Sierra Burgess é uma loser | Netflix acerta mais uma vez em uma comédia romântica

Priscila Dórea
5 Min de Leitura

A Netflix pode ter cancelado as séries preferidas de muita gente nos últimos tempos, mas anda compensando isso com comédias românticas adolescentes que enchem nossos coração de amor, como Sierra Burgess é uma loser. Sierra é uma adolescente inteligente, mas que não se encaixa exatamente nos padrões de beleza impostos no ensino médio. Quando uma troca de identidade resulta em um romance inesperado em sua vida, ela se vê precisando se juntar a garota mais popular da escola para poder ficar com o menino que gosta.

Essa sinopse entra naquela hall de sinopses que, de forma alguma, faz jus ao filme que tenta explicar. Posso dizer isso até mesmo do título, porque Sierra se tornou uma das minhas personagens preferidas dos últimos anos e não tem nada de perdedora.

“Você é uma fera magnifica.”

Tanto o roteiro do filme, quanto a construção dos personagens são um ponto forte da história. Sierra pode ser a típica personagem “acima do peso que não se ‘empenha’ em melhorar a aparência e sofre bullying na escola”, mas ao contrário de muitos outros filmes (e pessoas na vida real), ela sabe que não há nenhum problema com ela por ser ela mesma.

Esse estilo de personagem não é exatamente uma novidade, porém sua personalidade não é forçada, enjoativa ou mesmo longe demais da realidade, como algumas produções criam para tentar descrever adolescentes que não dão a mínima, superaram ou estão superando as pressões infernais do ensino médio.

Shannon Purser (Stranger Things, 2016) nos dá uma Sierra tão genuína, que não é difícil acreditar em toda a situação que se desenrola na trama. É essa personalidade dela que faz render muitas cenas sensacionais durante o longa. Isso, no entanto, não quer dizer que é fácil para Sierra aguentar toda essa pressão 100% do tempo.

É brilhante a forma como o filme mostra que mesmo as pessoas mais fortes podem ter seus momentos de fraqueza, chegar ao limite e então dar a volta por cima. O que também consegue descrever, de certa forma, a “vilã” da história, Verônica.

A redenção de Verônica depois de todo o bullying que cometeu contra Sierra também acontece de forma natural. A história gira em torno dos dramas corriqueiros do ensino médio e em como algumas imagens que os adolescentes criam são uma máscara para cobrir a realidade, enquanto outros vestem a própria pele.

 

 

 

 

 

A amizade criada entre as duas é bem divertida de assistir, já que nasceu de uma troca de favores e resulta em uma cumplicidade adolescente muito doce de acompanhar o desenvolvimento. Assim como a longa amizade dela com Dan (RJ Tyler), que é aquele amigo que pode até ser a voz da consciência de Sierra, mas também apoia (quase) todos os planos mirabolantes dela.

Noah Centineo (Para todos garotos que já amei, 2018), o mais novo queridinho dos filmes teen, está no papel de Jamey, o interesse romântico de Sierra. Aqui temos outro ator que é bem natural diante das telas, sempre parecendo estar interpretando nada além dele mesmo, em um universo diferente a cada filme que faz. Jamey é outra preciosidade do longa, já que com ele observamos as inseguranças e frustrações que os garotos têm na adolescência, não apenas as garotas.

Toda a história se desenrola de forma bem crível, apesar de alguns planos loucos pelo meio, porém o final da história deixa um pouco a desejar. Parece ter sido rápido demais, o que cria uma total discrepância com todo o resto do filme. Não é um filme lento, mas ele segue em um ritmo agradável o bastante para você ir se encantando a cada cena.

Sierra Burgess é uma loser é um filme que facilmente fica na memória durante um tempo, já perdi a conta de quantas vezes ouvi e perguntei: “Você já assistiu Sierra?”, desde a estreia do filme. É um filme adolescente que chega bem perto da realidade e esse pode ser um dos principais motivos de sua popularidade. E se o filme não te conquistar por completo, a trilha te conquista de qualquer jeito, principalmente com essa música em especial:

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Jornalista e potterhead para toda eternidade, tem um amor nada secreto por mangás e picos de felicidade com livros em terceira pessoa. Além de colaboradora no Cinesia Geek, é repórter do Grupo A Tarde e coapresentadora do programa REC A Tarde.
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