Pode se dizer que James Wan foi um dos percussores dessa retomada do gênero do terror nessa década. Saído da franquia Jogos Mortais, o diretor veio a consagrar seu nome com Invocação do Mal que não o só catapultou ao estrelato como a partir dela surgiu um rentável e promissor universo compartilhado (algo que nem a Universal, donas de franquias clássicas conseguiu).
Com o decorrer dos anos embora com boas bilheterias e recepção do publico, é notavel que seus derivados não tiveram a mesma qualidade em relação aos dois filmes idealizadores de tal universo. A Freira ano passado conseguiu o feito de ser resumido a apenas sustos baratos o que enfraqueceu o potencial da entidade surgida em Invocação do Mal 2. A Maldição da Chorona se baseia no folclore mexicano, para trazer a franquia mais uma entidade maligna, mas se tornar apenas mais um filme comum de terror e não algo realmente redundante como seus originais já mencionados.
Dirigido por Michael Chaves ( que a proposito será o substituto de Wan em Invocação do Mal 3) e com o roteiro escrito por Mikki Daughtry e Tobias Iaconis,onde conhecemos a assistente social Anne (Linda Cardellini), que investiga um caso onde duas crianças foram supostamente afogadas por sua mãe. O que ela descobre, ao ouvir a confissão desesperada da mãe, é que seus filhos foram levados por um espírito maligno conhecido como a Chorona. Agora, o espírito mexicano persegue Anne e seus dois filhos.
O roteiro da dupla não tem nada de novo e reaproveita tudo que já foi explorado tanto no gênero como no próprio universo que faz parte. Família assombrada por uma entidade maligna, mãe tentando proteger seus filhos da tal assombração, já foram vistos de formas melhores dentro da própria franquia, como nos Invocações do Mal, além de tantos outros longas de terror.Pra piorar a situação, nenhum dos personagens é exatamente interessante ou bem escrito, e ainda contam com momentos de exposição embaraçosos para ilustrar suas habilidades ou background – como na linha de diálogo que revela que o marido de Anne era policial. A exceção fica com o bizarro curandeiro de Raymond Cruz, mas é um daqueles casos onde o personagem é tão absurdo que ultrapassa a linha do ridículo, imediatamente tornando-se a figura mais interessante do longa.Some isso a sustos concebidos a base de jump scares e pronto, temos aqui o modelo perfeito de terror mais básico, com personagens sem encanto e que cometem burradas a cada 5 minutos de filme para nossa irritação e suspensão da descrença.
A direção de Michael Chaves sendo estreante na função é algo no minimo positivo pra o filme. Ele emula alguns elementos característicos de James Wan ao trazer cenas longas que apostam na antecipação e atmosfera para um susto (a cena do guarda-chuva é bem bolado), planos sequência que exploram os cômodos de uma locação e a violência em jogar membros do elenco através de paredes e janelas. O problema é que com isso o mesmo não concede um estilo próprio, como foi o caso do David F. Sandberg em Annabelle 2, aqui o diretor está mais para um aluno que decorou a matéria ao pé da letra.
A fotografia cinza durante o dia e bastante escura a noite causam certa estranheza, mas é só mais um meio do filme tentar maximizar os sustos gratuitos e encobrir certas deficiências visuais.
A Linda Cardellini (nossa eterna Velma) faz o que pode com o que o roteiro lhe dá, mas ainda sim é muito pouco para segurar a produção.As crianças, Roman Christou e Sierra Heuermann, entregam atuações engessadas e caricatas, daqueles tipos que fazem umas burradas que você só deseja que a vilã pegue-os e fim.
A Maldição da Chorona é mais um filme do gênero que você verá nos cinemas e no dia seguinte nem se lembrará.Mais um filme promissor da franquia que cai na maldição de ser genérico e esquecível. Que missão Chaves terá pela frente em comandar o próximo capitulo de Invocação do Mal ein! É rezar pra dá certo!