Uma guerra mais sanguinária que as batalhas de GOT, sim esse é o anuncio do livro Guerra dos Consoles que conta a intensa disputa entre Sega e Nintendo, que teve início no final dos anos 80 e foi até o fim dos anos 90.As duas empresas de games dominaram o mercado norte-americano, que estava passando por uma crise que tirava todo o crédito dos jogos eletrônicos, depois que a Atari não conseguiu suportar bem as coisas por lá. A Nintendo aproveitou-se e, após alguns anos, mesmo sem um plano bem definido, lançou o Nintendo Entertainment System (NES), conhecido no Japão como Famicon. Como fruto deste investimento, em pouco tempo a empresa passou a dominar o mercado, com cerca de 85% de participação, adotando uma política extremamente conservadora e que visava mais benefício próprio que daqueles que se associavam à ela. Ainda assim, as grandes empresas de varejo não hesitavam em comercializar os produtos da Big N, já que eles eram lucro certo, apesar das mais diversas limitações que um contrato assinado com eles implicava.
A Sega, que antes investia grande parte de seus esforços no público Japonês, percebeu que poderia haver uma oportunidade de bater de frente com a Nintendo no mercado americano, ainda que ela parecesse imbatível e que faltasse muito pouco para Mario e Cia monopolizarem as coisas por aquelas terras. Para isso, correndo o risco de mudar um pouco sua filosofia também conservadora, o que, por sinal, é bem característico de algumas empresas japonesas, o então chefão da Sega, Hayao Nakayama, procurou aquele que ajudaria a empresa a fazer história: Tom Kalinske. Kalinske, nada mais, nada menos, é o responsável por livrar a Mattel de declarar falência DUAS vezes e, tão impressionante quanto: fazer a Barbie, que estava perdendo seu espaço no mercado de brinquedos infantis, pela falta de inovação, tornar-se o ícone que ela é hoje, com uma imensa variedade de modelos e bem longe de ser esquecida. Querem mais? Ele é um dos idealizadores do He-Man. Deu para perceber o quanto valia o investimento? Tom chegou na Sega sem saber muito do mercado e nem entendendo nada de jogos, mas disposto a enfrentar o maior desafio de sua renomada carreira: fazer a Sega deixar de ser uma empresa desacreditada e bater de frente com a Nintendo. Uma missão impossível? Muito provavelmente. Foi impossível para ele? Não. Sua genialidade se provou a escolha certa para administrar a Sega of America, que mesmo com bastante interferência da sede japonesa da empresa, conseguiu fazer o que ninguém esperava que fosse possível um dia.
E é nesse contexto, Sega versus Nintendo, que acompanhamos tudo que é relatado no livro. O autor tenta criar uma narrativa amigável e que instiga o leitor por dentro do mercado dos games nos anos 80 e 90.Mesmo você que não sabe nada vai ficar instigado como é esse mercado.
O livro, por sinal, também conta com fotografias de alguns dos momentos importantes das empresas que tiveram suas histórias escritas neste livro. A escrita não é nenhum destaque, mas chama a atenção pela leveza com que as informações são transmitidas, que são abundantes.
O principal foco é a ascensão da Sega e todas as suas estratégias adotadas para derrubar a Nintendo de seu trono. Ficamos conhecendo aos poucos os planos de marketing, o processo que deu vida ao Sonic, o mascote da empresa que chegou para fazer o Mario “comer poeira”.Estudantes de publicidade esse livro pode ser algo bem interessante para ajudar na carreira. É claro que o livro não se reserva a falar somente da Sega. A Nintendo tem seu espaço, ainda que menos frequentes ou detalhados. O maior destaque vai para o início dos investimentos nos EUA, algumas polêmicas. Correndo por fora, temos até mesmo a Sony, com alguns aparecimentos escassos, mas que também tem papel fundamental nesta guerra. Afinal, após a Nintendo cometer um de seus atos mais covardes e provando sua visão unilateral das coisas, ela acabou tornando possível que anos mais tarde, um tal de Playstation chegasse para dar um basta na guerra.
O livro é um verdadeiro prato cheio para quem quer mergulhar neste mundo e conhecer um pouco mais do embate que, caso não tivesse ocorrido, provavelmente não veríamos essa indústria como ela é nos dias de hoje. Afinal, Playstation’s surgiram dessa briga e com eles, novas empresas se aventurando e a necessidade crescente de oferecer aos jogadores sempre a melhor experiência. A briga foi feia, mas nós agradecemos bastante por ter ocorrido, além é claro, das lições que podemos tirar das verdadeiras aulas de como crescer através do poder da propaganda e do marketing que a Sega deu na época.
Leitura recomendada e obrigatórias aos fãs de Nintendo, Sega e dos games em geral. Leitura leve, divertida e sem grandes pretensões a não ser colocar o leitor dentro desse universo.Ah e vai virar filme em breve!