A Freira | Apesar do roteiro raso, spin off acerta no clima e ambientação pra assustar o publico

Emile Campos
5 Min de Leitura

Em 2013, Invocação do Mal estreava nos cinemas e se transformava em um fenômeno de critica e bilheteria. Com uma direção precisa de James Wan (que começava a mostrar seu potencial conhecimento no gênero) um elenco bem inspirado e um ótimo uso dos clichês do terror, o longa não demoraria a ganhar uma continuação e por sua vez um universo compartilhado com os spin off da boneca Annabelle, também surgida no filme.

Agora chega aos cinemas mais um filme do universo baseado em um personagem saído da série original: o demônio Valak, que surgiu na forma de uma freira macabra para o casal Warren no segundo longa. Buscando revisitar suas origens A Freira vêm pra agradar os fãs da franquia e amantes do gênero, com a promessa de uma historia macabra.

A trama volta 20 anos na cronologia da franquia, durante a década de 50, e mostra o entregador Frenchie (Jonas Bloquet) se deparando com uma freira enforcada em um velho convento. Ele informa à igreja, que envia o padre Burke (Demián Bichir) e a noviça Irene (Taissa Farmiga) em uma missão para avaliar se o local ainda é sagrado. Não demora muito para o trio perceber que é justamente o contrário.

O diretor Corin Hardy mostra que é um bom conhecedor do gênero e utiliza bem os truques pra assustar o publico. Ele adora brincar com o truque do reflexo,onde sempre algo aparece atras do personagem sem que ele perceba, traz também o artificio de enquadrar no ator e mover a câmera lateralmente (em alguns casos até chega a ser circular) e quando volta tem algo atrás dela, algo que soa clichê, mas que bem utilizado funciona muito bem. Ele também adora brincar com a ideia do desconhecido,com pessoas passando como vultos, rostos cobertos ou desfocados pra no momento que se aproximam revela algo tenso pra assustar a plateia. A ambientação colabora para o bom uso desses artifícios. O castelo como cenário traz um clima bem soturno e ajuda bastante a imersão do medo ao desconhecido e profano.

Claro que nem tudo funciona perfeitamente, os famigerados jumpscare em sua maioria são muito telegrafados e falta uma boa historia pra realmente abraçar em sua totalidade o filme. O roteiro é mais uma série de repetidas investidas de Valak pra assustar o publico, não existe um condutor pra trama, ela simplesmente existe pra justificar o personagem titulo no universo da franquia, sendo essa colocação até que muito bem feito por sinal, mas não suficiente pra sustentar a trama.

Os personagens são razoáveis pra o que temos no terror atualmente. O Demián Bichir até tem um arco estabelecido ao revelar que ele já investigou vários casos pra igreja, mas seu trauma só usado pra criar sustos baratos pro publico. A Taissa Farmiga (irmã mais nova da Vera Farmiga, da franquia original)tem uma inocência e uma fragilidade que funcionam bem dentro do horror situacional, o que reforça seu despreparo diante de toda a situação, e ajuda a freira macabra a ser mais ameaçadora e Jonas Bloquet talvez seja o que vende melhor a sintonia de medo diante daquilo é vivenciado por os personagens, mas o filme tenta erroneamente encaixar o ator como um alivio involuntariamente cômico na trama.

O final embora  faça muito uso do CGi, tem um pouco de originalidade e até um clima bem assustador, lembrando os games da série Silent Hill, o uso do som também colabora pra isso.

A Freira não oferece nada novo ao gênero, e tem uma história rasa. Mas é bem produzido, atmosférico, e tem uma freira do capeta, o que já bom pra gerar sustos.

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