O diretor argentino Juan Taratuto nos apresenta um filme divertido e leve, uma vez que seu forte no gênero comédia romântica lhe rendeu bons frutos em “Papéis ao Vento” de 2015. Anos após a direção de “Um Namorado Para Minha Esposa” (2008) encontramos os mesmos atores em “Roteiro de Casamento” (2016), novamente como protagonistas e… novamente como casal.
Fabián Brando (Adrián Suar) é um ator egocêntrico que por milagre aceitou trabalhar com Florencia “Flor” (Valeria Bertuccelli), que só conseguiu o papel por ter tido um caso com o diretor. A aproximação dos atores os uniu, e logo após o casamento Flor não se sente segura se está apaixonada pelo marido ou pelo personagem que ele interpretou, já que ele é exatamente o oposto.
Valeria e Adrián são o destaque, uma vez que poucos atores além deles se sobressaem. Fazem da tela um palco para os conflitos do casal, sendo que o filme se passa mais nos bastidores que nas cenas da produção. A diferença entre esses dois momentos é tão perceptível que dificilmente o espectador será induzido em erro. Ainda que o diretor deseje, o que é um problema. A harmonia entre os atores e diretor trouxe mais tato para fazer coisas divertidas. Ou seja, não é atoa que Adrián está interpretando um personagem chamado Fábian.
A fotografia é boa e deixa claro que o cinema argentino não está nada atrás do cinema nacional. O roteiro falha por deixar algumas situações em aberto, não se sabendo qual é a real intenção de cada personagem, mas pode passar despercebido com cenas cômicas que vão tomando espaço a cada segundo. A lição extraída está implícita e pode ser algo a se considerar, pois gera uma reflexão.
Com breves referências que enaltecem os grandes diretores e atores de Hollywood, a obra se encaixa num patamar aceitável da comédia romântica, onde existe um equilíbrio da porção de cada gênero. Tem alguns elementos básicos de outros filmes, mas tem também um pouco de luz própria. Sua conclusão é previsível, mas satisfatória pela forma como é exibida. Juan Taratuto manteve seu padrão de qualidade em algo mais intimista. Se “Pode acontecer com qualquer um”, isso é um clichê.