Crô em Família | O retorno de Crô aos cinemas é um teste de paciência, bagunçado e nada lacrador.

Danilo de Oliveira
4 Min de Leitura

Crô, o mordomo mais querido do Brasil está de volta as telonas! O personagem que fez bastante sucesso em 2011 na novela global Fina Estampa, e em 2013 estrelou seu primeiro longa metragem. Com o sucesso de publico(não de crítica,claro!)a sequencia era uma questão de tempo, e eis que 2018 aqui estamos com Crô em Família.

No filme, Crô (Marcelo Serrado) é o proprietário de sua escola de finesse e etiqueta, porém, ainda encontra-se solitário e carente em sua mansão por não ter amigos, e ainda sofre com a separação de seu grande amor, Zaralho. Até que, surpreendentemente, Orlando (Tonico Pereira), Marinalva (Arlete Salles), Nando (João Baldasserini) e Luane (Karina Marthin) chegam em sua casa dando a notícia de que são seus parentes biológicos.

Ao perceberem que há algo de errado nesta suposta família de Crô, sua governanta Almerinda (Rosi Campos) e amiga Geni (Jefferson Schroeder) resolvem alertá-lo para que não tentem o famoso “golpe do baú”. E é em meio a este acontecimento que o filme passa a desenvolver-se (ou pelo menos tentar).

Embora com suas tiradas bem divertidas como elemento coadjuvante em uma novela com vários personagens, é certo afirmar que o Crô não é um personagem complexo ou desenvolvido o bastante para render duas histórias. E isso fica claro,primeiro, porque o roteiro de Leandro Soares (“Vai Que Cola – O Filme”) a partir do original de Aguinaldo Silva (“Crô – O Filme”) não há, qualquer cuidado em traçar uma continuidade, tanto em relação ao longa anterior quanto à própria narrativa. Adotada por Crô na produção de 2013, a menina boliviana Paloma (Urzula Canaviri) simplesmente desaparece, dando lugar à peluda filhinha.Segundo, Soares e Silva também se esquecem da idolatria do protagonista pela mãe (Ivete Sangalo), sequer mencionada, o que já entra em contradição com a trama desse sequencia.

Pra melhorar, a montagem é de uma coisa amadora a ponto de não dar continuidades temporal e espacial. Cada cena parece, assim, um novo improviso, encaixado de qualquer forma em meio aos demais.

E não podia faltar claro em uma comédia global, as participações especiais pra atingir publicos especificos, afinal de contas, se a historia não atrai, aos menos famosos chamam gente pro cinema né! Além das cantoras Pabllo Vittar e Preta Gil, a atriz Fabiana Karla (“O Palhaço”), o ator Luís Miranda (“Jean Charles”), o comediante Gigante Leo (“Altas Expectativas”), a cantora Jojo Todynho, o influenciador digital Gominho e os promoters David Brazil e Carol Sampaio têm seu tempo de tela. Como se não bastasse, as aparições de Ferdinando (Marcus Majella), de “Vai Que Cola”, e Seu Peru (Marcos Caruso), da “Escolinha do Professor Raimundo”, transformam o longa em um grande encontro do universo compartilhado da Globo(se cuida Marvel Studios).

Quem talvez represente o único ponto positivo do filme é Jefferson Schroeder, que recentemente ganhou fama com um vídeo de bastidores no canal Porta dos Fundos, no qual demonstrou grande flexibilidade vocal e um timing cômico excepcional.Aqui, Schroeder claramente se esforça para conferir carisma a Geni, mas ainda sim,apesar de entregar bem suas frases de efeito e não pesar demais a mão na interpretação, Schroeder também não escapa da falta de criatividade do filme, sendo obrigado a repetir em tela o mesmo truque da dublagem dos Vídeos Mais Incríveis do Mundo que o deixou famoso.

Com uma trama terrivelmente óbvia e repleta de estereótipos que chega a ser uma afronta a toda a comunidade LGBT,o retorno de Crô aos cinemas é um teste de paciência, bagunçado e nada lacrador.

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