Resident Evil é com certeza uma das mais antigas e influentes franquias de game da história. Criada em 1996 por Shinji Mikami, a série se tornou em um fenômeno com dezenas de títulos e por mais de uma vez ao longo dos anos tentou se reinventar. Diante tantos jogos, o remake do original, lançado originalmente para o Gamecube, se tornou tão bom quanto o lançado no Ps1. Novas mecânicas, novos conteúdos, um visual impressionante,a Capcom capturou um dos seus melhores games e soube apresentar com exito para o novo publico como respeitar e empolgar os mais antigos.
Em 2015, em meio a muitas especulações,a produtora enfim anunciou que faria o remake do game que muitos afirmam (eu sou uma delas)o melhor da franquia, Resident Evil 2. Agora 4 anos apos, enfim temos em mãos esse game que traz mais novidades e implementações que o do original.
Pra começa, a história segue focada na dupla Leon Kennedy e Claire Redfield, e na essência entram em Raccon City com os mesmos objetivos do jogo de 1998: Claire busca por seu irmão, enquanto Leon deveria começar a trabalhar como policial na cidade, mas chega para descobrir que as coisas saíram completamente do controle.
Como disse acima, nesse remake, a Capcom decidiu fazer mudanças mais profundas em relação ao do original.A câmera não mais fixa como o original, sendo ela posicionada sobre os ombros, dando como disse os desenvolvedores, mais otimismo entre jogador e protagonistas e gera uma sensação mais desesperadora quando por exemplo, os zumbis os atacam. Mas também essa nova câmera traz muitos desafios novos para o horror de sobrevivência, um gênero que pode ser resumido por fragilidades, inimigos poderosos e pouca munição, essência dos clássicos da série.
Com exceção de um game em primeira pessoa, os últimos jogos da franquia foram acabaram focando mais na ação que no terror onde você se ver cercados por criaturas, poucas balas e remédios. Cabia a Capcom a difícil decisão de modernizar algo que na época foi considerado um marco tecnológico e cultural dos videos games.
De cara o remake de Resident Evil 2 une a nostalgia com a novidade de forma sensacional. O game acerta em diversos aspectos em sua modernização. O primeiro ponto a destacar é o seu visual e é um ponto absolutamente importante para transmitir a tensão constante na sua tentativa de sobreviver enquanto a cidade é tomada pelo caos e criaturas. A desenvolvedora não poupou esforço para reproduzir com detalhes a delegacia, um dos principais ponto do original. Fiel mas repleta de novos atalhos e segredos, os jogadores mais atenciosos terão uma ótima novidade em explorar. A câmera livre dá aos produtores novas maneiras de assustar os jogadores, tanto novatos quantos veteranos estejam preparados para um momento de susto nele.Além disso, com essa proposta eles criam uma ambientação que conta uma historia através de suas particularidades.Os corredores mal iluminados e repleto de janelas quebradas que dá espaço a uma luz difusa e ameaçadora, nos escritórios e salas bagunçadas, mostrando os resquícios da luta pela sobrevivência na delegacia. Vivenciar esses lugares marcantes reimaginados com tanto carinho e atenção, mostra o quanto a produção deu ao legado e o quanto representa Resident Evil. Mas não é só na delegacia que o game impressiona, as ruas alagadas de Raccon City, os esgotos labirínticos e até durante a narrativa com cutscenes de alto valor de produção altíssimo, o remake te insere e nunca te deixa ficar confortável ou se sentir seguro, e tudo isso graça ao trabalho dos artistas visuais do jogo que trazem também um alto grau de violência nas cenas pra te deixar ainda mais impactado com tudo aquilo que está presenciando.
Nas ida e vindas a delegacia é que vemos as principais mudanças na mecânica que a Capcom fez com seu terror de sobrevivência.Começando pelos zumbis que são mais resistentes e imprevisíveis, já que nem sempre tiros bem dados na cabeça vão resolver logo o problema, e alguns pregam surpresas no jogador.A mecânica continuam nas diferentes localizações de itens e objetos importantes e finalizando com alterações de momentos chaves, como por exemplo o primeiro encontro com o Licker ou Mister X. Os jogadores mesmo os mais veteranos serão surpreendidos e o uso da câmera livre explora em totalidade o ambiente 3D, fazendo inimigos ficarem ainda mais perigosos. Lickers, rápidos com seus pulos de parede em parede, zumbis que ficam em pontos escuros do cenário e atacam no ultimo instante, as lutas com os chefes criam uma enorme sensação de impotência devido aos seus tamanhos e força, além do desconforto quando se aproximam nas pequenas arenas em que combatemos.
Tudo isso é feito com um equilíbrio admirável dosando bem combate, exploração e puzzle, o ritmo e o design consegue se manter de forma clássica e moderna ao mesmo tempo. Armas e itens não desaparecendo das rotas dos personagens dependendo de os pegar, a estrutura incentiva ainda mais a exploração, apesar de existir uma tensão incessante enquanto você percorre os ambientes. Essa tensão existe em ambas campanhas e nas surpresas que são liberadas apos você terminar o jogo.
Resident Evil 2 é uma mega produção repleta de conteúdo, mas felizmente esse conteúdo sempre é essencial para você aproveitar tudo que ele tem para lhe oferecer, novas armas, novos chefes, novos cenários, ele não replica problemas comuns de games AAA recentes que é trazer demais sem muita necessidade ou profundidade,você vai querer ver tudo o que ele tem a oferecer.
Sempre houve um medo que o remake com suas mudanças tivesse ação demais, por que o combate não seria desafiador o suficiente para sentir que você realmente está lutando por sua sobrevivência, mas é verdade que a Capcom encontrou uma formula ideal, com uma delegacia e cenários bem realizados apresentando uma interconectividade que contem diversos atalhos para serem descobertos e um level design que sabe recompensar o jogador pela sua exploração e o desafia com enigmas bem bolados e o posicionamento inteligente dos inimigos pra te manter sempre alerta. Resident Evil 2 te desafia a sobreviver em um ambiente onde cada zumbi pode tirar sua vida mesmo com uma maior facilidade na movimentação, o game nunca estará ao seu favor, seja na dificuldade mais difícil, onde os recursos são bem escassos, como mesmo na normal.
Outra coisa que fica clara no remake, é que se a série não tivesse abandonado suas raizes e focado na ação depois do excelente Resident Evil 4, essa seria a evolução natural dela da formula estabelecida no primeiro Playstation.
Encerrando com chave de ouro, ainda há dois modos extras: O 4º Sobrevivente e o Tofu Sobrevivente. Eles são ótimos bônus, mas assim como os originais oferecem pouco valor de replay. De replay, apenas os troféus/conquistas e colecionáveis são incentivos para rejogar. A Capcom anunciou também em um evento japonês o modo Ghost Survivors, que trará mais personagens para progredir em uma campanha que tem itens dispostos em uma maneira aleatória, um componente que tem tudo para aumentar o fator replay. O modo terá três capítulos e todos serão gratuitos, mas, infelizmente, não estava disponível no momento da publicação deste review.
E concluindo, Resident Evil 2 Remake achou um excelente balanço entre manter a essência do jogo original, porém se modernizar onde é necessário. É muito gratificante ver as cenas que foram alteradas quanto os trechos que ficaram mais próximos ao jogo original, trazendo aquela sensação nostálgica aliada com uma nova roupagem que as tecnologias mais recentes viabilizam.A Capcom consegue agradar tanto ao público tradicional quanto aos novos jogadores. A empresa manteve trechos e elementos que despertam a nostalgia dos gamers que encararam o jogo no primeiro Playstation, mas ao mesmo tempo não deixou de modificar e atualizar elementos que precisavam ser renovados, sem nunca mexer em elementos centrais da identidade do jogo. Com isso, esse é um game que pode ser recomendado sem nenhuma dúvida tanto aos fãs do jogo original quanto a uma nova audiência que busca um jogo de tensão e terror, e que pode ser recomendado até mesmo para quem é completamente ignorante ao jogo de 1998 ou mesmo a toda a franquia Resident Evil, sendo um excelente jogo de sobrevivência e terror, com potencial para deixar o jogador no limite e com muitos sustos ao longo do caminho.