Tentando repetir o sucesso de Os homens são de Marte… E é para lá que eu vou (2014), estamos terminando esse ano com sua sequência, Minha vida em Marte, que chega aos cinemas falando sobre a vida depois do divórcio. Assim como o primeiro, Minha vida em Marte nasceu como um monólogo teatral escrito por Mônica Martelli, que em ambas versões atua no papel de Fernanda, a protagonista.
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A peça pode até agradar o público, mas o filme deixa um pouco a desejar. É divertido, isso é inegável. Não tem como a dupla Paulo Gustavo e Mônica Martelli não render boas risadas, seja nos papéis dos melhores amigos Aníbal e Fernanda, ou em qualquer outro. Eles simplesmente se encaixam em suas atuações e nos convencem de qualquer coisa.
A trama também é interessante. Se passando 8 anos após o final do primeiro filme, ele mostra – de forma sucinta até -, como o casamento de Fernanda e Tom (Marcos Palmeira) foi se deteriorando com o passar dos anos. Ainda que o objetivo do filme seja quase uma tentativa de “guia de como sobreviver ao divórcio”, ele acaba se tornando, subjetivamente a princípio, uma história sobre verdadeiros e fiéis amigos.
Um dos problemas do filme é repetir, durante bons minutos, a procura “pelo amor de sua vida” que Fernanda fez durante todo o longa anterior, só que dessa vez depois do divórcio. São cenas que dão um enorme suporte para nos mostrar o poder da amizade que tem com Aníbal, mas muitas vezes parece uma versão estendida do filme anterior e não uma sequência.
Não vamos reclamar de romances água com açúcar, é difícil resistir a eles e podemos cansar durante um tempo, mas uma hora outra acabamos voltando. O caso é que essa infindável procura do amor de um homem que começou no primeiro, volta nesse. É repetitivo. Cansativo. Damos risadas e sabemos que deve ter uma lição de vida linda no final.
Porém, sabemos também que, caso um terceiro longa com a história de Fernanda chegue aos cinemas, as chances da história se repetir mais uma vez são enormes. Fernanda precisa sair de Marte definitivamente, dar um pulinho na Terra e partir direto pra Vênus. Não por apenas alguns poucos minutos no meio do filme ou na lição de moral no final, mas durante boa parte dele, se não ele todo.
E esse é um dos maiores pecados do filme: Fernanda não é uma personagem que evolui significativamente, principalmente levando em consideração o que (supostamente) aprendeu em Os homens são de Marte. O roteiro em si não ajuda muito, fazendo parecer que várias cenas são versões reduzidas de episódios diferentes de uma série.
Ainda que o foco seja na amizade, é uma mensagem fraca ao decorrer de todo o filme, o que acaba enfraquecendo o filme como um todo. No entanto, é inegável o quão divertido o filme é. Ele também entrega um gostinho do que deve ser a peça teatral. Apesar dos problemas citados, as situações e dilemas pelos quais Fernanda passa ao decorrer da história criam inúmeras carapuças que muita gente vai vestir, nem que seja só pra cobrir metade do rosto. Em meio a boas risadas.