Em tempos de eleições para presidente, o Brasil ferve com debates políticos, polarizações ideológicas, memes inúmeros (viva Ursal!) e escândalos que abarrotam as manchetes de jornais. Não é novidade que a política tornou-se um prato cheio para a comédia e é aproveitando-se deste manancial tragicômico que se desenvolve a mais nova comédia nacional O Candidato Honesto 2. O filme, dirigido por Roberto Santucci, é protagonizado por Leandro Hassum e chega aos cinemas no dia 30 de agosto.
A história mostra o retorno de João Ernesto (Leandro Hassum) à carreira política depois de sair da cadeia. Após formar uma aliança com o sinistro Ivan Pires (Cássio Pandolfh), ele se torna presidente da república e enfrenta as dificuldades de governar dentro de um sistema arcaico pautado em corrupção. O filme é uma grande sátira a todos os personagens da política brasileira, trazendo críticas mordazes e pertinentes à diversos acontecimentos que mancharam a (já tão suja) trajetória de governo no país, realizando isso com muito humor e leveza.
O filme é divertido, com um ótimo tempo de piadas e bons personagens. É possível identificar diversos políticos em caricaturas cômicas, tais como Dilma, Bolsonaro, Temer, Marina Silva, dentre outros. É nesse ponto que o filme acerta, apostando em piadas já consolidadas por memes em redes sociais e explorando fatos que explodiram em debates acalorados, como a Lava-Jato, Impeachment, os áudios vazados e vários outros acontecimentos marcantes, sendo assim um excelente resumo satírico dos últimos anos de nossa história. Apesar de ser uma comédia, apresenta um contexto desalentador do cenário político brasileiro, criticando a falta de representatividade das minorias no congresso, a estrutura engessada de poder e a impossibilidade de reforma política frente um pequeno grupo que governa segundo seus próprios interesses e que não permitiria qualquer tentativa de mudança.
A maior parte do tempo, as piadas são ótimas e acertam em cheio ao alvejar impiedosamente com aquilo que une os brasileiros: o ódio aos políticos que nos representam. Porém, em alguns momentos, as piadas ultrapassam os limites do humor e caem no constrangimento do preconceito, sendo esse um dos principais pontos negativos do filme. Mas isso acontece em raros momentos, não comprometendo a qualidade geral do longa.
Uma boa comédia para assistir em família, que agrada ao tratar de um tema tão atual e trazer uma reflexão sobre a nossa realidade. Cômico e inquietante, uma sátira moderna bem desenvolvida e satisfatoriamente ácida.