Capitã Marvel | A “formula” Marvel mantida com exito,empoderamento e humanidade

Emile Campos
7 Min de Leitura

Por mais 10 anos a Marvel Studios construiu um universo gigantesco, ambicioso e bastante coeso que se tornou em uma referência de sucesso para a Hollywood atual. As mulheres sempre tiveram um papel um tanto quanto coadjuvante de luxo nesse universo(embora nos quadrinhos essas importâncias são bem melhores) se destacando em algumas obras, mas nunca tendo seu protagonismo real e um filme pra chamar de seu. Na verdade as heroínas nunca foram tão relevantes nas adaptações como atualmente. Pioneira no assunto Mulher Maravilha chegou em 2017 e Gal Gadot queimou a língua de muitos em um filme incrivelmente respeitoso com as origens da sua personagem. Agora Capitã Marvel chega pra trazer esse protagonismo de vez das mulheres para Marvel.

Dita como a personagem mais poderosa do universo cinematográfico até então(digo cinematográfico para os fãs mimi não entenderem errado) o filme gerou uma onda de preconceito sobre sua atriz(que é defensora da representatividade feminina) que teve seu comentário distorcido sendo que ela queria uma coletiva de imprensa mais representativa e não só homens brancos(sua maioria, lembrem-se) e também sobre sua personagem que foi nerfada ao extremo pela Marvel nos olhos dos fãs xiitas.

Babaquices e comentários a partes, Capitã Marvel mantem a “formula” Marvel e apresenta mais um aceno do estúdio a diversidade, agora representando a jornada de uma mulher aparentemente comum em busca da sua identidade e da origem da sua força.

Esse não é apenas um filme de origem da Capitã Marvel, mas também de Nick Fury , do Agente Coulson, dos Vingadores e de tudo o que já estamos acostumados a ver no MCU. A trama funciona como um capítulo perdido e, ao mesmo tempo em que Carol Danvers tenta colocar as peças do quebra-cabeças de sua vida em ordem, nós também vemos as lacunas serem preenchidas e as engrenagens se encaixando no universo criado pela Marvel ao longo de todos esses anos.

A trama começa contando a história de Carol como cidadã Kree chamada Vers, que possui lapsos de memórias de uma vida desconhecida, poderes incontroláveis e que está em treinamento para se tornar uma das defensoras de seu povo. Em uma de suas missões, ela é raptada pelos asquerosos Skrulls, que “liberam” acidentalmente sua mente e ela parte para o nosso planeta em busca de respostas.Com ajuda de Nick Fury, Denvers deve resolver os enigma de seu passado e enfrentar seus inimigos.

É bem verdade que, descontando Guerra Infinita, este é o filme que mais exige bagagem do espectador para entender as implicações da inserção de personagens como Ronan, o Acusador e Korath (Lee Pace e Djimon Hounsou voltando aos seus papeis de Guardiões da Galáxia) e de outros elementos que não comentarei para manter a crítica livre de spoilers, mas convenhamos que esse tipo de “exigência”, a essa altura do campeonato, é inevitável já que são 20 filmes antes lançados.

O mérito do roteiro redondo, com poucos furos, boas cenas, diálogos decentes em uma narrativa simples e capaz de sair da mesmice fazem a adaptação fluir sem se arriscar. Curiosamente, até os vilões são interessantes, mas falar demais sobre isso seria dar spoilers, então fiquem atentos a eles, pois seu líder Talos incrivelmente interpretado por um já acostumado a ser vilão Ben Mendelsohn, com certeza mostra que a Marvel aprendeu como fazer os antagonistas funcionarem em tela.

Alias, é em seus personagens de apoio que o filme ganha carisma e destaque. Samuel L. Jackson e o gato Goose roubam a cena toda vez que aparecem. Lashana Lynch, fazendo a grande amiga de Carol tem papel fundamental na busca pelo passado da protagonista, e a pequena Akira Akbar, que vive Monica, também rouba a cena ao representar esta nova geração de meninas sonhadoras, que crescerão com as figuras da Capitã Marvel e da Mulher-Maravilha para as inspirarem a serem o que bem entenderem, e não o que esperam delas. Jude Law e Annette Bening, os representantes do lado Kree, também não decepcionam – ainda que a empolgação da premiada atriz em fazer parte do universo heroico seja transparente em praticamente todas as cenas.E o que dizer de Brie Larson como a Capitã Marvel? Bem, embora mandem bem na maioria do tempo, a atriz claramente ainda não está totalmente a vontade no papel, o que em alguns momentos do roteiro isso se faz perfeitamente plausível, já que a personagem busca sua identidade e entender a complexidade de seus poderes.

As cenas de ação são boas, mas o destaque está naquelas que envolvem naves espaciais. As lutas corpo-a-corpo mereciam um pouco mais de atenção e criatividade, já que ficam um pouco repetitivas. Outro problema é que o CGI escorrega em diversos momentos, com a Capitã parecendo um boneco digital em mais de uma cena, o que é uma pena! Dito isso, a trilha sonora dos anos 90, com NirvanaGarbageNo Doubt, entre outras, é um ótimo bônus e casa bem com o filme, embora pudesse ter mais cantoras ainda na lista.

Capitã Marvel poderia ser muito melhor? Poderia, mas a aventura solo da personagem cumpre seus objetivos com uma história redondinha e apresenta uma líder forte e debochada, sem repetir o tipo arrogante vide Tony Stark ou cair no estereótipo da girl power, trazendo uma personagem humana, que erra e acerta mas nunca deixar de buscar o seu espaço e que só tende a crescer no futuro do estúdio. Com personagens de apoio super carismáticos e um vilão bem construído, a formula se mantem com exito e isso já é muito bom. Se prepara Thanos.

Obs: Como de habitual de filmes da Marvel, fiquem na sala pois há duas cenas pós créditos (uma delas imperdível!).

 

Share This Article
Leave a comment

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *