Há tempos que os games são adaptados para as telas.Na maioria das vezes o resultado é decepcionante ,vide Super Mario Bros,Street Fighter,Max Payne entre outros.Contudo um futuro promissor parece estar chegando a essa mídia.
Warcraft,a poderosa franquia da desenvolvedora Blizzard, criada nos games há mais de 20 anos e ampliada em livros e quadrinhos, é extensa em um nível digno das aventuras de Tolkien.
A tão esperada adaptação atende aos desejos dos seus milhares de fãs sendo super fiel ao material e nos dando umas das melhores transposições de games para as telonas, mas que vai passar batidos para os não iniciados nela.
A história contada é o início da primeira guerra entre Orcs e Humanos,mostrada no primeiro game da serie iniciada em 1994 a partir do momento em que Horda Órquica invade Azeroth pela primeira vez. A trama se passa exatamente em Azeroth, um lugar pacato governado pelo rei Llane (Dominic Cooper), que tem ao seu lado o guerreiro Anduin Lothar (Travis Fimmel) e o poderoso guardião Medivh (Ben Foster). A paz é quebrada com a abertura de um portal, quando Orcs começam a atacar impiedosamente pelas ordens do mago Gul’dan (Daniel Wu) em busca de dominar o lugar e escravizar os humanos para absorver as almas, e assim aumentar seu poder. Dentre esses seres existe uma antiga ordem chefiada por Durotan (Toby Kebbell), que discorda dos métodos de Gul’dan e tenta seguir por outro caminho.
Warcraft não é o típico filme de guerra fantástica que o público está acostumado. Enquanto os longas tendem a acompanhar a história pela perspectiva de algum dos lados, este precisa apresentar as nuances que envolvem o primeiro encontro entre humanos e orcs, sem transformar nenhum dos lados em bom ou mal.
Em um nível, o do gamer,é um trunfo. Diferente do convencional narrativo, o dos lados antagônicos – o bem é belo, o mal é feio -, o longa respeita a essência de seu universo. Nele, os jogadores optam por se juntar ao lado da Horda ou Aliança. Não há bem ou mal. Há heróis e vilões em ambas as facções. Dessa maneira, Warcraft divide sua trama entre orcs e humanos irmanamente.
Do lado orc temos Durotan, um chefe de clã constituindo família contra a opressão de um mago opressor. Do lado humano, o general Lothar enfrentando uma invasão. Ambos defendem seu povo – e o filme tenta equilibrar razões, para manter jogadores satisfeitos.
Contar a história de uma forma que não torne orcs e humanos em vilões é o caminho correto para o universo do game, mas torna-se complicado para um filme de apenas duas horas e que precisa introduzir muitos conceitos e personagens desconhecidos do grande público. O longa não é didático, já começa em combate e parte instantaneamente para os problemas: a diáspora orc saindo de Draenor e a invasão a Azeroth. A apresentação corre apressada e, com ela, perde-se a chance de estabelecimento desses mundos e personagens. Simplesmente não há ligação emocional. Sem ela, perde-se a urgência. Não há uma escala crescente de informação no filme, cuja trama salta de cenário em cenário apresentando personagens para um público que sequer absorveu a novidade anterior ainda.Algo que por exemplo a Marvel Studio sabe fazer há alguns anos.
Ao menos, passado o atropelado primeiro ato, as coisas vão se encaixando e levando em direção a um clímax interessante. Os fãs devem ir ao delírio e talvez até se emocionar.
A direção de Duncan Jones que fez ótimos trabalhos em Lunar e Contra o Tempo condiz com sua paixão pelo material.O diretor se utilizar bem dos aparatos técnicos para mostrar o quão Azeroth é rica e conduz bem as cenas de ação. A fotografia é linda e tem tomadas quase que retiradas dos games para mostrar os conflitos acontecendo em vários fronts.A trilha sonora de Ramin Djawadi é incrivelmente grudenta deste de seu primeiro momento dando total tom a obra, mais é os efeitos especiais que tem todo brilho.Os orcs construídos por captura de movimento são reais e impactante no nível Avatar sem falar em todo o universo do filme que mesmo com 2000 tomadas de efeitos estão muito bem proposto nele.
Destaque na série Vikings, Travis Fimmel vive Anduin Lothar, líder do exército dos humanos. O ator vai bem nas cenas de ação e até possui certo carisma, mas fica devendo nos momentos mais dramáticos. Também é inserido em um romance que parece apressado. O elenco conta ainda com Toby Kebbell que desponta muito bem seu Durotan, Paula Patton, Ben Foster, Dominic Cooper, Ben Schnetzer, Robert Kazinsky e Daniel Wu que completam o núcleo sendo somente funcionais na trama.
Warcraft tem uma narrativa apressada ,que fica muito preso aos seus fãs para contar sua história, principalmente com vários fan services escondidos pela tela (reparem no logo da Blizzard no inicio do filme!) e outros que são bastante evidentes, mas nada compreensíveis ao grande público.Mesmo não sendo adaptação perfeita dos games, Duncan Jones mostrou que o universo da Blizzard tem potencial para ganhar espaço no cinema e um futuro promissor está chegando para esse nicho.