Nosso eterno Mr. Bean está de volta! Lançado em 2003 Johnny English era assim como Austin Powers uma versão parodiada do agente 007, mas que carregava as caretices de Rowan Atkinson para se vender. Oito anos depois veio o inesperado O Retorno de Johnny English,trazendo a mesma formula, pois digo que passaram sete anos desde de então e olha quem está de volta trazendo a velha formula? Sim, Johnny English 3.0 chegou pra mostrar como a franquia parece ser a resistência no cinema.
Desta vez, o agente Johnny English é convocado para investigar uma onda de ataques cibernéticos que revelou os nomes de vários espiões do MI7. Assim, o sujeito é enviado para a França, onde conhece a misteriosa Ophelia (Olga Kurylenko) e coloca o bilionário Jason Volta no centro de seu caso.
Não existe muito que distinga o novo exemplar dos demais, a não ser o fato de que nesta terceira vez, a fórmula parece ter perdido o gás – se é que alguma vez já o teve. O humor de Atkinson combina com o longa, e pode ser dito que o filme é moldado em cima disso. Ou seja, se você já passou dos trinta, é capaz de se divertir com as tiradas “Beanescas” do protagonista. Mas esteja avisado, Johnny English 3.0 é ingênuo e inocente, soando como aquele tipo de produção deslocada de seu tempo, funcionando numa bolha saída direto da década de 1990.
Concentrando-se basicamente no tipo de humor que moldou a carreira de Atkinson, “Johnny English 3.0” conta com gags inofensivas que podem até não ser das mais originais, mas ao menos funcionam graças à performance do ator por trás do personagem-título: quando Johnny se disfarça como garçom de um restaurante francês, torna-se difícil não rir quando ele desastradamente rouba um celular e este começa a quicar em suas mãos. Da mesma forma, o filme é bem-sucedido ao brincar com os apetrechos high tech que costumam ser usados por estes espiões; a cena onde o magnetismo das botas do protagonista atraem vários itens metálicos para uma parede, por exemplo, é engraçadinha. E o que dizer da longa sequência em que English, jogando um game no estilo daqueles VRs que exigem óculos especiais, sai pela cidade batendo em padeiros com bisnagas e confundindo velhinhas cadeirantes com “chefões” de fases?
O grande problema é que chega um momento que o filme esquece de avançar e se torna um conjunto de esquetes centrados no protagonista, e isto é um problema, pois o filme passa a enxergar a performance de seu ator principal como algo mais importante do que a estruturação de uma narrativa coesa. Em compensação, isto não anula o bom humor do longa, que (mais uma vez) elabora situações absurdas a ponto de se tornarem divertidas – Ver Johnny dançando sob efeito de drogas pode até não ser a imagem mais criativa do mundo, mas ela passa a funcionar simplesmente por que… bem, é Rowan Atkinson quem está dançando. Isso é engraçado por si só.
Apesar desses tropeços, “Johnny English 3.0” ainda assim funciona como uma comédia engraçadinha e eficaz a moda anos 90, para quem está em busca de uma hora e meia de risadas despretensiosas. Sim, é verdade que a franquia não tem muito para onde ir (se é que já teve), mas isto não muda o fato de que o humor físico executado de Atkinson segue divertido o suficiente pra entretê-lo por uma tarde.