Criados no final década de 50 por Mauricio de Sousa, Turma da Mônica foi o primeiro contato de leitura de muitas crianças no Brasil. Com tantos personagens marcantes, o autor criou um universo rico e encantador que atrair diferentes públicos até hoje (eu sou uma delas rsrsrsrs).
Dentre as várias mídias que foram transportadas, a que menos se imaginava era uma adaptação em live action, e olha que o anúncio veio com um olhar de desconfiança, já que traduzir esses personagens da maneira que existem nas tirinhas era algo complicado. Mas o diretor Daniel Rezende (Bingo: O Rei das Manhãs) transmite toda paixão e nostalgia que é acompanha a turminha mais querida do bairro do limoeiro pra as telonas. O sonho ganhou realidade e Turma da Mônica: Laços é um exemplo de adaptar uma obra tão importante como a de Mauricio de Sousa.
O longa adapta a trama da cultuada Graphic Novel de mesmo nome lançada em 2013 pelos irmãos Vitor e Lu Cafaggi. Na trama, o Floquinho desaparece e a turma precisa se unir para encontrar o cachorro de estimação do Cebolinha. Cascão, Mônica e Magali se juntam ao garoto, “cliam” um plano infalível e partem em uma aventura que vai mudar suas vidas.
Rezende sabendo da importância do material e sua representação na cultura nacional, usa todo seu talento pra reproduzir com perfeição o universo cartunesco da obra. Junto com o roteiro de Thiago Dottori ele transpõe bem a ambientação do que seria o bairro do Limoeiro – um local meio parado no tempo, onde as famílias vivem em casas e as crianças brincam na praça. Existe a igreja matriz e o vendedor de balões, os cachorros-quentes e a banca de jornais, todos à disposição para os tranquilos transeuntes. E assim o cenário se faz firme e forte, em um meio termo do que foram os anos 60 e o que o limite do imaginário de Mauricio de Sousa proporcionou. Os adultos serão capturados pela nostalgia a uma viagem no tempo. Já os mais novos encontrarão a ação e o humor nas cores certas, o que faz desta obra uma emocionante jornada ao passado num tom quase fabuloso.
Toda a recriação é bem pensada e casa perfeitamente com seus personagens, dando a cada um características bem próximas as que nós vimos nos quadrinhos. O ritmo é preciso e nenhum momento é desnecessário ou perde pique, e apesar da trama ser simplória ela se sustenta da maneira correta tanto pra adultos como pra o público infantil que vai abraçar a turminha. O filme é repleto de easter eggs com referências aos gibis e até uma aparição do criador Mauricio de Sousa, no melhor estilo Stan Lee nos filmes da Marvel, em uma cena perfeita de metalinguagem (descubram assistindo).
O elenco está perfeito e suas caracterizações foram incrivelmente respeitada e o diretor não se esquece que elas sejam realmente crianças. O destaque maior vai para a dupla Kevin Vechiatto e Giulia Benitte como Cebolinha e Mônica respectivamente. Os dois são a alma do filme e Kevin consegue traduzir de forma incrível o jeito e o falar do personagem sempre se destacando, a estreante Guilia traduz perfeitamente a força e jeito da Mônica, mas também com um sentimentalismo de encher os olhos (olho nela estúdios!).
Laura Rauseo encontra também o timming certo para a gulosa Magali, que muitas vezes coloca a turminha em apuros com sua ansiosa fome descontrolada, rendendo momentos super engraçados. Gabriel Moreira como o Cascão começa um pouco tímido, mas vai se soltando aos poucos ganhando comicidade e assim juntamente com cada um o desenvolvimento do arco é ideal para a construção da turma que conhecemos.
Os personagens adultos embora com pouco tempo de tela, estão muito bem construídos e dentro de suas características como eu disse acima. Monica Iozzi e Paulo Vihena agradam bastante como Dona Luísa e o seu Cebola. A participação de Rodrigo Santoro como o Louco, que não está na história original de Laços, é sem duvida umas das mais divertidas e interessante do longa. Santoro traz um ar divertido e reflexivo ao personagem que vai levantar questões interessantes nos adultos e risadas pra a gurizada.
Turma da Mônica: Laços é um presente para fãs e para leigos, completo e recheado de boas emoções, como sua origem não poderia negar.