Altered Carbon | 2ª temporada traz uma experiência mais focada em seu universo

Danilo de Oliveira
6 Min de Leitura
Netflix/Divulgação

Lançada em 2018 e adaptada do livro de mesmo nome escrito por Richard Morgan (que escreveu outros dois subsequentes) Altered Carbon trouxe a Netflix e seu publico o conceito do universo cyberpunk que muitas outras obras já abordaram na mídia audiovisual.

A série apesar do sucesso, dividiu o publico e a crítica com sua história onde no futuro a humanidade não existe o conceito de “morte” sendo o corpo uma mera “capa” onde nossa consciência e memorias são transportadas em dispositivos e transferidas pra essas capas.

Os longos e até em alguns momentos burocráticos de seus episódios que muitas vezes continham reviravoltas previsíveis foram uma das principais críticas ao programa, mas eis que 2 anos depois o serviço traz sua segunda temporada e parece ter escutado seu publico.

Na primeira temporada fomos apresentados a Takeshi Kovacs, o último dos Emissários (grupo de elite rebelde), trezentos anos depois de serem derrotados pelo Protetorado (uma espécie de organização política que governa as colônias humanas) dessa vez a nova história começa trinta anos após os acontecimentos vistos anteriormente. Mais uma vez seguimos Takeshi Kovacs, juntamente com seu fiel escudeiro na forma da inteligência artificial Poe (Chris Conner), em sua incessante busca por Quellcrist Falconer (Renée Elise Goldsberry), que descobrira ainda estar viva. Dessa vez, é contratado pelo milionário Horace Axley (Michael Shanks) como guarda-costas, a fim de protegê-lo de uma ameaça até então desconhecida. Como pagamento, Axley daria ao nosso protagonista informações acerca do paradeiro de Falconer. No entanto, como a capa que conhecíamos (antes interpretado por Joel Kinnaman) foi devolvida para o seu verdadeiro dono, ele recebe para o serviço uma nova com aprimoramentos físicos e habilidades táticas e militares. É então que Anthony Mackie recebe o manto de personagem principal nesse mundo.

Netflix/Divulgação

Ao acordar após a transferência para a sua nova capa, vê-se em meio a um cenário de derramamento de sangue, onde encontra o seu contratante e seus homens assassinados. Agora ele precisará não apenas desvendar o autor do crime, como também descobrir a informação que Axley lhe daria. Além disso, Kovacs conta com alguns fantasmas do seu passado (alguns não tão intangíveis assim), que o atormentam ou até mesmo dificultam ainda mais a sua situação.

Com o número de episódios reduzido (de 10 para 8), vemos uma narrativa mais focada,direta, mas sem perder o grande foco. Os momentos de nudez (que muitas vezes foi usado de forma demasiada e sem sentido na primeira temporada) dão lugar a sequências de ação desenfreada, com bons toques de pancadaria. A trama possui um crescimento satisfatório, com algumas reviravoltas e revelações que prendem bem a atenção do espectador.

O conceito do universo cyberpunk é melhor inserido aqui do anteriormente, onde se utilizava para abordar juntamente a investigação, aqui ela é essencial, implantes cibernéticos, inteligências artificiais variadas e o uso de realidade virtual para diversos fins (sejam eles recreativos, empresariais ou até mesmo militares), o rico universo é ampliado de forma a permitir boas sequências ou histórias paralelas.

Netflix/Divulgação

A escolha de Anthony Mackie se faz muito boa e seu Kovac é bem mais flexível que o jeitão duro e militar de Joel Kinnaman na temporada anterior, mas claro que tudo isso mantendo a base do personagem. Chris Conner continua a brilhar com seu Poe e tem ótimas tiradas e momentos fantásticos. O drama da IA é bem interessante já que ele precisa lidar com um problema no seu sistema, que afeta a sua eficiência e sua memória e ainda ajudar Kovacs o maximo que pode em sua missão. Seus diálogos com a Dig 301 (Dina Shihabi) são geniais que criam muitas cenas reflexivas e tudo isso sendo servindo no andamento da trama de forma orgânica, alias as tiradas cômicas de Poe servem mais uma vez excelentes e sua química com o protagonista de Mackie continua ótima. Dina Shihabi aparece como uma I.A. de arqueologia, tendo um grande crescimento guiado por Poe que juntos são um dos pontos altos dessa temporada.

Renée Elise Goldsberry possui uma participação mais ativa do que na temporada anterior, como a lendária líder dos rebeldes Quellcrist Falconer. Presenciamos mais de seu jeito, modos e ideias ao invés dos flashbacks e registros apresentados antes. Simone Missick dá vida a Trepp, uma caçadora de recompensas com seus próprios interesses e objetivos.

Netflix/Divulgação

Os vilões, embora pareça um pouco caricatados, estão longe de ser bidimensional, cada um com suas motivações e objetivos.

Altered Carbon aprende com seus erros, escuta seu publico e se torna uma experiência mais dinâmica e focada. Pode não ser um dos mais reflexivo e expoente materiais da ficção cientifica nos últimos anos mas ainda sim se torna um bom programa para aqueles que curtem ou querem conhecer o universo cyberpunk.

 

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