Lançado em 2000, ‘X-Men‘ foi um dos primeiros filmes da nova leva de super-heróis a seguir o que hoje é uma tendência.
Com um trabalho primoroso de direção, Bryan Singer conseguiu reunir um elenco de primeira em um filme que pregava a defesa das minorias – os mutantes poderiam ser muito bem vistos como os homossexuais, que enfrentam problemas com uma sociedade preconceituosa e intolerante. Prova disso é que o diretor e dois dos protagonistas (Ian McKellen e Ellen Page) são assumidamente gays. E é a urgência de um assunto tão delicado e importante que faziam desse filme o início de uma poderosa franquia. Bom,não é de hoje que a Fox é criticada por suas adaptações e X-Men não foi diferente isso tudo após Brett Ratner dirigir X-Men 3 (2006) e, ainda mais, com X-Men Origens: Wolverine (2009), considerado uma das piores adaptações de quadrinhos até hoje, adicionarem diversos problemas à cronologia, deixando os espectadores confusos e fãs indignados.
Embora, Matthew Vaghnn assumiu o cargo de diretor do mais elogiado filme da franquia,X-Men: Primeira Classe (2011), passado nos anos 60, com Prof. Xavier e Magneto ainda jovens. O longa teve um saldo positivo, mas também deu margem à novas diferenças na linha temporal, coisa que, com que o Marvel Studios e seu Os Vingadores e demais sempre se preocupou e a Fox não, até então,mas como resolver essa questão de forma coesa?
A resposta é bem simples: viagem no tempo! Uma pequena mudança no passado e você tem uma desculpa para apertar o botão de reset e recomeçar sem amarras. Melhor ainda… os filhos do atomo têm nos quadrinhos uma das melhores histórias de viagem no tempo já criadas, Dias de um Futuro Esquecido de Chris Claremont, que inspirou até James Cameron e seu Exterminador do Futuro.
Com Bryan Singer de volta a cadeira de diretor e roteiro de Simon Kinberg( com colaboração de Jane Goldman (de Primeira Classe) e Matthew Vaughn (que dirigiu Primeira Classe) Dias de um Futuro Esquecido entra no seletíssimo rol de filmes de seu gênero que consegue combinar entretenimento de alta qualidade com a capacidade de provocar boas doses de reflexão sobre a natureza humana e suas diferenças, um elemento próprio da franquia e que aqui ganha cores novas e mais fortes.
Contando com o maior elenco já reunido num único filme dos mutantes,a ideia pode parecer confusa num primeiro instante, mas acreditem, o roteiro de Kimberg (aliada à eficiente montagem de John Ottman, colaborador de Singer desde Os Suspeitos) amarra tudo de forma engenhosa e, sobretudo, respeitando uma lógica interna.
A trama se passa no futuro quando os mutantes e os próprios humanos estão ameaçados de extinção por causa dos Sentinelas, robôs criados no ano de 1973 por Bolivar Trask (Peter Dinklage, o Tyrion de Game of Thrones). Assim, com o intuito de impedir o Armagedom, o Professor Xavier de Patrick Stewart e o Magneto de Ian Mckellen lideram vários mutantes (dentre veteranos e novatos) num esforço de resistência enquanto Wolverine, ou melhor, a consciência dele, retorna (graças à Kitty Pride de Ellen Page) justamente para 73 a fim de reunir as versões jovens de Xavier e Magneto (James McAvoy e Michael Fassbender) na tentativa de impedir um evento provocado por Raven/ Mística (Jennifer Lawrence) e mudar o cenário impiedoso do futuro.
Com planos ousados e trilha sonora correta, Singer combina o melhor do entretenimento com inteligência. Das impactantes cenas de ação,presentes porque precisam acontecer e não pra entreter gratuitamente(os combate – especialmente o do futuro – prende a atenção especialmente por apresentar mutantes cultuados, como Blink (Fan Bingbing), Mancha Solar (Adam Canto), Bishop (Omar Sy), Apache (Booboo Stewart),Colossus (Daniel Cudmore) e demais; a coreografar poderes e habilidades em painéis dignos das páginas da Marvel. Já o velocista Mercúrio (Evan Peters) surpreendentemente rouba a cena em uma das sequências mais f*das do longa)à reconstituição dos anos 1970, não só no figurino, impecável, mas sobretudo nos paralelos com o comportamento da época (com um Charles irreconhecível), ou mesmo na interseção com os acontecimentos do período (como no suposto envolvimento de Erik no assassinato do presidente Kennedy).
Além de toda a beleza estética, dos ótimos efeitos especiais e os diálogos pontuados na medida certa pelo humor, um dos maiores pontos positivos são os atores. Michael Fassbender (Magneto jovem) e James McAvoy (Xavier Jovem) dão tanta força a seus personagens, quanto Patrick Stewart e Ian McKellen, bem como Jennifer Lawrence provando, de uma vez por todas, ser tão merecedora de Mística quanto Rebecca Romijn, na frieza, lutas e interagindo exemplarmente com os citados, em cenas de tirar o fôlego.).E quem não sai de moda, pelo visto, é Hugh Jackman, com seu Wolverine mais importante do que nunca para esta trama.
Bom,se Primeira Classe fez a franquia renascer das cinzas de O Confronto Final, Dias de um Futuro Esquecido devolve os X-Men de volta ao ninho onde tudo começou (não cronologicamente, claro) com o primeiro filme, em 2000. Agora a franquia tem um mundo de possibilidades pela frente e uma nova chance para recontar toda a história e criação dos X-Men. E pelo jeito, está no caminho certo.