Outubro. O mês das abóboras macabras, sustos, doces ou travessuras, fantasias sinistras e, é claro, bruxas. As bruxas habitam nosso imaginário, fascinando gerações, trazendo à tona a crença num misticismo sutil que permeia nossa simplória realidade. E é nesse clima deliciosamente sombrio de Halloween que a Netflix lançará, no próximo dia 27, a série “O Mundo Sombrio de Sabrina“, um remake de “Sabrina, Aprendiz de Feiticeira“, uma produção de 1996 protagonizada por Melissa Joan Hart, um dos grandes sucessos da década de 90 que marcou gerações que acompanharam a bruxinha boa e seu fiel escudeiro felino, Salem, enfrentando as forças do mal. A primeira temporada possui 10 episódios e assistimos os dois primeiros. Assim, esse texto apresenta apenas as primeiras impressões com base nas duas primeiras horas da série.
Somos apresentados a Sabrina Spellman (interpretada por Kienan Shipka) uma mestiça meio bruxa, nas vésperas de seu aniversário de 16 anos, confrontando-se com a difícil escolha de entregar-se a sua natureza mágica e renegar o mundo humano ou permanecer entre os que ama. Sabrina vive com suas duas tias, Zelda (Miranda Otto) e Hilda (Lucy Davis) e com seu primo Ambrose (Chance Perdomo), formando um núcleo familiar bastante dividido, tendo na imagem de Hilda uma presença mais acolhedora e amável, e na tia Zelda uma postura mais incisiva. A decisão de Sabrina sofre essas pressões externas, por parte das tias, primo e amigos, e é nesse ritmo de tomada de decisão que se estendem os dois primeiros capítulos da série. A série mantém um enredo de aspecto mais juvenil, com piadas leves quebrando a atmosfera de terror que predomina no seriado.
Vemos um pouco dos poderes de Sabrina e temos vislumbres do seu passado, com algumas dicas do que está por vir. A vida da protagonista divide-se entre o ambiente escolar e a feitiçaria. A parte dos conflitos escolares mostrou-se um enredo pouco desenvolvido e desconexo, como algo totalmente à parte do restante da história, desinteressante e desnecessário. A impressão que passa é que os núcleos não se conectam em ponto algum, como se fossem realmente histórias separadas. Visualmente a série nos apresenta cenas interessantes, mas que ainda não parecem muito bem encaixadas, em um enredo mais coeso.
Apesar desses aspectos negativos, é um seriado leve e despretensioso que pode ser um bom programa pra uma tarde chuvosa em pleno mês do Halloween. Afinal, são apenas as primeiras impressões, onde a apresentação dos personagens demandou um longo tempo de tela em detrimento do desenvolvimento da narrativa. Em termos de atuação a Kienan Shipka nos entrega uma interpretação morna, porém que se harmoniza com o contexto geral da série. Porém é perceptível uma motivação forte e interessante na história, de rebelião da personagem contra sua própria natureza maligna, discutindo o poder da nossa alteridade ante opiniões alheias, sobre a importância de se manter fiel a seus princípios e acreditar no bem.
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A série se assemelha ao que vemos nas HQ’s Chilling Adventures of Sabrina, mostrando uma forte influência dos quadrinhos principalmente na estética, com predominância de cores como o preto e vermelho, e um cenário nebuloso, escuro. Também mantém-se com o frescor dos anos 90, mostrando os cinemas de letreiros garrafais e o colorido dos carros antigos preenchendo as ruas.
A temática da bruxaria é uma fonte inesgotável de boas histórias e que oscilam desde um contexto mais sombrio até algo mais leve. Nunca nos cansaremos de ver objetos flutuando com o poder da mente e velas acendendo num estalar de dedos, pois simplesmente amamos as histórias de terror que aquecem nossos corações no mês de outubro.