Esse ano foi de longe o ano do terror e Um Lugar Silencioso se destacou como um dos melhores filmes de 2018 que além de desenvolver bem seus personagens em um ambiente tenso onde o principal problema é o som. Bird Box, a adaptação do livro Caixa de Pássaros, do escritor Josh Mallerman, aqui lançado pela editora Intrínseca, traz de certo modo similaridade em termos de premissa mas troca o ruido pela visão, mas decide abordar isso por uma outra perspectiva, só que no processo ele acaba não se tornando marcante assim.
A trama do filme acompanhamos Malorie (Sandra Bullock) uma gravida que se ver dentro desse surto apocalíptico onde as pessoas se suicidam ao enxergar uma “criatura” e no meio disso ela acaba entrando numa casa e junto com ouras pessoas tentar sobreviver a essa situação. Paralelo a isso vemos a personagem cinco anos no futuro junto com duas crianças tentando encontrar um lugar pra sobreviver.
Lembrando bastante uma mistura de Fim dos Tempos do Shyamalan com o recente Um Lugar Silencioso, o roteiro do Eric Heisserer (do excelente A Chegada) se divide nas duas subtramas que se alternam e ai encontramos um problema. Por a gente está acompanhando a Malorie nesse presente/passado onde está no começo do surto e depois a gente acompanha a mesma personagem cinco anos depois, então a gente sabe que ela vai chegar naquele momento e tudo que ocorre antes perde um certo peso e uma certa tensão e suspense por isso. Mas se esse passado tivesse um desenvolvimento da personagem a partir dos relacionamentos que ela cria com os outros personagens dentro do filme ele seria mais ok, mas ele não faz isso sendo eles somente vários esteriótipos de tantos outros já vistos em milhares de filmes com essa temática. Um exemplo bom é Madrugada dos Mortos, que usa essa mesma abordagem mas se utiliza de forma melhor, já que em Bird Box não existe empatia por eles e isso é um problema em qualquer roteiro de suspense/terror.
De fato a parte mais interessante do filme é a linha narrativa mais avançada, onde já acompanhamos a personagem vivendo por cinco anos essa realidade, onde percebemos ela mais seca, mais fechada até para as crianças, sendo seu intuito apenas treinar elas para as situações dessa realidade. Nesse ponto aqui tem foco pra desenvolver essa relação quebrada de uma mãe que não quer ser mãe e duas crianças que estão vivendo no mundo onde elas não tiveram uma infância que é de longe a melhor coisa do filme. Ainda que essa parte tem alguns momentos bem tenso e que dão apreensão infelizmente o foco do filme é explorar a linha do passado e não essa que teria uma pegada parecida com The Last of Us e que talvez seria muito mais emocionante e prenderia mais a atenção.
O universo que bebe um pouco de H.P Lovecraft no caso do Cthulhu, já que é um ser que não dá pra descrever mas quem o ver enlouquece, que é mais ou menos que acontece em Bird Box, as pessoas veem e logo enlouquece ao ponto de tirar a própria vida e ainda tem o fato de existe um grupo que venera e por certos motivos( não irei contar aqui) ao verem, não são afetadas. É muito coisa boa que a premissa não explora com perfeição.
Enfim Bird Box é só mais um filme com temática pós apocalíptica. Não necessariamente ele é ruim, já que há boas atuações por parte da Sandra Bullock e o Trevante Rhodes ,mas ao que parece é estamos vendo dois filmes em um, sendo o primeiro um filme clichê de apocalipse e o outro um drama com bons momentos mas que não é o foco principal.