O cinema assim como qualquer outro mercado é propicio a novas tecnologias a serem inseridas tanto pra atrair, como entregar e vender uma nova experiência para o espectador. A chegada de Avatar abriu portas para o que conhecemos como 3D estereoscópico que trazia uma imersão ao publico através de profundidade de campo, efeitos de ambientes e iluminação. Essa ideia passou a ser estrategia dos estúdios desde de então para se vender ingressos mais caros e nem todas as produções visavam entregar tal experiência que Cameron idealizou.
Peter Jackson em 2012, trouxe incorporada ao seu 3D a tecnologia HFR (High Frame Rate) que consistia em um filme gravado com uma taxa de quadros maior que a normal feitas no cinema que é de 24 quadros. Apesar da novidade, a tecnologia trouxe varias discussões e estranheza se seria ela uma nova visão em ver filmes nas telonas desde de então.
Projeto Gemini, filme que passou mais de 20 anos rodando por varias pessoas e estúdios como Disney,Clint Estwood, acabou parando na Skydance, parceira da Paramount que enfim juntamente com o diretor Ang Lee e o astro Will Smith ganha vida nas telonas trazendo e formatando o que pode ser o novo conceito em assistir filmes nos cinemas.
Na trama, vemos Henry Brogan (Will Smith) é um assassino de elite que decide se aposenta e a mando do governo se torna o alvo de um agente misterioso que aparentemente pode prever todos os seus movimentos. Ele logo descobre que o homem que está tentando matá-lo é uma versão mais jovem e rápida de si mesmo (Will Smith, recriado digitalmente).
Projeto Gemini é um daqueles projetos que foi lançado na época errada e isso faz logica porque o roteiro escrito pelo Darren Lemke e David Bennioff (um dos criadores de Game of Thrones) foi vendido originalmente como eu disse acima em 1997, ou seja 22 anos atras e isso acaba expondo como ele é frágil e acaba sendo o ponto mais problemático do filme como o todo já que a trama é clichê e previsível do incio ao fim. É uma história que já vimos ser contada varias e varias vezes, como o espião versus espião, clonagem, conspirações governamentais, tudo isso já vimos e o filme vai numa abordagem bem simples e sem se aprofundar muito. Se por um lado é triste porque o filme tinha um potencial maior pra se explorar em termos de narrativa, por outro é ok, porque se você não espera muito muito dela, ela é funcional e se faz uma grande justificativa do diretor para fazer uso da tecnologia que é a filmagem em 120 frames por segundo (vendida aqui como 3D+) e também no duelo Will Simith vs Wiil Smith digitalmente rejuvenescido.
O diretor já tinha gravado seu filme anterior A Longa Caminhada de Billy Lynn em 120 frames por segundos, infelizmente poucas pessoas viram nesse formato(aqui chegou direito pra DVD e Blu-Ray) e aqui essa ideia se faz algo único e deslumbrante visualmente ao mesmo tempo que pode causar uma certa estranheza no começo, visto o quanto é limpo visualmente, a nitidez nos maiores detalhes, isso se mostra incrível nas cenas de ação, já que elas são tão fluidas que parece reais de tão grande podemos acompanhar seus detalhes. Em alguns momentos lembra estarmos jogando um game da atual geração de consoles, visto a constante de quadros na tela(os tais fps). Já vou avisando, se você quiser ter uma experiência maior nesse filme, procure ele no formato com maior números de quadros possível e a maior tela de sua região (aqui no Brasil terá seu lançamento em 3D 4K e 60 quadros por segundos em sua maior resolução) já que a imersão nessas sequencias de ação são muitos grandes, desde uma perseguição de moto a um tiroteio no telhado e as acrobacias que os personagens fazem tudo é imersivo demais.
O outro ponto que chama atenção no filme é o Will Smith novo. Sendo feito 100% digital através de captura de movimento do próprio ator (e não como em outros projetos em que só se recria sua face digital) é de cair o queixo em vários momentos e nos faz relembrar o astro no inicio da carreira, com expressões muito bem feitas,mas em alguns outros é possível perceber que nem tudo ainda é perfeito, mas já mostra um grande avanço nessa tecnologia.
No campo das atuações o destaque claro vai para o o Will Smith que com seu carisma habitual consegue fazer o que pode com seus dois personagens. Além deles também temos a Mary Elizabeth Winstead que está bem e dar um ar badass a sua personagem,olho nela em Aves de Rapina.O Benedict Wong é o alivio cômico pra trama e o Clive Owen fazendo um vilão clichê pra lá de caricato.
Projeto Gemini é um filme que traz uma tecnologia incrível, mas que seu roteiro clichê foi proposto para uma época anterior ao seu lançamento. Se você não exigir demais dele em seu programa de final de semana ele vai te agradar bastante pelas cenas de ação e um duelo inusitado de Will Smith contra ele mesmo, no mais é só mais um filme pra se ver e logo se esquecer infelizmente. Como eu disse acima, procure a maior tela disponível em sua região pra poder apreciar essa nova e imersiva experiência.