezes quase não entendemos o que está acontecendo.
Pra finalizar, Venom: Tempo de Carnificina aumenta todos os exageros do primeiro filme, abraçando sem medo o ridículo e a galhofa. O longa acerta em ser auto consciente de seu lado mais cômico, mas o roteiro apressado e sua ação caótica (no mal sentido da palavra) deixam bastante a desejar. Ao menos quem curtiu o anterior vai aproveitar do contrario melhor nem se estressar.
*Não se esqueça de conferir a cena pós créditos que certamente vai gerar discursões durante bastante tempo.