Alita: Anjo de Combate | Um grande passo nas adaptações de mangá/anime

Danilo de Oliveira
6 Min de Leitura

Desde do inicio dos anos 2000, James Cameron, diretor responsável por as duas maiores bilheterias da historia do cinema sonhava em levar a historia do mangá  Battle Angel Alita para as telonas. Acontece que a adaptação começou a ser adiada,isso porque um tal de Project 880, primeiro nome do que hoje conhecemos como Avatar, entrou no caminho, demandando toda a atenção do produtor e diretor. Anos se passaram, acordos foram firmados e em 2017 enfim sobre a responsabilidade de Robert Rodriguez na direção e a produção de Jon Landau ao lado de Cameron, Alita: Anjo de Combate ganhou vida com muita descrença, visto que o histórico hollywoodiano com adaptações japonesas não é das melhores, mas também repleto de esperanças para uma virada nesse retrospecto.Posso afirmar com bastante felicidade que a segunda opção é a resposta.

Na trama escrita por Cameron, RodriguezLaeta Kalogridis, adaptada da historia original do manga de Yukito Kishiro, no ano de 2563, o Dr. Ido (Christoph Waltz) vasculha a sucata descartada da cidade flutuante de Zalem em busca de partes cibernéticas para tratar a população da Cidade do Ferro, construída em volta dessa montanha de entulho. Nesse mundo, é comum que as pessoas tenham partes robóticas implantadas, com alguns humanos sendo quase 100% metálicos. Na sua busca, ele se depara com um busto de uma ciborgue cujo cérebro ainda está funcional. Ele a resgata e dá um corpo a ela,e dá a ela o nome da Alita, que acorda sem memória, mas vai se mostrando uma eximia guerreira e com isso buscar informações sobre quem era afinal.

A primeira coisa que chama atenção no filme é seu visual deslumbrante.O CGI é altíssima qualidade e torna tudo crível e nítido, e nenhuma cena de luta aqui é confusa(aprende mais uma vez Michael Bay). As batalhas empolgam e divertem, com destaque para a sequência do bar e a partida de motorball, esporte desse mundo onde ciborgues competem numa arena perseguindo uma bola, destruindo uns aos outros no processo. O design de produção é magnífico e funciona muito bem para mostrar como é esse mundo distópico ao retratar uma cidade suja e pobre, com entulho para todo o lado e construções velhas reaproveitadas de ruínas. É fácil acreditar que humanos vivem naquela situação há muitos anos.Outro detalhe é a construção da Alita feita com captura de movimento da atriz Rosa Salazar. Seus olhos grandes criados em computação gráficas traz bem o design original do mangá de Kishiro, conferindo ainda mais expressões e sentimentos da personagem durante a trama.

Na adaptação é visível o carinho que houve pelo material original, conseguindo capturar bem a essência do mangá e moldar alguns pontos e dilemas para o publico mais casual se entreter e abraçar a aventura da personagem, que cativa aqui da mesma forma que na obra original. A ambientação e os principais acontecimentos estão presentes no longa de uma forma ou de outra, e até as tentativas de tocar em assuntos mais profundos estão presentes, claro de forma um tanto diluída, mas está. Do visual aos relacionamentos, o time de roteiristas procurou respeitar a fonte.

Os vilões embora bem parecidos com suas contrapartes no original, tem uma pequena subutilização, tendo em vista atores premiados como Mahershala Ali, onde seu Vector é mais um fantoche para o verdadeiro vilão e não tem um aprofundamento em suas reais motivações e Jennifer Connely, que faz a Chiren, uma mulher que teve um passado com Ido, mas que também não tem um aprofundamento.Um bom é que isso não atrapalha em nenhum momento a trama que tem um bom ritmo, nunca entediando o publico.

Se os vilões não tem tanto aprofundamento, na relação Ido e Alita sobra. Watz mesmo com pouco tempo tem carisma e presença para demostrar bem suas emoções em cena e junto com Salazar essa relação se torna adorável e, mesmo apressada com alguns elementos, cativa e conquista.Alias, que comprometida performance de Salazar. Ela é cativante e empolgante o bastante que consegue desviar a atenção das fragilidades do roteiro.

Como disse acima, o filme não está isento de falha,existe algumas convenções narrativas que são colocadas justamente para fazer o filme andar e perdem um tanto da profundidade que a obra tem em mostrar.Mas não é algo que atrapalhe, já que desde sua reviravolta inicial ao doloroso clímax, o filme percorre uma estrada segura, etapa após etapa, executando com folga a “receita de bolo” que é seu roteiro.

Alita: Anjo de Combate é visualmente de cair o queixo, com lutas bastante empolgantes e efeitos especiais de alta qualidade. É um grande passo nas adaptações de mangá/anime em Hollywood, e merece esse reconhecimento.

Share This Article
Leave a comment

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *